Kadavar – Berlin

Quando o Kadavar apareceu, o autointitulado dos caras (lançado dia 10 de julho de 2012), caiu como uma bomba dentro da cena. No ano seguinte o raio caiu no mesmo lugar e ”Abra Kadavar”, a tão aguardada sequência, apenas provou que os germânicos tinham o feeling para fazer o seu vizinho chamar a polícia.
Lançado menos de um ano após o petardo inicial, no dia 12 de abril de 2013, o segundo play foi responsável por fazer a banda explodir, agora com a Nuclear Blast endossando a jam. Com isso, a crítica foi ao delírio, o disco era ainda melhor que o debutante e após uma tour de bastante sucesso veio o baque: Philip ”Mammoth” Lippitz largou o barco.

Segundo consta a separação aconteceu numa boa, Philip alegou divergências musicais e problemas de ordem pessoal para sair do grupo, algo que confesso, me deixou bastante preocupado. O Kadavar explodiu (também), por ser uma banda absolutamente sólida em todas as posições, sendo o baixo, um grande destaque nos dois CD’s que o planeta tanto elogiou.
Só que ai surgiu o reverendo Simon Boutloup, ex baixista dos psicodélicos do Aqua Nébula Oscillator. Grupo que ainda em 2012, gravou um split absurdo com o Kadavar, rachando não só uma bolacha, mas sim sua mente. Toda a lisergia dos franceses caiu como uma luva perante a escola caótica dos Alemães, que juntos, consagraram um disco que de tão bom, beira o ridículo e ainda serviu para indicar um suplente e tanto para grupo.

Simon integrou o combo ainda em 2013 e fez sua estréia no primeiro live da história do troi. ”Live In Antwerp”, a demencial coletânea de apresentações em solo belga, foi uma belíssima estréia e o baixo seguiu tinindo tanto que pouquíssimos sacaram a mudança.

Gravar um disco ao vivo era questão de tempo, os fãs queriam mesmo era sangue, um novo pack de inéditas e este surgiu apenas em 2015. Só tome cuidado com esse ”apenas”, pois reclamar de material por parte desses caras é praticamente fazer cosplay de mulher grávida e reclamar de barriga cheia. E pra quem ousou questionar o sistema de gravação do combo, ”Berlin”, o CD que fecha a primeira trinca desta instituição, chega firme para causar aquela congestão que você tanto esperou.

Line Up:
Christoph Lindemann (guitarra/vocal)
Simon Bouteloup (baixo)
Christoph Bartelt (bateria)

Arte: Elizaveta Porodina

Track List:
“Lord Of The Sky”
“Last Living Dinosaur”
“Thousand Miles Away From Home”
“Filthy Illusion”
“Pale Blue Eyes”
“Stolen Dreams”
“The Old Man”
“Spanish Wild Rose”
“See The World With Your Own Eyes”
“Circles In My Mind”
“Into The Night”
”Reich Der Traume” – Nico (faixa bônus)

Lançado no dia 21 de agosto de 2015, ”Berlin” é um dos destaques do ano (para variar), além de ser mais uma sólida demonstração de talento por parte dos alemães. Temos aqui o disco mais sóbrio da banda, um conjunto de composições fortíssimas só que com um pouco menos de sujeira se comparado aos trabalhos anteriores.
Depois da primeira audição senti falta de mais distorções, em certas faixas os caras aparecem mais comportados, só que criativamente falando esse novo approach estético não resulta em algo sem sal, provando que a cena mainstream não corrompeu os caras e que mesmo o Kadavar sabe ser sutil de vez em quando.

Com uma bela peça artística para embalar o conteúdo sonoro (criada pela russa Elizaveta Porodina), o trio crava mais um prego no caixão das dúvidas. Cama para apresuntados Seara que começa a ser enterrada com ”Lord Of The Sky”, a abertura deste novo trampo, talvez o oitavo gol da Alemanha.

O desenvolvimento com pinta improvisada segue o mesmo, provando que a jam é a base de tudo. A maior mudança foi nos timbres, algo bastante sutil no quesito ”sujeira distorciva”, mas que impactou muitos ouvintes.

Creio que esse não foi um ponto negativo, notamos que ”Last Living Dinosaur” e ”Thousand Miles Away From Home” ainda caminham na crocodilagem, mas o fazem de maneira mais limpa (escute ”Filthy Illusion”), mantendo o peso e a grandeza criativa para passagens inventivas e pesadas, claro.

Voltando a mostrar a classe para riff’s excelentes, como o fraseado base de ”Pale Blue Eyes” (um dos maiores destaques deste disco) e a viciante e radiofônica ”The Old Man”, um dos singles para este novo registro.

Não seria tão ousado a ponto de dizer que ”Berlin” marca um novo direcionamento criativo. Acho que seria uma baboseira imensa, mas acredito que o terceiro disco de estúdio da banda comprove que existem sim outras aspirações, como ”Spanish Wild Rose” tanto evidencia.

Essa roupagem mais clean não me agrada, gosto de sujeira e sei que esses caras produzem uma da melhor qualidade, aliás isso fica claríssimo quando você coloca o já citado split deles com o Aqua Nebula Oscillator, por exemplo, mas essa nova investida é válida e mesmo com uma nova roupagem, bastante competente.

E por último, mas jamais menos importante, vale ressaltar a performance do reverendo Christoph Baltet, afinal de contas a bateria nunca perde o peso e é notável perceber que até nas passagens mais cavernosas, o kit nunca é abafado. Fiquem ligados também na versão com faixa bônus, pois o cover de ”Reich Der Traume” (de autoria da conterrânea Nico”) é excelente, os arranjos ganharam novos contornos dramáticos e o desfecho é surpreendente e ainda surge com cantos na língua nativa dos caras. Belo play.

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