Thelonious Monk! Uma Revolução Musical na Alma

Nesta Graphic Novel acompanhamos a amizade entre Thelonious Monk a baronesa “Pannonica”, responsável por  moldar sua genialidade e transformar o jazz.

Monk
Arte de capa da edição brasileira de “Thelonious Monk! Uma Revolução Musical na Alma”.

Em “Thelonious Monk! Uma Revolução Musical na Alma” nos deparamos com uma história que revela uma relação de amizade profunda, responsável por modernizar o jazz. 

Thelonius Monk, o pianista de jazz que foi um dos pilares da transformação do jazz nos anos 40. Kathleen Annie Pannonica de Koenigswarter, a baronesa apaixonada pelo jazz, que se apaixonou pela música de Monk. A tal ponto que desafiou as tradições e protocolos da aristocrata família Rothschild.

Em sua maior parte a história se desenvolve na Nova York das décadas de 40, 50 e 60. Momento histórico do século XX no qual o jazz sofreu transformações profundas, tendo nesta cidade estadunidense o palco dos acontecimentos. Tendo na profunda ligação entre Monk e a baronesa “Nica” (modo carinhoso como era chamada por Monk e pessoas mais próximas), o fio condutor da história.

Entre Monk e “Nika” havia um abismo racial, cultural e de classe. Contudo, não grande o suficiente para impedir que o amor de ambos pela música levasse à superação destes obstáculos. A graphic novel de autoria de Youssef Doudi saiu no Brasil pela editora DarkSide Records. O traço livre e flexível de Doudi, que usa as cores o preto, o branco e um tom de sépia, inspira-se no improviso explosivo e rápido do bebop.

Monk
A baronesa “Nica” observe Monk ao piano.

O estilo do traço de Doudi conduz os leitores organicamente pela revolução musical que mudou não apenas o jazz, mas a música do século XX. Nesse sentido, podemos considerar que esta graphic novel está para além de ser uma biografia ou simples história em quadrinhos. Youssef Doudi nos leva por uma viagem pelos problemas sociais e raciais dos  Estados Unidos, através de acontecimentos marcantes da vida de Monk.

Além disso, somos apresentados à personalidade excêntrica do pianista, seus problemas de saúde, sua visão sobre a música e a arte, bem como à sua compreensão acerca da própria existência. Somos levados a conhecer a reação do público e de alguns músicos quando tiveram os primeiros contatos com a música de Monk.

As ideias musicais desenvolvidas pelo músico procuravam a todo custo alcançar o status de liberdade. O que significa romper com as regras tonais e buscar uma forma mais expressiva de compor sua música.

A baronesa “Nica”, outra personagem central nesta história, abandonou sua vida aristocrata para viver a efervescente cena musical  de Nova York. A motivação foi seu amor pela música em particular pelo jazz. Ao se deparar com o bebop, passou a subsidiar os revolucionários do jazz, tais como Charlie Parker e Art Blakey.

Bom, na verdade foi mais que uma simples mecenas. “Nica” usou de sua posição social para proteger seus heróis musicais. Tal qual podemos ver na parte da história em que são presos na estrada em direção a Baltimore, onde Monk iria se apresentar. Não fosse a influência da Baronesa e o pianista perderia sua licença musical mais uma vez. E pelo mesmo motivo: racismo.

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Monk ao piano pelo traço e cores de Youssef Doudi.

Sua amizade com Thelonius Monk, iniciada em 1954, quando o assistiu tocar em um show em Paris, duradoura até o falecimento do pianista em 1982, onde encontrou a mais profunda sensibilidade, não apenas musical, mas também existencial. Ela encontrou em Monk um espírito livre, porém atormentado, justamente por não encontrar no mundo, as condições para experimentar em sua totalidade, sua necessidade de liberdade.

E “Nica” fez tudo a seu alcance para que o pianista atingisse esse objetivo. Ajudando-o financeiramente para que ele pudesse se concentrar exclusivamente em experimentar e criar sua música. Também arranja shows, turnês, além de cuidar de sua carreira. 

“Thelonious Monk! Uma Revolução Musical na Alma” venceu o prêmio de melhor livro sobre jazz em 2018. Prêmio concedida pela “Académie du Jazz”. Nela testemunhamos uma linda homenagem de Daoudi ao jazz e a um de seus mais celebrados nomes. Traz a nós leitores as excentricidades e contradições do músico, para nos apresentar um ser humano sensível e bondoso.

Monk foi um gênio que jamais abriu mão de suas convicções enquanto artista. Pagou caro por isso, porém, entrou para a história como um dos grandes revolucionários da música. Sem Thelonius Monk, o jazz talvez tivesse seguido por outros caminhos. Menos interessantes do que aqueles pelo qual o pianista o levou.

Beijo noceis e até o próximo texto.

Abaixo ouça “Panonica”, música feita para sua grande amiga, parte do set list do álbum “Brilliant Corners” lançado em 1957.

Existe um documentário a respeito da influência de “Nica” sobre o jazz. Este se chama “The Jazz Baroness – The patron saint of bebop”. Abaixo o filme completo disponível no YouTube sem legendas. 

 

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