Gorinez lança mixtape em meio ao agravamento da crise política e sanitária em nosso país que nos lança em uma situação de vida ou morte.
Contaminado pelo espírito moribundo desses tempos sombrios, Gorinez lança uma mixtape pesada, com tom mórbido, refletindo o tipo de sociedade na qual vivemos. O título remete a essa condição fatídica em que vida e morte se apresentam como formas de estar nessa realidade desesperadora. Fomos empurrados para uma situação em que a morte é uma realidade factível, na qual estamos cotidianamente tensos, experimentando o medo contante de sermos lançados à própria sorte na luta pela vida.
Bom, essa é uma realidade nova pra muitas pessoas, contudo, essa luta cotidiana pela sobrevivência, o convívio diário com o medo e a tensão diante da possibilidade real da morte já faz parte da realidade da maior parte das pessoas. Nas periferias essa condição é constante e já existe um aparato de repressão e extermínio das pessoas consolidado ao longo da nossa história de controle social das pessoas oriundas das classes sociais populares. O descaso do governo quanto o efeito devastador da pandemia sobre as periferias brasileiras é mais um elemento opressor voltada contra essas pessoas.
Em suas rimas Gorinez trata dessa realidade e o modo como ela afeta as pessoas, diminuindo o campo de possibilidades de vida para elas e apresentando apenas como certo, os caminhos que levam à morte prematura. Quando há sorte melhor, apresenta-se uma sobrevivência subserviente, como mão de obra barata dentro da estrutura de produção.
Nessa mixtape Gorinez estabelece conexões diversas. Primeiro, indiretamente com Danilo Cruz com quem divide a letra de Contexto, que tem ainda o beat de autoria de Calibre. Em Então Vem os beats ficaram por conta de Turbo Paul e Alemanha, enquanto na faixa que encerra a mixtape, Viver, Gorinez divide a letra com Infoguerra. A Capa e a Contra Capa são de autoria do próprio Gorinez, a gravação, mixagem e masterização ficaram a encargo da Underhouse Records.