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O verso Junky de William S. Burroughs

A música tem uma característica péssima, aliás creio que este seja seu único defeito. Desde que me conheço por gente lembro de conversar com meu pai e a cada novo guitarrista, baixista, ou até mesmo baterista que descobria, ele sempre falava: ”morreu de overdose”. E isso muito me incomodava, mas não tem como negar, a lista é infinita: Jimi Hendrix, Mike Bloomfield, Tommy Bolin, Hillel Slovak, Janis Joplin, Gary Thain, Keith Moon e centenas de milhares de outros grandes nomes…
No primeiro momento do baque sempre me sentia afetado com a notícia do óbito, mas isso acabava passando depois de algumas horas, porém com o passar dos anos os músicos continuam morrendo e mesmo com todo tipo de política anti drogas as pessoas sempre tiram sarro, não parecem perceber o óbvio.

A maneira como a droga é idealizada quando é abordada por nomes como Keith Richards e outros Junkies da música em geral (até por que o Jazz está ai pra provar que as drogas sempre estiveram rondando), é deveras perigoso, só que com esses caras as substâncias ganham um ar sadomosaquistamente-Cult.

A maneira como muitos deles narram as aventuras com drogas, mostram o prazer da sensação com o barato já dentro do corpo… o Rock acaba de alguma maneira instigando as pessoas a tentarem trilhar esse caminho, fazendo muitos pensarem que com um baseado na boca, ou que com uma agulha na veia ele vai se juntar aos grandes nomes, mas depois que o efeito passa tudo se perde, os danos são irreversíveis… Mas ninguém dá a mínima, bom mesmo é ficar sequelado e, se você acha que isso é um assunto recente, saiba que desde 1953 que William S. Burroughs dedava o dia-a-dia dos viciados.
A literatura Beat é a verdade cuspida com requinstes poéticos e bem escritos, é uma litaratura de guerrilha, que mesmo sendo marginalizada desde seus primórdios, MUITO incomodou os conservadores da linguagem de Shakeaspeare. Os Beatnicks usavam drogas, bebiam, TINHAM PROBLEMAS, sabiam o que rolava no submundo da sociedade, foram mainstream quando isso nem ao menos existia e mesmo que poucos assumam, o Beat tomou as ruas, telas de cinema e as prateleiras do meu quarto.
Para este que vos viaja, nomes como William S. Burroughs, Jack Kerouac e Ginsberg, são tão importantes como qualquer outro, justamente pelo fato de falarem a verdade e de ”confortarem” seus leitores, sabendo que eles estavam tão fudidos quanto quem um dia se inspirou a folear esses respectivos nomes, ganhando pouco por seus livros, passando fome com um conteúdo fantástico e que muito inspirou a música, aliás o Steely Dan deve muito a este cidadão.
Voltando ao livro digo sem medo que é uma leitura excelente, primeiro por que além de William escrever de forma fantástica, as edições atuais des e te livro estão num preço bem bacana e sem cortes, deixando ainda mais vívida as imagens dos personagens tentando largar a morfina, roubando para manter o vício e tremendo em pura ebulição em virtude da abstinência.

Aqui Burroughs incorpora o Junky, desafia até quem um dia foi um destes, coloca tudo em cheque por uma agulha e traça sua vida sempre em busca do próximo pico, arquitetando um clássico dos novos tempos e moldando o todo dessa massa de poesia homem-bomba de Thomson, com seu estilo único, que dentro do planeta Beat já era uma bala que fazia curva.

As descrições de choque corporal, o vocábulo, as experiências pessoais com todas as drogas possíveis e tudo que seus efeitos geravam em sua escrita anafilática faz com que esse tratado chapante seja um diário de todos os ex viciados e mentes que um dia tiveram problemas com substâncias recreativas, uma lição que deveria deixar o ramo mais careta, só que infelizmente rende caldo até pra quem faz a resenha sob a névoa de verbos excêntricos e de vontade própria, dentro de uma perspectiva de Jazz, baurete, sintéticos e horas de fritação verborrágica.

Aprenda a rir de sua própria fraqueza, sinta-se um lixo por estar na merda mas nunca desista de cumprir a dose diária, o mundo só gira quando a agulha vem carregada, o peito só ventila oxigênio quando bate a nave e o desespero só passa quando o revólver do seu vício explode o gatilho no centro do magma da sua caixa de pandora cerebral… Se você abrir os olhos agora quer dizer que não morreu, deve ter sido apenas uma overdose… cadê o tuinal?

Até que ponto seu texto consegue derreter?

Steely:

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