O rock independente brasileiro continua inovando e nos trazendo grandes surpresas. Desta vez são uns caras de São Paulo que fazem um som bastante original – uma mistura étnica e experimental de excelente nível técnico. Em seu álbum de estreia os Bombay Groovy conseguem agradar desde a primeira audição, apresentando um instrumental caprichado e cheio de psicodelia. As músicas não possuem letras, o que obviamente não faz falta nenhuma.
Aqui em Salvador possuímos uma expressão que foi gerada no seio do pagode baiano: Groovaaaaa. Essa expressão serve-nos também fora do ambiente musical, para elogiar alguém que mandou bem em determinado aspecto. No meio da música ela já tomou conta de outros estilos, afinal o groove não é propriedade de ninguém e não possui território definido. Em seu trabalho de estreia o Bombay Groovy nos explica faixa a faixa o porquê de Groovy ser o seu sobrenome.
A peculiaridade sonora da banda pode ser notada a primeira vista: ausência de guitarras. E novamente a ausência neste caso não faz falta. Os riffs são substituídos pela tecladeira, ficando a cítara com o papel de costurar as melodias com seus solos intermitentes, enquanto a cozinha segura genialmente os grooves num balanço irresistível. Basta ouvir a extremamente swingada Tala Motown ou o sambinha safado/lisérgico Jakarta Samba para entender o que eu estou falando.
A banda, que lançou disco no final de 2014, é a mais nova surpresa do rock brasileiro, principalmente para os amantes dos sons sessentistas – vindo se juntar a bandas como Anjo Gabriel, Quarto Astral, Boogarins, Carne Doce, The Baggios. Todos com propostas mais ou menos calcadas nos sons da melhor era do rock, apesar dos estilos diferentes.
É isso que o grupo paulista Bombay Groovy nos prova com o clipe de Le Bateau d’Orpheu. Os integrantes tocam cítara (Rod Bourganos), baixo (Daniel Costa), teclado (Jimmy Pappon) e bateria (Leo Costa), conseguindo produzir um som nunca visto em terras brasileiras, ao misturar diversos elementos numa pulsão criativa e contagiante.
Com essa formação produzem seu som psicodélico instrumental, desautorizando os clichês. Um frescor para os ouvidos sedentos de viagens sonoras. Pois não se enganem, a cítara aqui não esta a serviço da contemplação e sim do power instrumental repleto de vigor e balanço onde o apuro técnico não evidencia apenas virtuosismo, mas trabalha para a música.
Se você quer passear por terras pouco exploradas visite Bombay Groovy abordo do seu barco de Orfeu. O álbum deles está disponível pra baixar gratuitamente no site oficial da banda.