Nic Dias feat Mc Super Shock chegam cheios de BRIO!

Nic Dias lança o videoclipe de Brio, num feat com Mc Super Shock. Conexão Pará/Amapá, com o peso da cena dos reais bruxos e bruxas do norte!

Mais uma vez a bruxa (do norte) tá solta! O Oganpazan chegou mais uma vez no norte do país pra mostrar que a Amazônia tá vivona distribuindo o oxigênio para o Rap Nacional. É que entre tantas notícias pessimistas (mas realistas) sobre a situação do “pulmão da terra”, a gente vem aqui em primeira mão mostrar que norte ainda respira. 

Dessa vez, o lançamento vem da conexão entre dois estados que são quase primos; Amapá e Pará, representados pelo MC Super Shock (AP) e a MC NIC DIAS (PA). Mas o destaque mesmo dessa produção é a COLAB do norte mais pesada que você vai ouvir nos últimos dias.

Além de minado de linhas furiosas, a track tá muito bem cuidada com dois monstros do RAP PA/AP: O beat é do Navi Beats (PA), o produtor que é o terror dos MCs de direita; cria de Lula (Livre), faz questão de afirmar as origens desse legado no hip hop paraense. Com essa referência e em tempo da discussão Bolsonazi VS Amazônia, a gente não podia esperar menos de um som desses.

A responsa da master e da mix, é crédito do grande Nois Pur Nois Rec (AP). Maluco brabo que já é reconhecido mundialmente no meu Planeta Norte™ (também em outros planetas) pelas incríveis produções de muitos artistas de todas as gerações que você imagina. Se o Navi já é pesado como filho de lula, vocês vão pirar em saber que NPN tá nessa no pique zapatistⒶ. Glória à tupã pela pós-produção deste homem. 

E como a gente fala da obra por completo, não foi à toa que Ocorre eternizou essa conexão entre nortistas e nordestinos. Como sempre arrebentaram em mais um videoclipe. Os meninos já estão na fita a pelo menos uns 2 anos e já colecionam produções completamente relevantes pro cenário contra-cultural do Amapá. Se o underground do estado tomou boas proporções dentro e fora do estado, com certeza Ocorre tem uma contribuição imprescindível nessa construção. 

Brio de  Super Shock feat. Nic Dias foi uma das melhores notícias que a gente poderia ter tido pra começar a semana apagando o fogo de tantas notícias terríveis 

Para não deixar de apresentar os estreantes do clipe, vou deixar que os mesmos falem por si. O Oganpazan fez uma entrevista sobre a importância desse trabalho com a Nic Dias e o Super Shock. Confira:

Oganpazan – PRA NIC

Em tempos como esse, o que é ter “Brio” vivendo numa das regiões mais afetadas pela anti-política de Bolsonaro?

NIC MC:

“É ter que estar resistindo 24h por dia, 7 dias por semana. Em todos os sentido a gente tem que se guardar; física e psicologicamente – o que eu acredito ser uma das coisas mais difíceis, pq não ter grana nao ter suporte não ter recurso adoece a gente nos dois sentidos. A gente tentar resgatar o amor próprio é estar levantando essa bandeira de luta e afrontamento. Mesmo que a gente não esteja nas “trincheiras”, de alguma forma a gente tá. Da forma que a gente pode.”

Oganpazan 

Como foi a organização desse COLAB entre tantos artistas fodas do Pará e do Amapá? O que isso representa hoje para a projeção do norte à fora?

MC Super Shock:

“Engraçado que antes de acontecer esse trampo junto, eu já acompanha a Nic e via o corre que ela fazia pra virar saca?! E é isso que me anima, sem romantizar pq é foda pra carai, eu sei bem como são as dificuldades e mesmo assim ela tava lá com o pé no chão, sou muito de intuição, gosto de fazer trampo junto com quem admiro e de alguma forma me identifico, e convenhamos, Nic é uma Deusa, é uma mina inteligente e articulada, minha referência e queria bastante fazer um feat com alguém que eu me identificasse é nada melhor que a mais braba do Norte, isso acaba abrindo caminhos, o norte tem muito potencial e as vezes é apagado (as vezes sempre) e minha prioridade é potencializar o norte e nordeste que é de onde vim, as raízes são importantes.”

Oganpazan

Você saiu do seu estado para fazer a gravação dessa produção. A circulação de artistas, principalmente os independentes, é muito escasso na região. Muito por conta das condições de deslocação, os estados acabam isolando uma cena da outra. Quais são as grandes sacadas de uma artista, mulher, preta, periférica e nortista quando consegue fazer um circuito de troca como esse em “Brio”

NIC MC:

“Pra mim foi incrível ter essa troca com o shock ele é um cara que eu admirava há muito tempo, então é uma realização como artista e como pessoa. Ter passado quase 1 mês em macapá nesta produção, pra mim é uma conquista, não só pra mim, mas pra história do hip hop nortista, pq a gente tem que estar fazendo essas conexões, tem que se articular como rede, porque só assim a gente vai elevar o nosso trampo, de valorização do nosso trabalho. Como uma mulher preta, periférica e nortista foi e tá sendo uma vitória.”

Oganpazan 

Você é nitidamente cria do Hip Hop do Amapá, mas oriundo do Nordeste. Essa migração é cultural entre essas duas regiões. O que você tem à dizer sobre o papel dessa mistura de dois gigantes? (Entre norte e nordeste)

MC Super Shock

“A Real é que o norte/ nordeste tá espalhado em cada canto do Brasil, creio que minha mãe foi mais um clichê que saiu do interior do Ceará pra tentar uma vida melhor, e graças ao grande deu certo, comecei minha carreira aqui no Amapá mas ainda sim deixo nítido minhas origens pra saber o caminho tenho que saber o começo, vejo o quão é diferente e ainda sim igual as culturas norte/ nordeste e o quanto que temos que preservar nossas particularidades regionais, somos o eixo de tudo”

Oganpazan

A Amazônia hoje está com muita visibilidade por conta das pautas climáticas, o que é muito importante. Mas a valorização da região é esquecida nos outros dias, inclusive [ou principalmente] de pessoas ativas na causa, como é o caso de artistas independentes, em especial pretos e pretas de periferia que cantam rap. O que vocês tem a acrescentar com esse trabalho para mostrar que a valorização da Amazônia passa por ouvir as pessoas da Amazônia?

MC Super Shock

“É ainda uma complexibilidade, pq a real é que a própria galera do Norte não tem total conhecimento da Amazônia e suas mazelas, digo isso mais na parte da “metrópole” e a falta do incentivo que o governo acaba dando, infelizmente foi preciso toda essa repercussão pra gente abrir os olhos e saber o que tá em jogo saca ?! O que tá em nossa mão, e nós artista temos o dever de alguma forma leva essa informação e alertar do perigo que estamos correndo principalmente esse novo governo tal conservador, que trata indígenas como niguem e preto ainda como escravo, mas seguiremos resistindo e a meta é sempre está presente em nossas letras nossa valorização da Amazônia, povos e quem realmente e cuida dessa terra”

NIC MC:

“Um dos principais fatores que impede a valorização do trabalho de artistas independentes do norte, é estritamente o racismo estrutural pq invisibiliza a gente de tal forma… Por mais que a gente more na amazônia e cante amazônia, ninguém vai falar da gente. Não tem como falar de questões climáticas sem falar de questões sociais pq ambas estão conectadas. Não adianta tentar salvar a floresta se a gente tá pouco se fudendo para as pessoas que estão morrendo, vítimas de violência estrutural. Se a gente quer mesmo valorizar amazônia a gente tem que ouvir as pessoas que morar aqui acima de qualquer coisa.”

A junção desses dois pretos afroamazônidas, foi sem dúvida uma das melhores boas novas que o rap nortista teve. Em meio a tantos ataques à nossa casa e à nossa sobrevivência, “Brio” veio pra queimar racista e xenofóbico. Pra machista, deixa que a Nic passa na faca.

-Nic Dias feat Mc Super Shock chegam cheios de BRIO!

Por Karinny de Magalhães 

 

 

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