Marcus Garvey é um dos nomes mais importantes para o pensamento negro em diáspora e o rei do reggae Bob Marley, foi influenciado!
O dia 11 de Maio, é de comemoração, se convencionou como o dia nacional do Reggae, por ser a data em que Bob Marley fez sua passagem para o Orun. Quando se ouve algumas músicas marcantes do rei do Reggae, como Redemption Song, Could you Be Loved entre outras, automaticamente as pessoas fazem alusão ao seu discurso e prática pacifista, em prol da unificação do povo na Jamaica e pela paz entre as nações. Contudo, as canções de Bob Marley dizem muito mais. Qual a origem do pensamento nacionalista preto de Robert Nesta Marley e por que toda essa inclinação em lutar pela libertação do seu povo?
Você conhece a história de Marcus Mosiah Garvey e a UNIA? Já ouviu falar em Garveysmo, Pan africanismo garveísta ou no Nacionalismo Preto? Se não ouviu, volte duas casas e procure saber, pois será de suma importância para conhecer a potência que é o legado político de Bob Marley. Além de ser um dos principais responsáveis pelo surgimento do estilo Roots Reggae, Bob Marley também teve grande influência na luta pelos direitos civis na Jamaica, sendo um protagonista icônico na luta pela dignidade do povo Jamaicano: “Eu sou um rebelde, uma alma rebelde” (Soul Rebel).
E quem foi Marcus Garvey? Garvey foi uma das maiores lideranças pretas que esse mundo já conheceu. Nascido na Jamaica, na província de Saint’ Anna, destacava-se por sua sede pelo conhecimento e auto determinação. Viajando pelo mundo, Garvey percebeu que havia um problema em comum, seja na Jamaica, que era colônia britânica, ou na China, o povo preto estava sempre na condição de oprimido, desmoralizado e desumanizado. Então Garvey questionou: “Onde está o governo do homem preto? Onde está o seu Deus e os seus reis?… Eu o ajudarei a criá-los”.
Partindo da ideia de autonomia preta, reorganização familiar e soberania econômica, Marcus Garvey começou o que hoje conhecemos como Garveysmo. Fundou a União Internacional para o Progresso Preto (UNIA), criou o jornal The Black Work, construiu uma companhia de navegação, a Black Star Line, fez alianças com o governo da Libéria, para repatriação de africanos/as que foram sequestrados de sua terra mãe, dentre outros feitos.
Contudo, o que pode ser considerado mais importante na trajetória de Marcus Garvey foi seu papel na construção de uma nova imagem do povo preto no mundo. Garvey restaurou o orgulho preto, potencializou o sentimento de pertença racial e nacional, tendo Áfrika como nossa terra mãe. Criticou veementemente o embranquecimento do cristianismo etíope e fez a profecia sobre a ascensão de Haile Selassei I ao trono da Etiópia, uma das nações mais influentes do continente africano.
Com a ascensão de Haile Selassei I, que se tornou Ras Tafari Makonnem, o povo preto acreditou na profecia de Garvey, que dizia: “Olhai para Áfrika, pois de lá sairá o redentor do nosso povo…” Dessa forma, acredita-se, até hoje, que Selassei I é o messias, o redentor, o enviado de Jah para guiar a grande nação dos filhos de Áfrika, na luta contra a Babilônia, munidos do mesmo sentimento e propósito: Um povo, um Deus, um Objetivo, um destino. Essa convocação, feita por Garvey, se materializou num dos discursos mais potentes de Bob Marley, quando o mesmo sofreu uma tentativa de homicídio, por organizar um grande evento pela paz na Jamaica, que reuniu os dois partidos políticos da época, no mesmo palco.
Mesmo com suas precoces passagens para o Orum, os legados de Bob Marley e Marcus Garvey foram eternizados pelos seus seguidores. Seja pelos Rastafaris, seja pelos Garveystas ou pelos Nacionalistas Pretos, que continuam executando os projetos políticos de Marcus Garvey, na libertação da grande Nação Afrikana pelo mundo.
“Um Deus, Um objetivo, Um Destino!”
-Marcus Garvey, Bob Marley e o destino do Povo Preto