Essas moscas num vão pousar, vão invadir a sopa deles

Num tem inseticida pra derrubar essas moscas! BaianaSystem e Tropkillaz botando Vandal mais Dog Murras numa fita pesada,  groovada e cheia de swing!

BaianaSystem, mais que uma banda

Moscas
SekoBass, Laudz, Roberto Barreto, Zegon e Russo Passapusso crédito Filipe Cartaxo

Quando a BaianaSystem diz “Quero a nossa cultura em primeiro lugar”, demarca uma posição no cenário cultural brasileiro. O de que a cultura periférica, ou seja, preta, nordestina, nortista, sul-americana, africana, decolonialista tem que buscar meios de ter seu protagonismo no mercado cultural reconhecido.

Se você é um artista periférico você deve ser a mosca na sopa do empresariado que gere o mercado cultural brasileiro. Buscar os meios para fazer a cultura periférica estar no topo, significa lutar para conquistar os espaços no mercado cultural brasileiro.

A BaianaSystem está entre os grupos e artistas de origem periférica que desenvolvem as condições para o sucesso nessa batalha. Isso poque a BS não é apenas uma banda, mas um coletivo. Faço essa afirmação baseado no fato de que não há trabalho lançado pela BS que não traga parcerias com outros artistas do campo cultural periférico.

Essa articulação não tem apenas implicações estéticas, mas políticas, na medida em que fortalece todo este seguimento. Nomes desconhecidos em determinados nichos ou regiões ganham a oportunidade de ter contato com um público diferente, que já foi conquistado pela BS. Foi o caso da parceria com a cantora angola Titica no single Capim Guiné, e as inúmeras parcerias que se deram em forma de participação em faixas de todos os álbuns lançados pela BS até aqui. 

As parcerias constantes com B Negão, Vandal, Tropikilazz são exemplos disso. Aliás, estes dois últimos estão junto com a BS no single A Mosca, que faz outra conexão com Angola ao trazer Dog Murras para formar o bonde pra fazer esse som. 

A mosca e as moscas

AS Moscas
Arte para o single A Mosca.

O encontro entre BS e Tropkillaz já tinha resultado em duas remixadas da pesada por parte do duo nas músicas “Saci” e “Cabeça de Papel”.

Em “A Mosca” os caras fizeram um bloco sonoro pulsante, destacando os graves pra parte do cantor, compositor, escritor e ativista angolano Dog Murras e para a parte de Vandal. Enquanto privilegiaram as tramas percussivas na parte de Russo Passapusso e da BS.

Não conhecia o Dog Murras e cara, o flow do homi pesa toneladas! E não é pra menos, a voz grave e rouca dá poucazideia sobre qual violência causa mais dor.

A canetada dos representantes do poder capital violenta a população trabalhadora, transformando parte dela em agentes da violência contra membros dela mesma. Seja como agentes do estado através da PM, seja como membros das facções criminosas ou mesmo da vida criminosa freestyle.

É na canetada nos decretos que as armas são mais facilmente adquiridas por milicias e organizações criminosas (aqui), que retiram direitos dos trabalhadores e aumentam os lucros de empresários e banqueiros (aqui), que cortam investimento na saúde pública (aqui), que sucateiam a educação pública (aqui), que corta investimento no combate à violência contra a mulher (aqui).

Dava pra continuar a lista, mas acho que o ponto está mais que embasado com o que foi disponibilizado acima. Dog Murras passa a bola pra BS que vem dar o lirismo e a metáfora, revestindo a batucada tropikillada e fazer uma espécie de interlúdio entre o sanguenozói de Dog Murras e o zóinosangue de Vandal. 

Aí meu camarada, quando você se afunda no transe da BS e fica no giro da Mosca do Raul, entra Vandal pra te arrancar de lá na tora. Faz tempo que o rapper baiano dá a letra de que a repressão usada pra controlar a população jogada nas periferias vai ser combatida com bala e fogo.

Não é diferente no trecho em que Vandal trança suas linhas. Chamo atenção para o verso “Povo preto organizado”, porque é a organização das populações marginalizadas a principal arma para se lutar contra a opressão que o aparelho estatal, sobre o controle do capital financeiro, direciona contra pretos, pretas, trabalhadores e trabalhadoras.

O single A Mosca foi lançado no dia 22 de setembro e saiu pelo selo Máquina de Louco e pode ser ouvido em todas as plataformas digitais. Então, não perca tempo e já vai dar o play e sentir a pressão desse som mais que necessário.  

Para ler mais de BaianaSystem no Oganpazam clique neste link.

 

Ficha Técnica

KillazSystem – Fusão Sonora Amplificada

Roberto Barreto

Setembro/2022

A MOSCA (Dog Murras/Raul Seixas/Russo Passapusso/Vandal/SekoBass)

Sample: A Mosca (Raul Seixas)

A Mosca – BaianaSystem & Tropkillaz feat Dog Murras e Vandal

Voz: Dog Murras, Russo Passapusso e Vandal

Programações, edição e efeitos: Tropkillaz

Programação, samples, beat, efeitos e baixo: SekoBass

Guitarra Baiana: Roberto Barreto

Guitarra: Junix 11

Synth modular: João Meirelles

Percussão: Ícaro Sá

Mix e Master: Luciano Scarlercio

Gravadora: Máquina de Louco

Distribuidora: Altafonte

Capa: Filipe Cartaxo

Vídeo: Filipe Cartaxo e GG. Di Martino

Fotos: Filipe Cartaxo

Produção Executiva: Maria Fortes

Produção: Fernanda Oliveira

A&R: Lohana Schalken

Comunicação: Victoria Oliveira e Bruna Canalini

Assessoria de Imprensa: Bebel Prates e Letícia Escobar

Articles You Might Like

Share This Article