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Bryan Beller, CD's, Guthrie Govan, Marco Minnemann, The Aristocrats

The Aristocrats – Tres Caballeros

Padrões inexatos e técnicos. Feeling, versatilidade de estilos, criatividade, bom humor e mente aberta para constuir a partir da desconstrução. São dezenas de elogios possíveis, mas ainda é pouco para um dos maiores grupos que surgiram nos últimos tempos. 
O trio The Aristocrats, segue assustando o mundo. A cada disco o nível só aumenta, o entrosamento beira o inimaginável e as composições precisam de alguns dias para sua cabeça assimilar o baque. ”Tres Caballeros”, terceiro disco de estúdio dos caras (lançado dia 23 de junho), é, para variar, excelente.

A banda não só mantém a escrita da qualidade absurda que fez a fama do debutante autointitulado (2011) e do ”Culture Clash” (2013), como também comprova que sons desse nível precisam de tempo para surgir a amadurecer. São 2 anos de intervalo entre cada uma das 3 gravações citadas e, olha, vale cada um dos 730 dias de espera quando o instrumental aparece com esse gabarito na jam.

Line Up:
Bryan Beller (baixo)
Guthrie Govan (guitarra)
Marco Minnemann (bateria)

Track List:
”Stupid 7”
”Jack’s Back”
”Texas Crazypants”
”ZZ Top”
”Pig’s Day Off”
”Smuggler’s Corridor”
”Pressure Relief”
”The Kentucky Meat Shower”
”Through The Flowers”

Além de ser uma reunião de músicos absurdos, o Aristocrats também é um polo sonoro. Não são apenas seres técnicamente brilhante, são 3 dos maiores nortes para a guitarra, baixo e bateria que temos hoje na ativa.
E o mais louco nisso tudo é a natureza desta união. Govan é um virtuose que toca qualquer coisa, gosta de peso e que possui um timbre exclusivo, algo raro, ainda mais hoje em dia. Bryan Beller é figurinha carimbada na banda do Steve Vai, Satriani… O baixista acompanha qualquer coisa e ainda mostra um peso latente no groove, mas calma cara, nem cheguei na bateria ainda.
Marco Minnemann, é aqui que está o termômetro disso tudo. Baterista rápido, flexível e que habita os cantos mais obscuros da música, este alemão transita entre o Jazz-Fusion e o Trash com a mesma malandragem, característica perfeita e que sela o instrumental da banda como um todo. Acreditem, se colocar mais um intrumento, estraga.
E para garantir que nada saia do trilho e atrapalhe a evolução sonora do alquímico trio instrumental, ”Tres Caballeros” é mais um disco que se beneficia de toda essa sinergia que esses caras conseguem administrar, só que dessa vez o som caminhou para um lado diferente, perdendo o quê Fusion que por vezes é sentido quando ouvimos o debutante dos caras.

Aqui temos 9 temas e praticamente uma hora de piração, sendo que cada um dos envolvidos criou 3 sons para este registro. Os 3 primeiros são de Marco. Partindo de ”ZZ Top” até ”Smuggler’s Corridor” temos as ideias de Guthrie, e de ”Pressure Relief” até o encerramento do disco, com a caótica (e mais longa improvisação) ”Through The Flowers”, sacamos os dotes de composição do reverendo Beller.

  
Criativamente falando esse disco é o melhor deles. Todos os desfechos que envolvem as 9 criações são impressionantes. A mistura de Prog com Hard, toques de Heavy, Blues e dezenas de outras vertentes, conseguem criar uma música que flui de uma maneira assustadoramente surpreendente, algo que será compreendido quando ”Stupid 7” entrar nos falantes.

A bateria é a força motriz dessa faixa, mas é impressionante como a dinâmica da banda eleva o padrão. Toda vez que alguém sola durante o disco cria-se um novo groove para sediar a improvisação. O peso é firme, as três linhas esbanjam nitidez e é impressionante notar as conexões e mudanças de tempos nada ortodoxas.

”Jack’s Back” é um grande exemplo disso, a guitarra e a bateria no começo entram com uma classe britânica, Bryan adentra o recinto com um riff pra fechar o pacote e do nada Guthrie começa a explorar as escalas. É impossível saber o que vai rolar e é isso que é o grande negócio. Duvido que você sabia que o peso do baixo se tranformaria num caótico Country depois do começo de ”Texas Crazypants”.

A banda faz o ouvinte ir ao delírio, não só pela complexidade, mas pelo feeling e, neste disco em especial, pelo approach que abraça diversos gêneros e tira um caldo que vira um tsunami. Temos passagens progressivas em ”ZZ Top”, melodias sublimes com toques de Fusion em ”Pig’s Day Off”’, (um dos momentos mais inspirados de Govan) e ”Smuggler’s Corridor”, tema que parece ter saído das trilhas do Kill Bill.

A cada disco a música desses caras se fragmenta ainda mais. A cada gravação Bryan toca mais alto, com mais groove, peso e perícia. Marco mostra uma tenacidade impressionante quando senta no Kit e é talvez o único baterista com vocabulário musical e criatividade suficiente para acompanhar esses caras, por que de resto ainda tem Guthrie Govan, um sopro de ar fresco quando o assunto é guiitarra.

Muitos classificaram esse disco como Jazz-Fusion e eu achei isso uma afronta. O primeiro disco tinha mais influências dessa natureza, depois o que tivemos foram aglutinações das mais complexas, só quem sem ficar dentro de um estilo. O mais correto é falar o básico, palavra que nesse contexto torna-se elementar: esses caras fazem música instrumental e não se preocupam em classificar nada, apenas focam em explorar e experimentar, o ponto mais relevante no fim do dia. Que disco.

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