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CD's, Joss Stone

Joss Stone – Water For You Soul

Quando a Joss Stone finalizou seu show mais recente em solo paulista, saí do recinto bastante satisfeito com o som que tinha alvejado minha mente. Joss se mostrava no topo de seu jogo, munida de uma banda fantástica e acompanhda por novos sons (que foram ”testados” nos shows da América do Sul) e que mostraram um lado descolado e roots da musa britânica.

Durante o mesmo show aqui em São Paulo, a mulher tratou de deixar claro que tocaria algumas faixas de seu próximo disco, ”Water For Your Soul”, que será lançado dia 31 de julho, mas o resultado foi tão bom que não seria exagero dizer que o show foi completamente baseado no novo repertório da senhorita Stone. A reação do público não poderia ser melhor e essa nova mistura de Reggae com base Soul & Funk que Joss carrega no DNA ficou classuda demais.
Aliás, a repercussão deste novo trabalho foi tanta que o disco já vazou e esse infortúnio (pelo menos para a equipe da cantora), nos ajudou a ouvir um dos melhores discos de sua carreira e talvez um dos grandes registros para 2015 dentro do itinerário da música Pop, que, graças a trabalhos deste nível, comprovam que ser comercial não é um problema, a questão é quando o sentimento se perde e rapaz, essa essência poucos entendem como Joss o faz.

Track List:
”Love Me”
”This Ain’t Love”
”Stuck On You”
”Star”
”Let Me Breathe”
”Cut The Line”
”Wake Up”
”Way Oh”
”Underworld”
”Molly Town”
”Sensimilla”
”Harry’s Symphony”
”Clean Water”
”The Answer”

Depois de trabalhar com Damian Marley no SuperHeavy, Joss foi bastante influenciada pelo legítimo Ragga da Jamaica, algo que marcou tanto seus ouvidos que acabou indo para os estúdios, junto com produção do cidadão que inspirou todo esse novo contexto: Damian Marley. 
Porém é válido ressaltar que o que predomina no disco não é o Reggae. Esse é um elemento bastante presente, claro, mas Joss também ficou atenta para não fazer um disco maçante e sua última tour global deu as ferramentas necesárias para isso.
A sonoridade é bastante rica e bem explorada. Também existe espaço para aqueles climões da música Gospel, intervalos com uma guitarra azeitada no flamenco, pitadas de percussão indiana e belíssimas passagens instrumentais com tudo isso misturado na clássica estrutura Jazzística que a cantora fez seu nome e carreira.
São 14 temas e mais de uma hora de som, conteúdo melódico que surge três anos após ”The Soul Sessions Vol. 2” e paga os fãs com juros e correção. Pra variar, o disco já começa com um clima de positividade bastante apurado, ”Love Me”, a faixa de abertura é uma excelente ambientação para se entender a Joss de ”Water For Your Soul”.

Reparamos na atualização sonora mas sentimos que a fórmula base ainda é a mesma. Apesar de insights de Hip-Hop, por exemplo, a classe segue beirando o Jazz com ”This Ain’t Love” e um dos singles do disco, ”Stuck On You”. mas não se esquece de explorar as possibilidadess musicais que a cantora anseia em expandir. ”Star”, é um tema que foge à regra e surge com requintes bastante calcadas no vai e volta do som de Marley, mas que em contrapartida, esbanja um acabamento de cordas lindíssimo.

Aqui sua voz evidencia novas facetas só que o faz com delicadeza. O disco justifica a demora, nota-se o esmero na instrumentação e todos os pequenos detalhes que enriquecem o background sonoro, mas a cereja do bolo continua sendo sua bela voz. Elemento este que está em sua melhor fase e mostra muita versatilidade com a radiofônica ”Let Me Breathe”, a session crua e jamaicana de ”Cut The Line” e a explosiva ”Wake Up”, raga que aposta na força do baixo e da participação de Damian Marley para fazer barulho com a revolução de sua caixa de som.

Esse disco é a prova que essa mulher pode cantar o que quiser, é só questão de ter vontade e mostra que a cantora ainda está abrindo este leque, e ”Way Oh” e ”Underworld” são bons exemplo deste desenvolvimento de nova lírica.

No final das contas a mulher manda tão bem que até Hip-Hop faz sua cabeça com esse acabamento vocal. O maior destaque sem dúvida alguma são as trocações roots. ”Molly Town” e ”Harry’s Syphony” (som inspirado no próprio irmão da cantora, um dos responsáveis por essa nova abordagem), são dois dos picos deste flerte esfumaçado, rola até um DUB de fundo e o instrumental segue bastante calcado na raiz do gênero de dreadlocks.

Eis aqui um disco de alguém que não liga à mínima para a crítica. É delicioso escutar a voz dessa moça exatamente por isso, a energia que ele emana para seu público com essa voz de Barbie com Etta James é absolutamente relaxada e livre de questionamentos que não sejam musicais. ”Clean Water” é uma bela prova do que acontece quando a maré conspira a favor, siga seu caminho para sempre dessa maneira senhorita Stone, surpreendendo todos a cada disco e ganhando cada vez mais experiência de vida para assinalar um clássico num futuro próximo. Weed is the answer.

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