A viagem do My Sleeping Karma por meio do turbilhão de Moksha

A psicodelia é um campo terapêutico da vida. A instrumentação está na mesma temperatura de cada detalhe sonoro e existe um cuidado com tudo que importa dentro da jam, desde o clima até as mudanças que nortearão novas possibilidades.
A música não possui uma fórmula secreta, mas é claro que existe um desfecho, um processo que trabalha para justamente unir as formas da maneira mais criativa e sentimental possível. A naturalidade é um elemento forte nessa massa de arte.

O eco pede por fagulhas de momento, por soluções no improviso e por uma roupagem digna de tudo isso, algo religioso, reflexivo e espacial. Basicamente, nós pedimos pela receita do quinto disco de estúdio dos germânicos do ”My Sleeping Karma”.

O pessoal fala da Suécia, mas a energia cósmica de Eloy que esses caras dissolvem na primavera das estações de ”Moksha” (quinto devaneio de estúdio do quarteto), é tão celestial como cantos libertinos. Napalm Records e mais um grande disco para 2015, dessa vez temos um LP obrigatório, plenamente datado de 29 de maio.

Line Up:
Seppi (guitarra)
Matte (baixo)
Steffen (bateria)
Norman (soundbord)

Track List:
”Prithvi”
”Interlude 1”
”Vayu”
”Interlude 2”
”Akasha”
”Interlude 3”
”Moksha”
”Interlude 4”
”Jalam”
”Interlude 5”
”Agni”

Quando você chega em casa e cath a fire num incenso, a terapia de fumaça sai do corpo da matéria que forma esse bouquet de aromas mundanos. Só que o ponto elementar quando ouvimos ”Moksha”, ou quando vamos mais além, mergulhando na discografia do My Sleeping Karma, é sentir uma banda que faz tudo a partir de um ponto matriz e, que a partir disso, vai para os mais diversos complexos, como se fosse um exercício de plenitude.
”Moksha” é um conceito indiano que expressa a emancipação. A soltura de tudo, o livre trânsito de energias que é preparado como um conto que passará por uma árvore genealógica. Um estopim que enviará seus conceitos terrenos sobre música para um novo campo.

Uma planície completamente desprovida de de vícios e que semeia o solo com a virtude de começar do zero e chegar ao infinito. Os conceitos do My Sleeping Karma estão em todos os lugares. Neste disco em especial, são 11 peças para preparar a celebração.

Pra variar é um trabalho excelente. Não teve nada na discografia da banda que não estivesse nessa linha de qualidade, mas acho que o esmero em criar grandes temas e grandes passagens entre os mesmos, com os interlúdeos, deu um característica diferente para esse disco.

”Prithvi” surge serena, ”Interlude 1” carrega essa força para ”Vayu”, tema que mostra a facilidade com que o quarteto consegue entrar e sair do tempo do som. Camuflando notas em ”Interlude 2” e continuando o pensamento instrumental com ”Akasha”.

É uma abordagem bastante pura. ”Interlude 3” abre novas possibilidades de raciocínio sonoro e ”Moksha”, melhor tema deste full lengh, brinca com o peso e a timbragem da jam durante quase 10 minutos. A grandiosidade da coisa foi para outro nível, tudo se completa, desde o quarto interlúdeo até ”Jalam” e & ”Agni”, session que encerra as atividades.

Pouco importa como você vai ouvir esse disco, se vai ser na ordem correta, pulando temas, de trás pra frente… Tanto faz, o impressionante é ver como tudo habita seu lugar no cosmos sem exagero, esbanjando feeling e uma trinca de baixo/bateria/guitarra que não falha em momento algum. ”Moksha” é mais do que um bom disco, é uma expressão de como a música surge e nos toca, não precisa seguir a track pra sentir nada, basta apenas se deixar levar por todos os efeitos.

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