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CD's, Corey Harmon, John Skehan, Marc Quiñones, Mickey Raphael, Oteil Burbridge, Railroad Earth, Shawn Calvin, Tim Carbone, Todd Sheaffer, Warren Haynes

Warren Haynes featuring Railroad Earth – Ashes & Dust

Enquanto a caravana do Gov’t Mule segue lançando edições de aniversário à torto e a direito, o reverendo Warren Haynes conseguiu achar um espaço dentro de sua tumultuada agenda. Pelo visto ele arrumou umas horas de estúdio para tarefas extra curriculares, pois devido ao fim do Allman Brothers, o guitarrista estava com uma janela no horário e mesmo com a extensa tour do Gov’t Mule, o americano ainda teve tempo de finalizar mais um disco.
Só que dessa vez não é nada do Gov’t Mule. Finalmente, depois de quatro anos do excelente e Jazzísticamente sulista ”Man In Motion” (2011), Warren volta com sua carreira solo e surpreende pelo approach acústico, Blue Grass, rústico e para variar excelente que permeia ”Ashes & Dust”, seu terceiro disco de inéditas, lançado dia 24 de julho de 2015.

Line Up:
Andrew Altman (baixo)
Tim Carbone (violino)
Oteil Burbridge (baixo)
Shawn Calvin (vocal)
Andy Goessling (banjo/violão/clarinete)
Carey Harmon (bateria)
Warren Haynes (vocal/violão/guitarra)
Marc Quiñones (percussão)
Mickey Raphael (gaita)
Todd Sheaffer (violão/vocal)
John Skehan (mandolim/piano/bouzouki)

Track List:
”Is It Me Or You”
”Coal Tattoo”
”Blue Maiden’s Tale”
”Company Man”
”New Year’s Eve”
”Stranded In Self-Pity”
”Glory Road”
”Gold Dust Woman”
”Beat Down The Dust”
”Wanderlust”
”Spots Of Time”
”Hallelujah Boulevard”
”Word On The Wind”

Esse disco é a prova viva de como a música dos primórdios ainda carrega uma importância incomensurável para todos esses excessos da modernidade. Warren fez algo que nunca imaginei que faria, tinha certeza que seu próximo lançamento seria na linha do ”Man In Motion”, mas não poderia estar mais errado.
Essas composições devem ter ficado de molho, esperando justamente esse break de shows e gravações, pois os insights Folk’s, rurais e crus deste trabalho nunca foram trabalhados assim em nenhum dos diversos atos que esse cidadão já se envolveu.
Me lembrou bastante o primeiro disco solo do Dickey Betts, o excelente ”Highway Call” (1974), a única diferença é que neste CD o foco é ainda mais acústico. Conta até com uma banda especialmente chamada para selar o projeto, o Railroad Earth, quinteto reponsável por abrilhanter as trilhas de carvão com um aveludado instrumental raiz.

Temos aqui 13 faixas e 60 minutos sonoramente resultantes. O feeling é absurdo e esse talvez seja o disco mais desafiador da vida, do agora, trovador solitário. O conteúdo das letras é lindíssimo, parece que os vários detalhes dessas faixas aproximaram o criador deste universo de toda a pureza que essa vertente envolve.

Neste trabalho Warren é um sábio e presta tributo ao som que foi o estopim para tudo que ele faz hoje em dia. ”Ashes & Dust” não é só um disco excelente, é uma obra para relembrar a força da cultura americana do início dos tempos e comprovar o ecletismo de um cara que faz um bem enorme para o groove.

Groove este que mesmo nessa onda mais purista, ainda conta com Jams. Detalhes em banjo, requintes de violino e uma bateria sublime para preparar o ouvinte durante a abertura do disco, a balada ”Is It Me Or You”. Temos aqui um trabalho que vai lhe pegar pelo pé, a verdade das palavras ditas pelo compositor é sem prescedentes e com isso, a simplicidade nos faz apenas parar e ouvir a música, algo que as vezes passa batido no seu cotidiano.

Com ”Coal Tattoo” ouvimos não só uma das melhores letras de Warren, mas também notamos que até nesses moldes o cara gosta de uma jam. É impressionante como as faixas são construídas, o instrumental sem efeitos, chegando ao apogeu do requinte sempre com a mesma classe do violino de ”Blue Maiden’s Tale” e seus angelicais sete minutos.

Algo mais agitado com as rasgadas cordiais do banjo em ”Company Man”, um slide contundente em ”New Years’s Eve”… É um trabalho muito pessoal, conteplativo e com um sentimento que se apoia justamente dentro dessa pureza e raiz de tudo que foi criado.

A estética faz toda a vibe da obra. É um CD que vai fazer o ouvinte voltar ao básico, admirar letras como se o cantante fosse um trovador solitário em ”Stranded In Self Pity”, um poeta bêbado em ”Glory Road” e a voz da experiência na beleza suprema de ”Spots Of Time”, a maior música do disco.

Warren Haynes meu rapaz, se você ver um disco com o nome desse cara, compre, por que sempre vale a pena. Ele sente, explora, muda… A música em seu ouvido é uma alquimia e quando ele toca é hora de experimentar, sem medo, apenas com sentimento. Uma aula!

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