Céu – Catch A Fire

A Céu é uma das cantoras menos óbvias que surgiram nos últimos anos. O interessante é que mesmo fazendo parte de um segmento tão bitolado (pelo menos hoje em dia), quanto a MPB, seu som acaba saindo pela tangente, mais até do que pertecendo ao mesmo ciclo. Ela não tem nenhuma voz de outro planeta, mas o timbre é calmo, solto, relaxado, ela sente cada sílaba que pronuncia, o ouvinte consegue ouví-la por uma semana seguida e não cansa!
Ela é original, tem dois Grammys e a cada novo registro segue na mesma linha, produzindo um som rico, tanto instrumentalmente como na parte escrita-teórica, sem letras à base de pura petulância intelectual. Ela também não fala a esmo para no fim não falar absolutamente nada, todo seu conteúdo artístico tem significado, e o melhor de tudo, é único. E isso possui um valor inestimável, ela sempre surpreende. 
Sua última tacada foi pegar um clássico retumbantemente faraônico do Reggae e mandar na íntegra, fez tanto sucesso que a Tour precisou se extender, e pela qualidade do trabalho acho até que ela tinha obrigação de fazer virar disco. Agora a paulista realmente me provou que era fã de música africana, e mais que isso, tem alma de artista, por que não é qualquer um que segura a onda de regravar o  ”Catch A Fire”.

Line Up:
Dj Marco
Prado (teclados)
Zé Nigro (guitarra/vocal)
Lucas Martins (baixo)
Bruno Buarque (bateria/vocal)
Dustan Gallas (guitarra/vocais)

Track List:
”Concrete Jungle”
”Catch A Fire”
”400 Years”
”Stop The Train”
”Rock It Baby”
”Stir It Up”
”Kinky Reggae”
”No More Trouble”
”High Tide Or Low Tide”
”All Day, All Night”
”Burnin’ And Lootin”’
”Catch A Fire”

Aqui, em mais ou menos uma hora e quinze, a cantora dá outra vida para o já classiquíssimo disco, que além de ser um dos primordiais do Reggae, foi o que lançou Bob & cia para o estrelato.

A capa que ilustra essas linhas foi uma das fotos de divulgação da tour deste trabalho, e o áudio do vídeo foi extraído de um show ao vivo televisionado pelo Canal Bis no dia primeiro de março de 2014.

O que mais me chamou a atenção foi como ela conseguiu trabalhar as canções. O Bob tinha uma voz que mesmo não sendo uma grande referência vocal, conseguia impactar o ouvinte junto com seu Reggae-resistência, mas também era suave e sustentava toda a pegada que seu som também tinha aos montes, junto com as letras fortes, sempre envolvidas pela suave levada de sua cozinha. Um som de extremos.
Aqui a banda aproveita tudo, mas alonga os temas com um instrumental de raro feeling, e abaixa o tom das faixas para ajustar tudo perante a voz de quem teve a audácia de fazer tudo isso. Tem pegada, muito som e um lado tributo que tenta não só tocar o repertório do grande Marley, mas que também é corajoso o suficiente para chegar com um toque pessoal excelente e sincero. Fique com o áudio do show e prestem atenção no estrago de ”400 Years”.

áudio:

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