Um gás nobre é um membro da família dos playboys da Tabela Periódica. O termo, ”gás nobre”, foi escolhido para deixar claro que essa seleta categoria não se mistura, citando a grande Dona Florinda: ”Com esta gentalha”.
Não, jamais, os comuns não tem chance com essa panelinha, o Hélio não dá rolê com qualquer um… A coisa simplesmente não flui, esse pessoal mais cult não combina com os demais elementos, a reatividade é baixa e o bom gosto é supremo.
Perceba que existe um paralelo em potencial, a música é perfeitamente comparável com este fenômeno científico. Tente requintar seus sentidos e perceba que os gêneros não tem um elo de ligação, a volatilidade de cada jam é bem diferente, tal qual a minha estapafúrdia comparação entre gases, e seus parâmetros químicos.
Mas ainda trabalhando com essa de ideia de improvisos gaseificados, qual seria o seu gás nobre preferido? O meu é o Jazz, algo como um Hélio para Miles Davis, doses de Xénon para Dizzy Gillespie e um Néon para Sonny Rollins e o seu laboratório Jazzístico. ”Tenor Madness” é a personoficação de um gás nobre e apenas um dos clássicos que Sonny emplacou. É meu amigo, o ano de 1956 foi sem precedentes para a música.
Line Up:
Paul Chambers (baixo)
Red Garland (piano)
John Coltrane (saxofone)
Sonny Rollins (saxofone)
Philly Joe Jones (bateria)
Track List:
”Tenor Madness”
”When Your Lover Has Gone” – (Einar Aaron Swan)
”Paul’s Pal”
”My Reverie” – (Larry Clinton/Debussy)
”The Most Beautiful Girl In The World” – (Rodgers/Hart)
Sonny é conhecido principalmente por ser o criador do icônico ”Saxophone Colossus”, também lançado em 1956, mas quem conhece Jazz, e principalmente, quem já foi a fundo na discografia do americano, sabe que o mestre possui diversos trabalhos brilhantes, inclusive até a crítica se divide em relação a certas gravações, e ”Tenor Madness” é um delas.
O primeiro registro que Sonny lançou em 1956 foi ”Sonny Rollins Plus 4”, depois tivemos o advento deste aqui, embalando o ”Saxophone Colossus”, além de ”Rollins Plays For Bird”, ”Tour De Force” e ”Sonny Boy”. Essa é pra você que se acha workaholic… Parece loucura mas o saxofonista gravou seis discos em um ano. A Prestige Records (selo do cidadão de 1953 até 1956) nem se pronunciou sobre o assunto. Isso sim é que é ter crédito no sentido literal da palavra.
E o resultado é de uma proeza sonora que contou com uma banda de apoio fabulosa por trás e com direito até a participação de John Coltrane na abertura do disco (com a faixa título), reforçando ainda mais o impacto que seu Jazz teve na evolução do estilo.
Um Hard Bop fervoroso, quente, imponente e que sempre polarizado nas improvizações equilibra seu embriagante fraseado saxofonístico. Dessa maneira a cozinha consegue até abrir espaços para quebras de tempo completamente imersas numa estética que não seguia métricas, mas que ainda assim conseguia brincar com elas.
Com performances excelentes por parte do back up de apoio, as peças chaves são o piano e a bateria, tocados respectivamente por Red Garland e Philly Joe Jones. Como se não bastasse o sax e a cia de Red e Joe, os caras ainda são apadrinhados pelo baixo de Paulm Chambers… É quase uma poesia concreta, um disco importantíssimo, a nata dos gases Jazzísticos.