A realidade a partir do sonho com Udi Santos – Entrevista

A MC baiana Udi, lançou de modo independente diversos trabalhos em meio ao caos pandêmico, na resistência e criatividade, conheça!

“Sou tudo o que um dia sonhar ser” 

Em tempos de pressa, ansiedade e depressão as rotas sensoriais e sentimentais proporcionadas pela arte se tornaram essenciais. Durante a pandemia, momento que esses comportamentos apareceram com maior frequência e intensidade, pudemos perceber o aumento no consumo das artes, principalmente da música, em todas as camadas sociais mundo afora.

Paralelo a essa necessidade de consumir música vimos também o surgimento de artistas de diferentes gêneros musicais; no Brasil, é o maior aumento de registro de fonogramas e renda gerada por este mercado em duas décadas e junto com essa leva de novos cantores que almejam espaço na esmagadora indústria do RAP está a artista Udi Santos, que em menos de dois anos de carreira lançou um material foda! Foi um podcast com três episódios e cinco projetos audiovisuais encabeçados por Pretas no Poder que teve a participação da artista mirim Luiza Princes. 

 

Os singles Pretas no Poder, Vou ficar bem, Odoyá, Espelho, Cash, A Noite e o sound brand Pretinha do Bronze, são trabalhos  que apresentam algumas facetas dessa artista múltipla, que a cada lançamento chega pesadona e exala originalidade. Já conhecida nas ruas enquanto poeta e integrante do grupo de RAP Visioonárias (finalizado em 2019), Udi tem presença ativa na internet e vem conquistando espaço.

Quem a acompanha pode perceber que esse crescimento é fruto de um profissionalismo que resulta em estratégias assertivas, que, a partir de uma  identidade visual própria, estabelece comunicação direta com o público, informando de maneira sagaz quais as principais características e ações da marca.

Quando essas habilidades se somam a letras que transitam entre temas como ancestralidade, suicídio, poder, dinheiro, autocuidado, respeito aos diferentes tipos de beleza,  fica ainda mais evidente a que se propõe a artista. Os beats que ficaram sob o comando de Smplsmente seguem a proposta e traz uma mistura rítmica rica, agregando as batidas do TRAP a outros diferentes gêneros musicais, como podemos perceber também no último lançamento da artista, Pretinha do Bronze.

Udi acumula experiência com a prática da edição de vídeos e é ela mesma quem roteiriza e edita suas postagens e videoclipes. Formada em medicina veterinária, essa criativa nata ao decidir mudar de profissão se torna também produtora cultural e funda a produtora independente EuMelanina Produções em parceria com seu produtor Smplsmente. 

Trocamos algumas ideias sobre carreira, produção, parcerias confira:

Oganpazan- Salve, Preta. Fala ai um pouco sobre você. Quem é Udi Santos?

Udi- Udi é uma mulher preta, suburbana, mais precisamente de Tubarão em Paripe, Salvador-BA. Está enquanto Rapper, cantora, compositora, poeta, artista. Costumo dizer que sou tudo o que um dia eu sonhar ser e às vezes palavras não conseguem definir todas as demandas que a gente tem e que nós mulheres pretas precisamos vencer para poder nos manter vivas.

Oganpazan – Como foi seu primeiro contato com a arte, quando você decidiu que queria fazer música e viver disso?

Udi – Com a arte no sentido mais amplo é desde quando me entendo como gente, minha mãe sempre costurou e também pintava tecidos,  panos de prato, então ela me incentivava muito desde sempre. Com o Hip-hop o contato foi na minha adolescência a partir das músicas que chegaram do ensino fundamental para o ensino médio. Mas o que chegou forte também foi o break, tinha roda de break aqui no meu bairro e eu gostava muito de ver tudo aquilo, porém eu não me sentia à vontade ainda para estar naquele ambiente majoritariamente masculino então eu não adentrei. Mas a música, o rap sempre esteve presente na minha vida e me acompanhou o tempo inteiro.

Durante a adolescência, como eu disse, queria ser artista mas sabemos que de onde a gente vem, a gente de periferia, nossos pais entendem isso como um hobbie e não como algo que possa nos sustentar, que possa nos fazer ganhar respeito na sociedade diante de todo esse paradigma que colocam em torno da arte, da música. E aí eu acabei me afastando, só ficando de standby, ouvindo, assistindo e em 2016 com a perda do meu pai eu vim totalmente no RAP porque eu sempre escrevi muito, até mesmo para tentar liberar algum sentimento, e a escrita servia de cura pra mim. Nesse ano eu precisei muito disso e aquelas escritas se tornaram músicas, percebi que como aquilo tinha me salvado poderia também ajudar outras pessoas.

Oganpazan – Você falou da dificuldade do seu lugar de fala enquanto mulher preta e suburbana ser respeitada na sociedade; quando essas marcas se somam ao fato de você ser também uma cantora do gênero RAP quais as principais barreiras no processo de ser respeitada e reconhecida no mercado como profissional?

Udi – Então, a dificuldade surge a partir do momento, né? Em que uma preta consegue adentrar no espaço da universidade e consegue se formar na área de saúde. Eu me formei em medicina veterinária e no momento que eu chego nesse nível e não quero mais desempenhar a função a sociedade já toma aquele choque quando eu falo que quero cantar, ser artista, então a primeira dificuldade vem daí. “Como,sabe? Como você alcançou isso e agora você?…” como se eu fosse retroceder. Só que na minha vida, como eu falei, né? Eu creio que eu posso ser tudo que um dia eu sonhar ser, eu sabia que teria que voltar a estaca zero mas que aquilo estava me fazendo bem, sobreviver, sabe? Que aquilo iria me fazer viver,né? E não só estar aqui por estar, aí eu me torno artista. Eu sou muito…não sei se a palavra é metódica ou organizada, mas quando eu quero algo eu corro atrás em todos os sentidos, buscando informação, procurando me profissionalizar, então eu acho que  a dificuldade maior para artistas negras , periféricas, independentes é essa informação da indústria da música chegar e aí foi isso que eu busquei, quando eu percebi que era isso, eu busquei. 

No início de 2017 eu iria fazer um EP solo e foi aí que eu participei do projeto Saque das Pretas, formei e passei a ser do grupo Visioonárias e aí eu apliquei todo esse meu conhecimento dentro do grupo, né? Em questão de profissionalização mesmo em torno da indústria da música e a gente conseguiu alcançar visibilidade e números muito interessantes, porque quando a gente fala de rede social e mundo da música hoje a gente precisa falar de números, é bem interessante…

E a partir do momento que eu decido não estar mais nesse lugar, por que já não me cabia mais eu percebo que preciso voltar a estaca zero porque uma coisa é Visioonárias e outra coisa é Udi Santos solo, e aí eu volto a estaca zero mas com todo conhecimento que eu já havia aplicado e agora com experiência. E quando a gente tem esse conhecimento, tem essa carga a gente consegue se armar melhor, não que isso faça a gente alavancar, porque nós enquanto mulheres pretas, precisamos ser mil vezes melhor.

Mesmo tendo esse conhecimento, sabendo por onde ir, sabendo quais peças a gente tem que jogar não adianta, sacou? Então eles fingem que não sabem, mas a gente tá aqui e tem uma hora que não dá pra esconder, não dá pra disfarçar, entendeu? Então eu acho que essa é a maior dificuldade, é a tentativa do apagamento! Só que nós somos nós, né velho? E o trabalho quando é bem feito, quando é através de empenho e profissionalismo  não tem como esconder.

E ainda tem a dificuldade da sobrevivência, da grana ! Da grana para poder entrar com a  arte. Quando a  gente se profissionaliza, fazemos esse trampo todo de organização e tudo mais a gente ainda precisa se impor porque  a arte não deve ser feita só para entreter de forma gratuita, por que  a galera pensa isso,né? Acha que a gente deve entreter e entretenimento é um trabalho. Então, passar a entender o que  a gente faz também como um trabalho nessa profissionalização que eu venho falando é muito importante pra isso, pra gente saber se impor, colocar valor no nosso serviço também. A gente faz por amor porque  a gente sabe o que a gente quer, onde a gente quer chegar, mas a gente também faz isso pelo dinheiro porque o dinheiro que faz a gente se sustentar. Hoje eu ainda não consigo me sustentar totalmente da arte, a arte ainda é uma renda paralela. Mas o meu sonho, que eu acredito que seja  a curto prazo, é viver da música. 

Oganpazan – É possível ver esse profissionalismo nos seus trabalhos. Como está sendo esse processo de produção e parcerias de forma independente?

Udi – Vei, eu sou muito comunicativa, né? E eu trampei também num certo momento com vídeo. Eu fiz um curso de vídeo na Oi Kabum, fui  jovem educadora nesse curso, eu passei mais ou menos uns três a quatro anos trabalhando nessa área, então eu conheci algumas pessoas. E eu também conheço muita gente da minha comunidade, do meu entorno, sempre falo do subúrbio e de quanto eu amo o subúrbio e eu conheço as pessoas ao meu redor que trabalham com isso e tudo mais, e são com essas pessoas que eu procuro fazer parcerias.

Porque às vezes a gente vê,né? As pessoas de longe, que fazer trabalho com não sei quem, sendo que nossos vizinhos, nossos brother fazem esses trampos tão foda quanto. Então, as parcerias eu busco nesse sentido, com os meus conhecidos, os próximos a mim. E é uma questão de troca mesmo, por que eu creio que parceria precisa existir uma troca. Tô falando aqui, já tô expondo um método que eu utilizo (risos) que é de mandar como projeto mesmo. Porque cada música minha não é só uma música, é um projeto, tem uma ideologia por trás , tem um pensamento por trás. Então eu mando, poxa, eu tô com esse pensamento  tenho a ideia, porque eu sou muito audiovisual eu já escrevo a  música às vezes já pensando no clipe e aí eu já trago isso pra pessoa e  coloco mesmo o que eu sei fazer.

Velho, eu sei fazer isso e aquilo. Pode me chamar, inclusive, pra ficar de assistente, pra carregar alguma coisa e tudo mais como uma troca mesmo, sabe? A gente precisa fazer isso, às vezes, às vezes não, na maioria das vezes os nossos trampos são feitos com zero reais de investimento, porque a gente não tem mesmo, então a gente tem que trocar serviço, acredito que o caminho é esse. Agora , quando chegar o momento em que você pode pagar por aquele serviço você paga, sacou? E você paga a quem te fortaleceu quando você não tinha grana nenhuma, porque também tem essa questão, né? A galera faz muita parceria mas quando tem dinheiro contrata os branco pra fazer. Ai pelo amor de Deus, né?

Meu sonho véi é ter uma equipe preta foda, sabe? Primeiramente que seja das minhas área, sabe? E vá ampliando assim ao entorno. A gente sabe que nem tudo é como a gente quer, mas o meu desejo é esse, é o black money mesmo.

E eu percebi também que eu precisava virar uma empresa. Já que o que eu fazia tinha um valor, eu precisava ter uma empresa por trás disso. Até, inclusive, pela questão de profissionalização, CNPJ, e tudo mais. Ai eu criei a EuMelanina Produções ainda pra gerenciar a carreira de Visioonárias na época. A ideia da Eumelanina sempre foi ser uma produtora geral tanto a produção musical, quanto a produção audiovisual, toda a produção, sabe? Hoje que eu estudei muito o ramo da indústria da  música, acaba que meus trabalhos, a maioria pelo menos, são feitos praticamente por duas ou três pessoas; a não ser quando fazemos uma parceria de equipe maior para audiovisual ou alguma coisa do tipo. Mas  minhas produções musicais todas são feitas por Smplesmente que é o produtor musical da EuMelanina e aí quando queremos fazer parcerias com outros instrumentos e tal ai ele faz essa mediação e eu fico na parte de parceria e produção com o audiovisual e tudo mais, pra disparar release e tudo mais até a gente conseguir.

Ter pessoas que acreditem no nosso trampo é importante, porque eu não sou aquela pessoa que quero fazer tudo sozinha não. Eu quero ter uma equipe, uma pessoa que fale: porra velho, acredito no seu trampo, vumbora fazer aqui, quando rolar grana vai gerar. É o que eu quero. Eu quero ampliar essa equipe, mas até o momento está sendo assim. 

Oganpazan – Se continuar nesse pique vai mesmo e em breve! Então, a cada lançamento você vem transitando não só por diferentes temas  mas principalmente na sonoridade a partir da mistura rítmica. Como é esse processo de criação e qual o objetivo de agregar essas identidades musicais outras ao seu RAP que já é bem autêntico? 

Bom, eu acho que assim, a cada trampo, a cada tempo que passa eu vou me encontrando mais. Então eu faço muita música que vem assim naquele feeling e tudo mais, só que eu percebi que eu gosto muito de trazer a questão sensual, sabe? Eu me identifiquei quando eu trouxe A Noite, eu percebi que gosto muito de tratar sobre essas temáticas, me sentir muito a vontade e tal. É…e eu percebo que tem toda aquela questão da sociedade em relação ao corpo da mulher, porque às vezes a gente tem toda essa vontade e acaba se inibindo porque a gente vive numa sociedade patriarcal, machista, que, enfim, a gente sabe que vai encontrar muitas dificuldades. 

Eu sou muito versátil, eu gosto dessa questão de misturar os ritmos, até porque  a gente tem o RAP que tem toda história , toda ideologia, mas a gente tá na Bahia velho! Então a gente vem ouvindo o que? Desde criança o que  a gente ouve é o pagodão, é o arrocha, esse brega, enfim. Eu também fui muito influenciada pelo rock , escutei muito rock na minha infância, então as minhas músicas tem umas paradas fortes, tem músicas por vir que vão trazer essa característica . Mas, assim, eu não quero me rotular. Eu acho que com o tempo eu vou encontrando essa identidade até porque também a gente precisa ter, né? Nosso público espera aquele tipo de música vindo da gente, mas eu também não quero ser refém do público, eu quero fazer aquela música que continua me curando, me salvando, mas que traga essa sensação de alegria para o público.

Porque eu acho que música é oração , eu falo sempre nos meus shows, e oração a  gente canta pra chamar, então as minhas músicas são voltadas para essa questão, eu quero fazer com que  a galera, é…ter vontade, sabe? de continuar vivendo, trazer alegria, trazer reflexão também, mas com esse pensamento positivo de que as coisas vão melhorar.

A gente precisa entender que existem as demandas também. A gente sabe. Um exemplo, né? Que o PagoTrap tá tipo expandindo muito aqui na Bahia, é um rítmo que ninguém consegue ficar parado aqui, sabe? Então quando eu junto a minha vontade do RAP, do Trap que eu já venho cantando, com o pagodão que eu também gosto e com essa questão da sensualidade que eu falei, é algo que vem despertando muito em mim, de trazer questões de empoderamento nesse sentido da beleza fora dos padrões me instiga muito, forma um compilado para mim, sabe? Que nem nesse meu último lançamento que traz muito essa questão do corpo fora do padrão, sabe? 

Oganpazan – Nesse último lançamento, Pretinha do Bronze, você fez parceria com Pretinha do Bronze, que é uma empreendedora preta, além do músico Jotaerre, já consagrado no pagodão. Conta para gente um pouco mais dessa produção.

Udi – Então, esse meu último lançamento, Pretinha do Bronze, foi um convite que eu recebi da Viviane Pitayas, ela tem a plataforma Frequências Preciosas que visa difundir e criar conexão entre artistas negras e indígenas do Brasil e eu faço parte desse casting. Ela faz esse mapeamento de artistas e ai teve a ideia, diante da produtora dela que é a Pitayas Produções, de fazer  o sound brand que é a música tema de uma marca . Ela trouxe essa ideia pra mim… que muitas vezes, né? A gente fica vislumbrando empresas grandes, marcas grandes, sendo que tem empreendedores do nosso lado que a gente pode tá fazendo essa parceria, se ajudando e eu falei, velho! Condiz com tudo que eu penso e aí ela me apresentou Bárbara Sacramento que a empresária , né? Dona da marca Pretinha do Bronze que é uma laje de bronzeamento natural, e aí eu a conheci e a gente fez essa música tema do Pretinha do Bronze, então toda questão do Pretinha do Bronze é um material, um produto feito por empreendedoras negras, feito por essa junção de empreendedoras negras, né? E ai Viviane trouxe uma chuva de ideias das coisas que Bárbara fala com as clientes dela e daí eu fiz a composição, Smplsmente fez a produção musical e a gente teve a honra de ter Jotaerre na guitarra e Fernando Makuna na percussão, então, véi, não tinha como dar errado, sabe? Essa galera é muito foda! E foi nessa parceria mesmo porque  a gente sabe que quando nos unimos, é…a gente consegue se fortalecer. Então essa ideia de juntar produtoras, juntar empresárias, juntar a música, juntar a arte, deu muito certo, sabe?

E, assim, não é só a  música de Udi. É uma música composta por Udi para ser tema do Pretinha do Bronze. Udi que faz parte do casting do Frequências Preciosas de Viviane Pitaya, que a Pitayas produções realizou junto com a Eumelanina produções, então a gente já juntou nossas empresas para realizarmos o sound brand dessa empreendedora, fora as outras partes do sound brand, né? Porque foi feita toda uma consultoria com Bárbara, fez consultoria e parceria de design do espaço pra ela poder…visando a melhoria do empreendimento dela, né?

Esse foi um projeto piloto que, inclusive, eu acho massa deixar esse recado para outras meninas, sabe? Fazer parte desse mapeamento, se cadastrar, conhecer o Frequências Preciosas porque numa outra oportunidade com outra empreendedora pode ser qualquer outra artista. Então é muito importante a gente se conectar ainda mais nesse momento que estamos nesse processo ainda de pandemia, voltando aos poucos, mas nesse processo que o meio digital ganhou uma imensidão, né? É o que dita tudo, enfim. É, a gente se conecta de uma forma mais efetiva,sabe? Não só dizendo que gosta ou deixa de gostar, mas indo lá realmente, curtindo o trabalho, criando essa parceria, fazendo os trabalhos juntas, né? Porque  a partir do momento que  a gente tá junto a gente se fortalece. Esse é o lema!

Oganpazan- Tem algum projeto no forno, o que o público pode esperar para esse ano que se inicia? 

Udi-Véi, essa resposta nem eu sei dá (risos). Porque, assim, tem uns projetos já em andamento… e eu acho que a galera precisa se preparar porque a programação para 2022 tá daquele jeito!  2021 foi um ano bem complicado pra mim apesar dos lançamentos e tal, das coisas estarem acontecendo mas tá sendo muito difícil, creio que não só pra mim,né? Mas pra muita gente nesse momento de pandemia foi muito difícil. E, além disso,  tem várias situações que estão acontecendo comigo no âmbito pessoal que eu tô na resistência mesmo, sabe? Porque eu amo muito o que eu faço e minha meta é viver disso. Então, já que a gente tá aqui vamos dar o nosso melhor. Este ano se segurem!

Oganpazan – Obrigada por aceitar o convite. Sucesso na caminhada, Preta,caminhos abertos!  Se sentir à vontade deixa uma mensagem para nossos leitores. O espaço é seu!

Udi – Então,o recado que eu quero dar é, acredite nos seus sonhos. Nada pra gente jovem, preto de periferia é fácil, então acredite nos seus sonhos, reconheça, agradeça a quem veio antes de você e saiba o que você está fazendo para as próximas gerações. Eu compus uma música nos últimos tempos que eu tô sentindo a necessidade de cantar sempre ela e o refrão é assim , ó: “colhendo do solo de quem veio antes de mim eu vou arando o solo pras menor que tão por vir, fala pra tua filha que ela é linda preta sim, ajeita essa coroa que o reinado seu reinado é aqui.” Então, é sobre isso! Sobre a gente olhar para trás, ver de onde  a gente veio e agradecer aqueles que lutaram para que a gente estivesse aqui hoje, saber o que  a gente tá fazendo e como a gente está deixando essa terra para os que estão por vir. 

-A realidade a partir do sonho com Udi Santos – Entrevista

Por Deise Costa (Candace

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