Rap Nordeste – Precisamos Nos Ver Mais! Parte 1

Rap Nordeste ? Alguém vê? Muitos manos e minas tem produzido conteúdos em áudio visual que nos informam acerca das cenas e das perspectivas.

Camera Periferia

 

Visibilidade é algo fundamental para qualquer produção artística e em tempos de internet então, nem se fala. Em busca de conhecer melhor as cenas da região nordeste, conhecer novos artistas e obviamente fugir da televisão brasileira, me deparei com excelentes iniciativas. São inúmeros canais no youtube que dão visibilidade a artistas pouco conhecidos, ou a nomes já reconhecidos nas cenas locais mas que não encontram espaço dentro dos canais abertos de mídia.

Essas produções cumprem uma dupla função que nos parece muito importante nos tempos atuais, pois ao mesmo tempo que registram e dão visibilidade a um movimento artístico dos mais relevantes na contemporaneidade, estão muito acessíveis a todos. É fato que a popularização dos smartphones e a maior facilidade para o acesso a internet, faz com que qualquer jovem possa ter acesso a conteúdos produzidos por seus pares. No entanto, estando lá dentro da miríade alucinante de conteúdos no youtube, é preciso a intenção do espectador para que se consiga chegar a estes canais.

Ainda pensando o cenário do Rap Nordestino, foi através desses programas que pude descobrir muitos artistas que de outro jeito talvez me fosse mais difícil. Cada vez mais nos cresce a ideia de que essa produção fragmentada e independente se tornam janelas para a divulgação de iniciativas culturais e para artísticas que de outro modo não seriam vistos por um público maior.

Então, você que diz que milita pelo rap, que é cheio dos pensamentos críticos, dê também visibilidade aos seus, curta e compartilhe produções que falam também do seu redor, dos manos que estão do seu lado nas cidades nordestinas. Afinal, dizem que o conhecimento transformador da realidade é o quinto elemento do Hip Hop.

Inscrevam-se nos canais e sejam realmente informados, não consumam apenas aquilo que lhe chega de longe. Muitas vezes somos tentados a valorizar apenas aquilo que já nos chega com uma produção profissional – leia-se dinheiro bastante para investir nessa estrutura. E esquecemos dos irmãos e irmãs que mesmo com muita dificuldade correm atrás de divulgar aquele amigo seu para o qual você pede nome na lista vip ou mesmo ingresso de graça. Não se trata de valorizar coisas ruins, ou mal produzidas, mas de entender esferas e capacidades de atuação. A formação de plateia passa também – isso é obvio – por uma mídia que seja capaz de divulgar essas iniciativas artísticas e culturais que muitas vezes morrem justamente por falta de visibilidade.

Dito isso, começaremos uma série aqui no oganpazan, com diversas produções audiovisuais que dão conta da cena do rap nordestino. Leiam, depois deem o play, curtam os vídeos e se inscrevam nos canais.

O canal Pela Margem é um coletivo que se propõem, como o seu próprio nome nos indica, documentar manifestações artísticas marginais, na medida em que fogem ou são expulsas do centro das produções culturais da cidade de Salvador. Saraus, Batalhas de Mc’s, Shows ou entrevistas com mc’s locais são os objetos percebidos pelas lentes do coletivo.

Acima, um rolê pelo centro histórico de Salvador e o registro com entrevistas da Batalha do Pega Rex. Uma das boas rinhas de mc’s que acontece no bairro de Cajazeiras.  

 

 

Como as minas são o poder, o Rima Dela não poderia ficar de fora. Fruto do coletivo feminino pernambucano Soul Di Rua, a pegada é dar a voz as mulheres. Criando um espaço de visibilidade onde as questões do empoderamento das mulheres dentro da cena rap são debatidos. 

Através deste programa vocês podem conhecer muitas minas que estão caminhando pesado, seja nas ideias, seja no flow dentro do rap. O foco tem sido com as minas de pernambuco, mas podemos encontrar rappers de outras regiões. Em sua 6 edição lançada na última sexta 01/07, a entrevistada foi Mirapotira, poetisa do rap de origem amazonense e atualmente radicada na Bahia. 

 

Hospedado no TVComAL, que também pode ser assistido pela NET no canal 12, o programa alagoano Conexão Periferia faz um excelente trabalho. Divulgado diversas expressões musicais e artísticas da periferia, seja o reggae, o punk, o metal e obviamente o rap. 

Alyne Sakura, é a ancora em movimento pelas periferias alagoanas, entrevistando, registrando e dando visibilidade a uma serie de artistas. Numa iniciativa muito bacana de registro e divulgação da arte periférica. 

Faustino, além de produtor de beats, é também responsável por um excelente canal onde ele produz reviews de álbuns do rap baiano, o Faustino Beats. Sempre com criticas certeiras, aliando seu conhecimento técnico das produções a uma apurada noção de poética, o mano é sempre objetivo em suas avaliações. 

Excelente pra quem acredita que analisar a obra alheia é simplesmente opinar, no sentido de mandar algum preconceito pre-existente servindo de critério de avaliação. Além disso, o mesmo canal recentemente começou a investir em vídeos com reviews de rock e metal, com a mesma qualidade e agora com a companhia de Rodrigo Pithon. Vale muito a pena.

Por enquanto é isso, fiquem espertos que logo menos a segunda edição deste mapeamento, apenas com webseries de rappers nordestinos. Até a próxima.

 

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