O driller baiano DNGUNI e sua manufatura de armas em IMBEL

DNGUNI segue numa produção intensa, o driller soltou um audiovisual do single IMBEL, música do recente Banditismo (2021).

DNGUNIÉ preciso que eu confesse que apesar de não desconhecer a necessidade de uma pluralidade de expressões, a poética violenta é a que mais me atrai. Sabemos que a violência pode ser expressa positivamente de muitas formas, até mesmo na recusa do enfrentamento, mesmo com uma letra de amor, daquelas que nos dilaceram pela beleza que contém. No entanto, em se tratando de rap, e em se tratando do momento em que vivemos, algo em mim, me leva a admirar mais e melhor as líricas agressivas tais como a que DNGUNI tem apresentado ao longo dos últimos anos. 

A diáspora não é doce e nem amorosa, apesar de mesmo nesse regime de constante genocidio, a cada dia mais se fazer necessário que aprendamos a nos amar mais, a nos perdoar e nos compreendermos mais e mais. O trabalho artístico de DNGUNI vem sendo construído como a implementação de uma guerrilha no campo da arte, cada vez mais escurecida, mais beligerante, porém guardando sempre o amor pelos nosso na retaguarda; Em IMBEL, o artista do Engenho Velho de Brotas, Salvador Bahia, dá prosseguimento aos trabalhos de seu último disco. Sua postura tem sido a do banditismo, batendo e se movendo, estilo que no boxe foi muito bem plasmado pelo gênio Muhammad Ali. . 

Há pouco resenhamos Banditismo (2021) e desse trampo que DNGUNI retirou a faixa IMBEL para transformá-la em audiovisual, algo que tem sido um dos pontos fortes do seu trabalho. E é aqui que a estética violenta e a representação critica da realidade que nos seduz de modo irresistível, junto a veracidade das narrativas e a invenção das rimas, DNGUNI aparece sempre assumindo a estética do Drill com tempero baiano. 

 

Aquela pimenta que coloca os turistas para passar mal, o sagrado do Dendê são analogias potentes para entendermos a forma como esse artista vem se destacando e resistindo em um cenário onde as mentiras não cessam. No beat do Nael, o artista destila a importância de concretar a violência de suas indignações na música, produzindo sua própria manufatura de armas. IMBEL, o título remete-nos a Indústria de material bélico do Brasil, que sabemos muito bem contra quem se volta. 

A forma de composição de DNGUNI sempre se referencia em aspectos que fogem à percepção de muitos, pois foge do senso comum ao qual boa parte do público se rende e reverencia. A ideia de que nas nossas favelas estamos encurralados entre um auto ódio que nos leva a nos matarmos, mas que também daí podemos retirar e inverter o jogo, direcionando essa violência aos nossos verdadeiros inimigos. É a isso que IMBEL se refere  O audiovisual é do grande Ramires AX, que é o responsavel pela imensa maioria do trabalhos  do artista, neste formato!

-O driller baiano DNGUNI e sua manufatura de armas em IMBEL

Por Danilo Cruz

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