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Snarky Puppy & Metropole Orkest: o groove orquestrado de Sylva

Uma das grandes sensações que a música contemporânea leva ao ouvinte de nova ou mesmo geração, é o sentimento de novidade. É ótimo ouvir os clássicos, mas de alguma maneira nota-se uma distância por algo que você não viveu, característica que não afeta a apreciação claro, mas que dependendo do disco, não pode ser sentido em sua totalidade.
Se você pegar um clássico dos anos 70, verás que seu pai vai ter considerações bem diferentes das suas, pois ao contrário do senhor, ele viveu aquilo. Você habita outro tempo/espaço e, mesmo crescendo ao som dos mesmos LP’s de seu velho, o impacto geracional muda a percepção.

É um ponto de vista que pode parecer estranho, mas que ao som de algumas trilhas pode parecer bastante simples. Creio que é um sentimento que só pode ser compreendido com lançamento, por isso que ”Sylvia”, novo disco da big band Snarky Puppy, cai como uma luva.

Depois do lançamento do segundo live em sequência (suscedendo ”We Like It Here” de 2014), o combo chega com mais um respiro fresco de musicalidade para os novos tempos. O frenesi sonoro é potente, segue sublime (pra variar) e ainda aparece com a Metropole Orkest para dar um acabamento classe A. 

Line Up:
Janine Abbas (flauta)
Jan Bastiani (trombone)
Jascha Albracht (cello)
Martin Van Der Berg (trombone)
Max Boeree (clarinete/saxofone)
Chris Bullock (clarinete/saxofone)
Polina Cekov (violino)
Elizabeth Hunfeld (trompa)
Ben Cottrell (arranjos)
Maarten Jansen (cello)
Pieter Hunfeld (trompa)
Tjerk DeVos (baixo)
Casper Donker (violino)
Nola Exel (flauta)
Paul Van Der Feen (clarinete/saxofone)
Cory Henry (sintetizadores/teclado/órgão/arranjos)
Leo Janssen (clarinete/saxofone)
Jay Jennings (fliscorne/trompete)
Murk Jiskoot (percussão)
Merel Jonker (violino)
Wim Kok (violino)
Christina Knoll (violino)
Dennis Koenders (violino)
Pauline Koning (violino)
Bob Lanzetti (guitarra)
Vera Laporeva (violino)
Bill Laurance (sintetizadores/piano)
Michael League (baixo/arranjos)
Mark Lettier (guitarra)
Mieke Honingh (viola)
Norman Jansen (viola)
Julia Jowett (viola)
Arend Liefkes (baixo)
Rubern Margarita (violino)
Lex Luijnenburg (viola)
Mike Maher (fliscorne/trompete)
Chris McQueen (guitarra/arranjos)
Jan Oosting (trombone)
Isabella Peterson (viola)
David Peijnenborgh (violino)
Tinka Regter (violino)
Marjin Rombout (violino)
Arlia De Ruiter (violino)
Iris Schut (viola)
Ries Schellekens (tuba)
Seija Teeuwen (violino)
Robert ”Sput” Searight (bateria)
Justin Stanton (piano/sintetizadores/trompete)
Annie Tamberg (cello)
Pauline Terlouw (violino)
Rob Van Der Laar (trompa)
Feyona Van Iersel (violino)
Maria Van Den Bos (flauta)
Herman Van Aaren (violino)
Leo Van Oostron (clarinete/saxofone)
Vincent Veneman (trombone)
Emile Visser (cello)
Fons Verspaandonk (trompa)
Frank Warndenier (percussão)
Charles Watt (cello)
Nate Werth (percussão)
Eric Winkelmann (baixo)
Ewa Zbyszynska (violino)

Track List:
”Sintra”
”Flight”
”Atchafalaya”
”The Curtain”
”Gretel”
”The Clearing”

Espero que a imensa lista de créditos consiga pelo menos dar uma pista para o nível de riqueza que ”Syla” lhe brindará. Além de ser o primeiro trabalho para a IMPULSE!, este é o quinto disco ao vivo do coletivo de fritadores do Brooklyn, dentro de uma discografia que ainda conta com 3 trabalhos de estúdio, sendo que já temos mais um agendado para 2016. Dito isso, só podemos concluir que ao vivo os caras são fantásticos e eles sabem disso.

Temos aqui apenas 6 temas, mas não se engane, a grandeza é maior do que a lista dos músicos envolvidos e o projeto é absolutamente audacioso. Além de unir a Metropole Orkest, ”Sylva” é um todo complexo de duas suítes, onde a primeira compreende as 4 primeiras faixas do disco e a segunda finaliza o mesmo com mais duas jam’s fracionadas.

Michael Leagues, o chefe dessa quadrilha do groove, sempre desejou fazer este trabalho. O maior problema, além de tempo, era conseguir um disco que não fizesse a banda perder sua característica principal: o feeling e o swing. Com a junção da música clássica, certas bandas alteram as bases criativas ligeiramente, justamente para se adequar ao novo ambiente, fator que pode ser um problema, pois algo pode se perder.

Mas depois de sonhar durante anos, o projeto finalmente saiu do papel e Michael conseguiu unir músicos que além do fator clássico no DNA, tivessem o pé na cozinha negra, um equilíbrio raro de se encontrar, mas que valeu toda a empreitada e justifica a beleza estonteante de um disco que está fazendo a cabeça do planeta desde o dia 26 de maio de 2015.

Para a abertura dos trabalhos temos ”Sintra”, tema que pode soar estranho nas primeiras audições, mas que aqui evidencia um fantástico trabalho de cordas e sintetizadores, isso fora toda a experiência de uma banda que está no auge. Os interlúdios clássicos são entradas triunfais para que o Funk anuncie sua presença e eletrifique todo o resto com ”Flight”. Agora sim: Snarky Puppy is in the House.

Os arranjos com peso latino, ideias africanas, experimentações atuais e toda a sorte de pirotecnias, surgem com muitos timbres diferentes. São dezenas de instrumentos, incontáveis detalhes e um trabalho que é um primor justamente por conseguir mostrar tanto sem pecar por excessos.

Notamos a atenção em passagem. Belos arranjos para o time de metais em ”Atchafalaya” e uma síntese de toda essa união com o equilíbrio homérico entro Funk, Jazz, R&B, groove e música erudita ao som de ”The Curtain”. Quinze magníficos minutos que encerram a primeira cartada-suite.

Esse trabalho comprova duas coisas importantíssimas:

1) Existem grandes mentes trabalhando dentro da cena atual.
2) O Snarky Puppy atingiu um ponto onde os caras não se limitam, gostam de fritar, mas podem fazer qualquer coisa. 

E se você duvida, basta sacar a repagina de ”Gretel” e cair no olho do furacão dos improvisos ácidos em ”The Clearing”, a maior passagem instrumental do disco e talvez a mais inspirada. São quase 20 minutos de trocação. É fantástico, nada se perdeu, a energia e o tesão seguem no talo, agora com ainda mais classe!

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