Um dos guitarristas mais interessantes da cena atual, Cory Wong está ressaltando a importância da guitarra ritmica no groove.
Nos últimos anos tenho ouvido um número consideravelmente menor de guitarristas. A razão pra isso nem é a falta de bons instrumentistas, afinal de contas, numa cena formada por caras como Mansur Brown, por exemplo, chega a ser ridículo falar que o problema é a oferta de grooves.
Mas a grande questão não é nem a forma, no caso o instrumento – a guitarra – mas sim o conteúdo, algo inerente ao formato. Julgo conteúdo, nesse caso, todo o conjunto de percepções sonoras que vai condensar e criar o approach do músico para com seu instrumento, e é exatamente aí que reside o problema.
Você já parou pra ver quais são os tipos de guitarristas que existem hoje em dia? Acredito que seja possível categorizá-los em duas frentes:
Fritadores (shredders) que tocam 1.000 notas por segundo da maneira mais mecânica possível e músicos que sabem tirar som. Nomes como Cory Wong, por exemplo, um cidadão capaz de trazer o protagonismo para o Funk, sem necessariamente precisar fritar ou ocupar a posição de solista. O segredo está na base.
Line Up:
Cory Wong (guitarra/baixo/piano)
Ben Rector (piano/sintetizadores)
Kevin Gastonguay (teclados/sintetizadores)
Elliot Blaufuss (órgão)
Ryan Liestman (teclados)
Kevin Macintire (baixo)
Petar Sanjic (bateria)
Michael Nelson (trombone)
Kenni Holmen (saxofone)
Steve Strand (trompete)
Adam Meckler (trompete)
John Fields (teclados/sintetizadores)
Robbie Wulfsohn (vocal)
Cody Fry (teclado/sintetizadores)
Ricky Peterson (órgão)
Joe Savage (pedal steel)
Sonny Thompson (baixo)
Antwaum Stanley (vocal)
Marti Fisher (flauta/teclado/baixo)
Phoebe Katis (vocal)
Track List:
“Jax”
“Light As Anything”
“91′ Maxima”
“Jumbotron Hype Song”
“Sitcom”
“Juke On Jelly”
“The Optimist”
Cory Wong – The Optimist
“The Optimist” é o segundo disco solo da carreira do Cory Wong. Lançado no dia 08 de setembro de 2018, esse trabalho saiu num momento chave da carreira do instrumentista natural de Minneapolis.
Fearless Flyers, Vulfpeck e carreira solo
Com lançamentos que ilustraram diversas listas de melhores discos do ano, Cory nem ligou para a agenda do supergrupo Fearless Flyers – grupo formado por ele, Nate Smith (smith), Mark Lettieri (guitarra) e o baixista Joe Dart – tampouco do Vulfpeck e resolveu gravar um disco solo só para manter a mão direita aquecida.
Já pela lista de músicos que figuram nessa gravação, nota-se que o som está longe de ser alguma brincadeira, apesar dos caras tocarem horrores, sem, aparentemente, nenhum esforço.
Cory Wong and the Greenscreen Band
Sucessor do também muito interessante “Cory Wong and The Greenscreen Band” – debutante solo que o músico lançou em 2017 – “The Optmist” chega para apresentar uma nova visão guitarrística, mas ainda apresentando elementos desse disco, por isso destaco sua importância.
É interessante sacar alguns dos projetos citados, justamente para se ter uma ideia do que Cory está construindo em termos de sonoridade, principalmente nos últimos anos.
Influenciado pelas maiores gemas do Funk/Soul/R&B setentão, as linhas que saem na forma de ácidos licks e riffs de sua strato, são inspiradas nos arranjos de sopro que rechearam o groove dos estilos citados.
Só que no lugar de optar pelo preenchimento e trabalhar essa abordagem do jeito virtuose – o mais comum – Cory impressiona justamente por deixar a plateia perplexa, priorizando sempre 4 elementos: ritmo, groove, timbre e a guitarra base.
O cidadão plantou uma pulga atrás da orelha de muita gente. Pegue o swing de “Jax”, faixa que abre o disco, por exemplo. Se liga no baixo marcando, os metais na pressão… Mesmo com tudo isso, o termômetro das ações é a guitarra base e aí que está o grande lance.
Ele sustenta o groove, mas a dinâmica é tão rica que isso passa desapercebido, enquanto você bate o pezinho. Um disco capaz de tocar na rádio, de cabo à rabo, “The Optimist” mostra um som com grande apelo Pop-radiofônico, sem necessariamente perder valor e qualidade. “Em Light As Anything”, Robbie Wulfsohn chega com vocais cremosos, dignos de liderar a lista da Billboard.
Ao som de “91′ Maxima, Cory relembra o trabalho que fez o Vulfpeck lotar o Madison Square Garden, enquanto “Jumbotron Hype Song” vem com um baixão na sua cara, patrocinado pelos dedos de Sonny T e os vocais à la Disco Music com Antwaun Stanley.
Impressionado com as capacidades do groove de base? Apesar de não ser o destaque em todas as faixas, essa estrutura coloca Cory sempre em evidência e nunca num papel repetitivo ou monótono, duas palavras que com certeza já foram usadas para descrever a sensível arte da guitarra rítmica.
O grande público precisa conhecer esse cara.
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