The Allman Brothers Band – The 1971 Fillmore East Recordings

Quando era pequeno me lembro que não gostava de discos ao vivo. O motivo específico nunca mais me lembrei, acho até que este nunca existiu, era apenas um sentimento estranho, uma energia nova que provavelmente por não entender, preferia não ter contato. Mas é claro que com o tempo as coisas mudaram, depois que ouvi um certo disco minha vida nunca mais foi a mesma.
Meu pai tinha me apresentado ao Allman Brothers e fui ouvindo os discos da mesma forma cronológica e CDF que sempre fiz. Primeiro comecei com o autointitulado de 1960 e nove, logo depois fui para 70 com ”Idlewild South” e em 1971 vivi um dos dos momentos mais importantes de minha trajetória como apreciador sonoro. Falo sobre o giro de 365 dias que marcou o mundo pelo lançamento do épico ”At The Fillmore East”.

A qualidade que ouvi nesse disco, durante ANOS, me fez crer que tratava-se de um trabalho de estúdio. Não sei nem como explicar o grau de proesa e perfeição das linhas captadas na tecnologia precária dos anos 70.

Sei apenas que ouvi esse disco até meus ouvidos virarem ao contrário e, como eles ainda não o fizeram, sempre escuto este marco zero. Clássico absoluto que quando descobri não ser de estúdio, mudou toda minha percepção sobre uma jam ao vivo.

O único problema é que nunca mais encontrei um disco deste quilate… E se antes já enlouquecia com a edição dupla, com o lançamento do box ”The 1971 Fillmore East Recordings” (liberado dia 29 de julho de 2014), pack que apresenta o set dos quatro shows completos, quase tive um derrame ao som de seis discos.

Line Up:
Duane Allman (guitarra)
Gregg Allman (órgão/piano/vocal)
Dickey Betts (guitarra)
Berry Oakley (baixo)
Butch Trucks (bateria/percussão)
Jai Johanny Johanson (bateria/percussão)

Track List CD1:
12 de Março de 1971 – segundo show
”Statesboro Blues” – Blind Willie McTell
”Trouble No More” – McKinley Morganfield/Muddy Waters
”Don’t Keep Me Wonderin”’
”Done Somebody Wrong” – Elmore James/Bobby Robinson
”In Memory Of Elizabeth Reed”
”You Don’t Love Me” – Willie Cobbs

Track List CD2:
12 de Março de 1971 – segundo show
”Statesboro Blues” – Blind Willie McTell
”Trouble No More” – McKinley Morganfield/Muddy Waters
”Don’t Keep Me Wonderin”’
”Done Somebody Wrong” – Elmore James/Bobby Robinson
”In Memory Of Elizabeth Reed”
”You Don’t Love Me” – Willie Cobbs
”Whipping Post”
”Hot ”Lanta”

Track List CD3:
13 de Março de 1971 – primeiro show
”Statesboro Blues” – Blind Willie McTell
”Trouble No More” – McKinley Morganfield/Muddy Waters
”Don’t Keep Me Wonderin”’
”Done Somebody Wrong” – Elmore James/Bobby Robinson
”In Memory Of Elizabeth Reed”
”You Don’t Love Me” – Willie Cobbs
”Whipping Post”

Track List CD4:
13 de Março de 1971 – segundo show parte 1
”Statesboro Blues” – Blind Willie McTell
”One Way Out” – Elmore James/Marshall Sehorn/Sonny Boy Williamson II
”Stormy Monday” – T-Bone Walker

Track List CD5:
13 de Março de 1971 – segundo show parte 2:
”Mountain Jam”
”Drunken Hearted Boy” – Elvin Bishop

Track List CD6:
27 de Março de 1971 – show de encerramento:
”Introduction By Bill Graham/Statesboro Blues”
”Don’t Keep Me Wonderin”’
”Done Somebody Wrong” – Elmore James/Bobby Robinson
”One Way Out” – Elmore James/Marshall Sehorn/Sonny Boy Williamson II
”In Memory Of Elizabeth Reed”
”Midnight Rider”
”Hot ”Lanta”
”Whipping Post”
”You Don’t Love Me” – Willie Cobbs

Vejam só o tamanho do set list. Notem que muitas faixas se repetem, afinal de contas o mesmo show foi registrado várias vezes, mas quem ouviu esse disco antes do lançamento completo sabia, eles tinham plena capacidade de ter lançado tudo de uma vez. E isso só não deve ter sido feito na época por que ficaria caro demais, vale lembrar que temos 6 discos neste box com 6 horas de som.

Se já era bom na edição dupla, espera até você ouvir tudo que eles registaram no magistral Fillmore East, casa do grande Bill Graham. Mesmo com temas repetidos a apreciação sonora é a mesma, a energia deste show é amplamente extendida e retrabalhada com uma qualidade de som fantástica.’
A banda é perfeita. Dicky Betts, Duane Skydog Allman, Gregg… O que esses caras fazem é absolutamente magistral, vai além da parte técnica. Não é nem a questão de serem virtuosos, mas sim de sentirem a música de uma forma estupenda e em todos os momentos.

Outro ponto que é necessário ser ressaltado é o estrago do baixo de Berry Oakley, mestre que assim como Duane, também nos deixou (aos 24 anos) em virtude de um acidente de moto. Um acontecimento lamentável que colocou um fim prematuro na carreira de nomes que, mesmo nos deixando cedo, entraram para a história.

E esse registro resume todo o legado, não só dos citados, mas da banda como um todo. É um item indispensável e que nos mostra a grandeza pura e absoluta de um combo que tocava com a maestria de deuses gregos no bar da sua esquina.

Engraçado que ao ouvir esse trabalho nessas últimas semana me peguei pensando: como não pude notar que tratava-se de um disco ao vivo quando ouvi pela primeira vez? O que não falta aqui é interação com a platéia e toneladas de aplausos… Coisas da vida, que som maravilhoso. Duane + Oakley = ”Mountain Jam”.

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