Nesta segunda edição pirata do Oganpacast batemos um papo com Arthur Vinih sobre a fase atual de sua carreira.
Ao lançar o álbum Inverso em 2015, Arthur Vinih chegava ao fim de um ciclo e sem perceber dava início a um outro. Podemos considerar Inverso o trabalho que revela o amadurecimento de sua sonoridade, o surgimento de um trabalho que buscou articular conceitualmente as faixas que o compõem intencionando alcançar uma compreensão totalizante das ideias ali presentes.
Do ponto de vista técnico a qualidade salta aos olhos violentamente. Há um abismo gigantesco, neste aspecto, entre Inverso e seu álbum anterior, Ação e Reação, o qual podemos considerar seu álbum de formação. O apuro no tratamento de cada arranjo do Inverso, o cuidado na produção, captação dos sons e todos os procedimentos exigidos para a gravação e lançamento do álbum revelavam naquele momento a intenção de Arthur Vinih em desenvolver sua carreira para limites muito além dos bares pontenovenses e da Zona da Mata Mineira.
Conversando com o compositor percebemos que ele deseja muito mais que fazer a trilha sonora dos casais, grupos familiares e de amigos. Essa fauna barista está mais interessada em ter uma música ambiente, que seja o pano de fundo de seu bate papo, regrado a petiscos, refrigerantes e bebidas alcoólicas, estando completamente desinteressado em ouvir composições originais de um músico local. Compositores pra valer merecem e anseiam por muito mais que isso.
Arthur quer ser ouvido, o trabalho árduo realizado por ele ao longo dos anos nos mostra que merece isso. Não se trata de mero capricho, pois são centenas de milhares de visualizações dos clipes dos singles Eu Sou Negão (2016) e Pele Preta (2017) nos últimos 2 anos. Esse fato mostra haver um público que tem interesse pela música de Arthur, mais que isso, querem ouvir sua música, irem ao seu show para ouvi-la.
Eu Sou Negão já anunciava o novo rumo que a música e a carreira de Arthur Vinih tomariam, enquanto Pele Preta veio para confirmar esse presságio. Engajado na luta contra o racismo, pelo empoderamento negro, Arthur Vinih transforma sua música em arma poderosa de desconstrução da ideologia elitista, oriunda de nosso vergonhoso passado escravagista, que estereotipa e valora negativamente tudo relacionado ao negro e sua cultura.
Os mais de 550 mil visualizações dos clipes de Eu Sou Negão e Pele Preta, mostram o aumento do alcance da música de Arthur, bem como o interesse por ela e a formação de um público amplo desse compositor. Sem pressa Arthur vai pavimentando a estrada que leva sua música para lugares cada vez mais distantes, despertando o interesse de cada vez mais pessoas pelo seu trabalho, tornando-o mais próximo de completar a metamorfose que o colocará nos grandes palcos, onde as pessoas irão para ouvi-lo e não para ter sua música como mero acessório de ambientação .