Hermeto Pascoal: 83 anos de pura magia

Música universal: 83 anos de Hermetagem no Bourbon Street. Veja como foi a experiência de Guilherme Espir no show do bruxo Hermeto Pascoal.

Hermeto Pascoal

Assistir o Hermeto Pascoal ao vivo é uma experiência única. Uma reunião dos melhores instrumentistas do Brasil, o show do homem de gelo sempre revela um pouco mais sobre as nuances da música. 

Num plano de fundo riquíssimo e que busca na versatilidade rítmica um elo de conexão com a improvisação do Jazz, Hermeto Pascoal & Grupo fundem elementos musicais com uma liberdade quase mística, fruto da música universal, o cordão umbilical que canaliza as visões do mago. 

Mas o interessante é que tanto pra quem vai assisti-lo pela primeira vez, quanto pra quem já o fez uma porção de vezes – seja com seu grupo ou com orquestra – o que fica é esse eterno sentimento de “primeiro contato”, tamanha a liberdade e o caráter orgânico do show. Eu mesmo já vi o Hermeto em diversas oportunidades, mas o frescor e o senso de urgência seguem tão latentes em sua lírica, que noite após noite, o vigor da música conquista a todos sempre com um jeitinho diferente. 

Foi assim, uma vez mais, durante show realizado no Bourbon Street. Com Hermeto Pascoal brilhantemente acompanhado por seu grupo, o espetáculo que aconteceu durante o domingo – 23 de junho de 2019 – foi uma celebração à parte. 

Em função dos 83 anos de Hermetagem recém completados (dia 23) o aniversariante coordenou seu sexteto e uma plateia recheada de convidados especiais. Amigos de longa data, colaboradores… A felicidade do compositor era palpável, e enquanto nomes como o da cantora e compositora Alaíde Costa o aplaudiam da platéia, convidados como o multi instrumentista Arismar do Espírito Santo, além da talentosíssima Carol Panesi (violino) e os improvisos de Paulo Maia (escaleta), subiam ao palco para homenagear o gênio. 

Com uma dinâmica interessantíssima e um show muito bem roteirizado, o sexteto de Hermeto Pascoal estava brilhantemente escalado com o excelente André Marques ao piano, JP Batista no sax, Ajurinã Zwarg (bateria/percussão), Itiberê Zwarg (tuba/baixo/percussão), Fabio Pascoal (percussão), Hermetaço nos teclados e ocasional berrante, além de César Roversi, também no sax. 

Foram 90 minutos de música quase sem intervalo. A participação da Carol Panesi deu outro gás para o espetáculo. A dinâmica que ela desenvolveu com o sax do JP, principalmente em temas como “Vinicius Dorin em Búzios”, foi exuberante e quando Carol, Paulo e Arismar estavam os 3 sob o palco, o show atingiu o ápice. 

A improvisação foi tamanha, que o bruxo voltou até para um Bis. Ao piano, Hermeto Pascoal foi soberano, sempre numa espirituosa troca com a plateia. O show acabou com o público numa onda de aplausos fervorosos, enquanto o responsável por tudo aquilo se despedia com a leveza de uma criança de 83 anos de idade.

Até a próxima Hermeto. Foi, é e sempre será um prazer inenarrável.


Hermeto Pascoal: 83 anos de pura magia

Por Guilherme Espir do Macrocefalia Musical

Fotos por Welder Rodrigues

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