Erudite Stoner é uma viagem marcante a um mundo cinzento e melancólico.
Erudite Stoner traz um álbum recheado de sentimentos controversos, que te levam para um caminho sem volta de melodias e arranjos cristalinos e desconstruídos.
Se você por acaso já teve aquele tipo de sonho em que de repente se vê em uma estrada vazia onde a solidão é quase palpável, ou saiu por aí andando sem destino e de alguma forma estranha isso te atrai, esse disco é pra você.
Nesse sonho em que caminha por uma estrada vazia e reta (?), você geralmente não sabe aonde vai chegar ou se de fato vai chegar. Às vezes é um simples sentimento de estar como que parado no tempo.
Pois é, foi exatamente o que senti enquanto escutava Erudite Stoner. As sensações desses sonhos recorrentes reapareceram com toda força. Uma enorme sensação de conforto na solidão, que por certos momentos grita sem dizer uma palavra, tentando talvez fugir de uma prisão interna.
O disco de pouco mais de 30 minutos nos leva nessa jornada sem destino e sem hora pra voltar.
Spiritual Deliverance, faixa que abre o álbum, mostra para os ouvintes como o erudito e o stoner podem estar presentes de forma muito interessante nos violões tocados com toda competência pelo músico Matheus Novaes (Erudite Stoner) que assina o disco em todos os aspectos: composição, produção, e execução e etc.
Enquanto o disco rolava eu ia ficando cada vez mas fascinado por esse mundo estranhamente familiar, viajando à lugares e reflexões que por vezes me trouxeram à mente a atmosfera de pessimismo do filme The Road (2009).
As faixas Waiting For Storm e Far Way From City Walls trazem uma certa tranquilidade de bons tempos e logo depois te arrebata pra realidade e te deixa aflito de uma maneira inesperada.
Já Sand Path, There Is No Home e Alienist são faixas mais tristes. Talvez expressando uma insatisfação profunda do autor onde a tristeza parece não se distinguir de um inconformismo voraz.
O álbum finaliza muito bem com as faixas Roads to Somewhere e Left Behind. Roads to Somewhere por sinal é a maior musica do registro e na minha opinião o ápice do disco, fazendo com que seus pouco mais de 7 minutos servissem como um resumão de uma obra que te leva pra longe e te traz de volta, mas dessa vez não intacto.
Por Igor Marques
Erudite Stoner (2016).
Ouça abaixo essa pequena pedra preciosa: