LARINU – Sábado/Duas (2018) Single duplo e um lyric video único!

LARINU – Sábado/Duas (2018) lançou no começo do mês de maio um single duplo num lyric único, seguindo com uma proposta estética instigante!!

Larinu 4

Acompanhar o surgimento e consequentemente o desenvolvimento de um artista é sempre uma responsabilidade e sobretudo uma alegria. No caso da paulistana Larinu o processo tem se tornado uma surpresa constante, a cantora que estreou em 2017 com um EP bastante competente e que tivemos àquela altura o prazer de noticiar, chega em 2018 com seu segundo trampo.

Se na apresentação do seu cartão de visitas, com o seu EP de estreia, o homônimo Larinu (2017), ela já abria a bolachinha nos avisando não querer causar entusiasmo algum em ninguém, o que se seguia – para além desse manifesto politico-afetivo tirado da obra do filosofo Frantz Fanon – era a confirmação, na concretude mesma da obra, de uma cantora pronta em termos técnicos.

Pronta, pois o reconhecimento da sua qualidade vocal era ali nas canções “Refúgio” e “Sagrada” praticamente automático. Ao mesmo tempo, em que desfilava sua voz doce num R&B, fechava o disco rimando com um flow sedutor em cima de um beat de trap, com desenvoltura. No entanto, resta-nos sempre dar tempo para que uma artista se desenvolva, e não partir para uma corrida maluca a fim de devora-la com um desejo canibal. Algo que é muito comum em nossos tempos de hype, singles de milhões de visualizações, e que são capazes de jogar para cima, numa decolagem irresistível, carreiras que depois caem no vazio.

Em seu segundo trabalho, a artista investe numa produção audiovisual que vem fazer par, a uma proposta estética que aos poucos vai se consolidado pelo seu ajuste harmônico entre a tradição, a experimentação e a versatilidade. Apresentando mais um par de canções, “Sábado” e “Duas”, com a produção musical de Raecae e da Nnicole Bourbaki, a cantora e compositora focou no R&B.

Na primeira faixa Sábado de produção da dupla acima mencionada, com uma base que evoca o sucesso em meados dos anos 90, “Espelhos D’água“,  da cantora Patricia Marx. Mas, ao contrário da hit sampleado, a compositora Larinu investe sua lírica no campo onírico, na imaginação e sobretudo numa posição onde o “eu” poético se coloca em movimento. Uma reflexão sobre a vida urbana e sua boêmia, os encontros e desencontros, um amor sem objeto definido, arrastada pela multidão, ligeira com os gambés. A cantora e compositora desfila sua música, flanando por entre as confusões, desejos e incertezas da contemporaneidade. 

Entre uma faixa e outra, ou melhor, ligando as duas, temos o vídeo, excelente produção da diretora Pryscilla Colasso, autora das fotografias que também ilustram essa matéria. O Coletivo Égbè também colaborou na produção, contribuindo com uma fotografia muito bonita, diga-se de passagem. A filmaker captou de modo muito intenso a atmosfera das canções e a própria Larinu, passeando pela noite e pelo começo de um alvorecer pelas ruas dos bairros da Liberdade e da República em SP. Propondo assim, a clivagem entre uma e outra faixa, na captura desse flanar  e do consequente repouso da artista.

A sugestão e a busca sem um objeto de desejo definido da primeira canção encontra no despertar da cidade, talvez uma outra sugestão, dessa vez sugerindo o encontro. Em “Duas” (prod. Raecae e Nnicole Bourbaki), desta vez filmada num espaço mais circunscrito e em grande parte deitada no asfalto, o cantar não é mais sobre a busca, pero sim, uma elegia da entrega. Do encontro com o outro que é capaz de nos revelar a si próprios, de amores daqueles que engendram mais do que a carne, acontecimentos. Da noite pro dia, da escuridão da procura cega até o clarear do desenlace.

Uma obra bonita em sua proposta e em sua inteireza estética, apresentando uma complementaridade entre uma poética e uma lirica audiovisual. Segundo lançamento da Larinu pela Carranca Records, que nos faz querer alimentar mais a necessidade de acompanhar essa artista que ora surge. Sem pressa, degustando aos pouquinhos, ou numa intensidade mais veloz, mas entendendo a finitude dos encontros, e sabendo também da necessidade de buscar com rigor àquilo que nos engrandece, seja a arte, seja o amor!   

 

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