O trio Beatbass High Tech (BBHT) lança o afroturista Lado 6 (2021) dialogando com as tradições negras no Brasil e na diáspora!
O BBHT Beatbass High Tech formado pelos produtores Pablo Duca, Raphael Garcêz e Ígor Patrocínio na cidade de Volta Redonda, sul do estado do RJ já carregam inúmeras produções musicais no currículo em 16 anos de existência como João Xavi, Ju Dorotea, Natache, Miami Bros, Pevirguladez, Lelin, Raí Freitas & U bandão, Amplexos, Telefunksoul, Greggório.
Em 2015 lançaram o disco autoral Luzes Sonoras, um disco que tem como base grande escola rítmica da música afro como o rock, o afrobeat, o dub e a psicodelia. Em 2019 lançaram o single “Dois de Fevereiro”. No ano da pandemia, conduziram o projeto BBHTape, produzindo três volumes num período de oito meses lançados exclusivamente aqui pelo Oganpazan. As BBHTapes eram a junção de samples e beats, instrumentos orgânicos, discos de vinil num resultado 100% instrumental. Tudo isso sendo feito no Estúdio Quarto da Vó Penga, o laboratório de pesquisa e produção de seus sons.
O Ep Lado 6 é Beatbass High Tech afrofuturista
O primeiro lançamento de 2021 do Beatbass High Tech ganhou o título de Lado 6 semelhante a dois lados de um disco de vinil. 3 faixas para cada lado abordando duas linguagens musicais: eletrônicas e orgânicas. A temática presente é Afrofuturista onde os toques de Candomblé encontram o hardcore, metal, rap, afro house, jungle, reggae e o dub.
O Ep abre os trabalhos com a faixa Cansanção :: Curimba, num crossover de metal, hardcore, guitarras baianas e toques de Congo dos Candomblés de Nação Angola com letra dos poetas André Capilé e André Gontijo Flores que mesclam linguagens bantu e indígena dando o toque do conteúdo do disco logo na primeira faixa, ou seja, um disco Afropunk Antropofágico.
A segunda track, Kafua traz os batuques do terreiro Xambá de Recife em sintonia com o Jungle e as rimas de Negro Freeza do OQuadro sintetizando a África presente em nosso país, ou seja a terra mãe, Bahia.
Música pra guerra é um afoxé inspirado nos blocos Afros baianos que condensam a força da negritude e sua música como arma contra o racismo. A letra de André Capilé explana a realidade presente diariamente em nossa cara: “… Um dos nossos mais um tá morto, todos sabem a cor do corpo, farinha do desprezo é o preto nos jornais…”. Eis que pode se notar completamente a referência dos discos Roots do Sepultura e Nação Zumbi com os discos Afrociberdelia e Futura.
Pull up my selecta! Preto Velho quer dançar!
A segunda parte do EP começa com um legítimo Dub mixado na mesa de som da base sonora Quarto da Vó Penga, reduto do Beatbass High Tech. A track “DUB” remete ao reggae do final da década de 80 iniciado por Black Uhuru, ou seja, agressivo e combatente, que desembarcou em terras londrinas e nesta mesma época teve expoentes como as bandas Steel Pulse, Aswad, Tribesman e produtores como Jah Shaka e Mad Professor. A participação especial nessa track é de Martché, da banda Amplexos, tocando escaleta in a Augustus Pablo style.
Louvar a ancestralidade faz parte das religiões de matriz africana e em Xangô é Rei que o Beatbass High Tech cumpre esse papel no ijexá totalmente inspirado no disco Cinema Transcendental, de Caetano Veloso, Refavela de Gilberto Gil e nas vozes dos Tincoãs. Aqui o EP também exalta nações e tribos brasileiras como reflete a letra: “…falo kimbundo, tupi, yorubá, sou de Angola, bantu, sou tupinambá. Bato pro santo, toco o meu maracá, toco minha gira até ela terminar.”
Finalizando o enredo, nada mais merecido que um Bailão escrito por André Capilé tendo Antônio Carlos & Jocafi e os MC’s Willian e Duda sampleados num AfroHouse que encontra a sonoridade dos bailes funks cariocas da década de 90.
O EP “Lado 6” foi produzido e gravado no final de novembro de 2020, com três faixas mixadas por BBHT no estúdio Quarto da Vó Penga e três por Jorge Luiz Almeida, no estúdio Caos & Vitrola. A estréia conta com uma produção audiovisual dirigida por Daniel Barreto, onde cada faixa é assinada com uma arte e lyric vídeo.
Beatbass High Tech (BBHT) lança o afrofuturismo Lado 6 (2021)
Por Redação Oganpazan