Nic Dias, Uma “Baby Princess” grandona e sem medo no Trap. Pronta para guilhotinar a burguesia, o machismo e o racismo!
Sempre que caminhamos pro norte nos surpreendemos e percebemos o quanto perdemos em não consumir o que tem sido produzido por lá. Nossa sucursal em Belém do Pará, responde pelo nome de Karinny de Magalhães e essa rainha do norte, tem nos informado constantemente do que tem acontecido por lá. Os lançamentos, o que tem sido preparado e sobretudo da necessidade de nos aproximarmos mais do que por lá se faz.
Nesse contexto, estamos aos poucos conhecendo mais artistas que dificilmente chegariam em nossas timelines, que muito dificilmente são veiculados pela mídia do eixo, mas que dão um banho de originalidade e força estética naquilo que criam. Entre o povo do norte, especificamente dentro da cultura hip hop um nome que tem nos chamado atenção é a baby princess Nic Dias. Essa mana vem aos poucos produzindo excelentes audiovisuais e seu último lançamento nos despertou a curiosidade para o que ela já tinha feito que não tínhamos sacado!
Vemos muitos artistas no Trap atual repetindo falas e gírias, reproduzindo uma gosma entre a escrotidão e o clichê, entre o mero vomitar um vocabulário cansado e ilusório, acreditando que estão inserindo-se dentro da cultura como criadores. Em arte, o rearranjar vocabulários, utilizar suas próprias referências e vivências, além do domínio técnico do estilo são condições básicas para que alguém ser considerado artista. Nic Dias soltou dois vídeos clipes onde você que curte um trap pesado, perceberá uma mulher pronta pro arregaço, M.aço.
Ela não fala pussy, ela fala Xota porque é assim que pessoas reais, mulheres reais se comunicam, não que alguém não possa se referir a sua própria vagina da forma como bem entender. Mas o fato, é que quem anda falando Bih, Ice, Lean, Pussy, Sauce com muita ênfase é quase certeza que é cosplay de trapper. São raras as exceções. Eu não sei em outros estados, mas desconfio que nas quebradas não é assim que se fala, talvez em Atlanta seja assim, mas na rua, aqui no Brasil né não!
Em suas músicas, notadamente nos últimos dois traps lançados “Guilhotina” e “Baby Princess”, podemos perceber o quanto a Nic Dias transpõe suas vivências reais para suas linhas. Pesadona, ela aborda questões políticas de extrema importância para a cultura atual sem perder o swag! Ela não gela, ao enfrentar questões como a palmitagem de rappers pretos que plantam pretas rainhas, mas se relacionam com mulheres brancas. Não perde o tempero, quando solta linhas contra o atual presidente e fascista mor: Bolsonaro.
Nic Dias é daquelas artistas que tem muito a oferecer para quem acha que o trap é esse pastiche de mal gosto que muitos fazem e que o público infantil adora amar. Esse paraíso de buxixo e machiscroto, descubra essa mana! Assista os clipes que selecionamos aqui…
-Nic Dias, mulher preta do boombap ao trap!
Por Danilo Cruz
