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Chapando no som do Otis Junior & Dr. Dundiff

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Juntos, Otis Jr e Dr. Dundiff formam uma dupla azeitada no Rap-Jazz. Hemispheres, é fruto criativo dessa união e mostra inegável swing.

Caso você goste de beats, o Dr. Dundiff não deve ser um nome estranho. Diretamente de Louisville, na província de Kentucky, o habilidoso Hip-Hop/Neo Soul do DJ americano está mudando as regras do jogo e não é de hoje.

Nos últimos anos apareceram muitos produtores que surfaram muito bem essa nova onda de R&B e Funk/Soul. A maior mudança estética desse novo norte para o groove é bastante palpável e caras como o Chet Faker e o Gramatik, por exemplo, são grandes exemplos disso.

otis jr

Essa nova abordagem é muito fundamentada no Chill Out. Sabe aquele som que parece deixar seu cérebro no banho maria? Isso é um Chill Out. Depois do play, tudo que seus ouvidos precisam é daquele clássico “layback and dig“, como diriam os americanos.

Só que dentro de toda a produção recente que visa repaginar o swing nesse novo tempo, acredito que a união do Otis Junior com o Dr. Dundiff esteja à frente dos demais. O primeiro disco da dupla mostra isso. “Hemispheres” – lançado em março de 2017 – é um trabalho charmoso demais pra passar batido.

 

Track List:
“Hemispheres”
“Bubble”
“Why Can’t You (Just Come For Conversation)”
“Don’t Get Caught”
“Under My Skin” – feat. Jim James
“3 Winds”
“The Mixture”
“Let It Go”
“4 Us”
“The Ballad”
“Say Yes (Gospel)”
“Bye From Space”

 

Otis Jr & Dr. Dundiff

Fundado em 2016 depois que o Dr. Dundiff viu o Otis Junior se apresentar numa noite de open mic, vale destacar que tão logo Otis acabou seu set, o DJ já colou no cangote do cantor pra arquitetar um som que conseguisse colocar sua voz de Soulman num plano de fundo com beats Jazzeados, mas  sem soar datado.

E em abril 2016 mesmo eles fizeram o primeiro teste. Com o elogiado EP “1Moment2Another” – liberado pela Jakarta – o duo começou a cunhar sua descolada sonoridade.

Acho que a única coisa que a dupla não esperava era o rápido reconhecimento que apareceu tão logo os sons viram a luz do dia. Várias faixas do EP foram tocados em rádios da França e Estados Unidos. Teve take que foi parar até em mixtape de Hip-Hop com Soul e Funk… Ficou claro que eles tinham acertado, a penetração do Funk foi precisa e o principal desafio foi levar isso para estúdio, dessa vez para produzir um full lengh e não um EP.

Otis Jr & Dr. Dundiff – Hemispheres

Com “Hemispheres”, a dupla conseguiu dar esse passo. Em termos de produção, Hemispheres é superior aos registros anteriores, mas isso é compreensível, pois quem escuta o debutante percebe como o som surge com uma linguagem melhor estabelecida, justamente num contexto onde o som tem chance de acontecer por mais tempo.

A faixa título é o tema que resume muito bem isso. Os beats ascendentes do Dr. Dundiff constroem ambiências muito interessantes. A faixa de abertura já chega emoldurando um Trip Hop na base e depois que entram os vocais, fica claro como o trabalho deles se complementa de maneira chapadíssima.

Em “Bubble” é possível perceber um equilíbrio entre os beats e os instrumentos tocados, pois nota-se a necessidade de manter a vibe orgânica e de não promover choque entre os elementos presentes. A variação de timbres é um traço interessante, porém os temas surgem com uma configuração onde nenhum elemento está alto demais. O groove dá o tom e não fala alto, argumenta com classe, dialogando com o ouvinte, falando baixinho.

E o Otis Junior está longe de apenas colaborar com isso. Sua voz é parte integrante do som e é o termômetro perfeito para os beats. Escute “Why Can’t You (Just Come For  Conversation)” e perceba como existe um sensível trabalho de luz e sombra que consegue direcionar a atenção do ouvinte para cada aspecto marcante de cada uma das faixas que compõem o trabalho.

Temas como “Don’t Get Caught” impressionam pela consistência da proposta e pelo apelo radiofônico, que mostra como é possível produzir produtos musicais coeso, mesmo no guarda chuva da música Pop. Não quer dizer que seja fácil, tampouco que ser Pop é um problema. Talvez a característica principal desse registro seja justamente esse arrojo que faz com que ele seja interessante para aficionados e também ouvintes que estão conhecendo o universo do Funk/Soul, as órbitas do Rap-Jazz.

A guitarra de “Under My Skin” é um veneno, mas e o piano de “3 Winds”? Tem gente que deve estar pedindo a “The Mixture” com versão pra Karaokê… São 12 faixas muito boas dentro do que a dupla se propôs a fazer. “4 Us” ganhou até clipe, depois que virou single. Os metais assoviando selam a jogada com classe. 

“The Ballad”, “Say Yes (Gospel), Bye From Space”… Parece até um “Greatest Hits”. Pra apertar play e dissecar de cabo a rabo.

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