Essa semana estava pensando na maneira como muitos escritores conduzem suas narrativas. Estava reparando que agora virou moda começar o texto falando que a banda citada no mesmo está amadurecida, e que determinado disco reflete tal fato. Em quase 100% das vezes é balela, e o disco nem reflete isso de uma forma tão clara assim, vira pretexto pra começar a falar besteira desde a primeira linha.
Não estou dizendo que uma banda não amadurece, longe disso, a música está sempre em maturação constante, acredito (e muito) no ”amadurecimento musical”, mas também sei separá-lo de melhorias externas e ponderar novas possibilidades diferentes desta, e pensando justamente nisso, hoje nós vamos abordar um disco perfeito para expor tais possibilidades, a proeza em forma de Blues-Rock (e também quinto disco de estúdio) dos suécos do Kamchatka, a Hardeira inspiradíssima de ”The Search Goes On” lançado em 2014
Line Up:
Thomas Andersson (guitarra/vocal)
Per Wiberg (baixo/vocal)
Tobias Strandvik (bateria)
Track List:
”Somedays”
”Tango Decadence”
”Coast To Coast”
”Son Of The Sea”
”Broken Man”
”Pressure”
”Cross The Distance”
”Thank You For Your Times”
”Dragons”
”The Search Goes On”
Quem conhece o Kamchatka sabe da sabedoria de seu Hard-Rock, e também tem toda a certeza de que quando a banda entra em estúdio disco bom é o mínimo, e neste quarto disco a engrenagem segue na mesma configuração, aliás só melhorou em comparação com o último trabalho, falo de ”Bury Your Roots” lançado em 2011.
Pra não falar que nada mudou devo salientar que tivemos uma substituição nas quatro cordas, já que da estréia do grupo, até ”Bury Your Roots”, quem tocava baixo era Roger Ojersson, mas aqui quem nos impresta o Groove é Per Wiberg (Opeth), e a sincronia ficou fantástica, em termos de participação sonora e riqueza musical o disco ficou muito mais atraente com o novo contratado, parece que ele sempre esteve lá!
Disco de Hard absolutamente acima da média, para mais uma vez contestar o por que desta banda não ser maior, mas com fé no que é justo, isso mudará logo mais, por que quem deu uma orelhada (por menor que seja) neste disco sentiu que é outro nível. Escola clássico dos ’60 e ’70 com limpeza nos captadores e um climão de Jam que deixa até uma lágrima cair no canto do olho, composições fortes como ”Somedays”, o (Open Track do disco) sacramentam como será a audição.
Arranjos fluídos, exalando musicalidade e aquele ar de ”Parace até fácil”, veja o arregaço do primeiro single que a banda liberou (”Tango Decadence”) e ouse contrariar. O trio arrebenta, a bateria casa com o baixo e um ainda tira onda com o outro durante as músicas, e um detalhe que muito facilitou as coisas, foi que com Wieberg no baixo os vocais ficaram soberanos no colo de Thomas Andersson, que além de mostrar muito tato vocal ainda registra guitarras insanas, sempre na cartilha básica dos Suecos, com feeling e peso, aquelas guitarras ácidas que fazem qualquer fã de Rock pirar.
”Son Of The Sea” é a síntese deste disco, o baixão presente, a batera acompanhando, quando entra o solo a casa cai, é assim o disco todo, Bluesão na emenda e muito som, tem uma baladinha malandra ao som de ”Broken Man”, quebradeira inspirada com ”Cross The Distance”, e até um agradecimento por parte da banda, para nós fãs, por estarmos prestigiando um disco dessa magnitude! Não Kamchatka, eu que acredeço, ”The Search Goes On”, os Suecos ainda buscam algo no Hard, sinto que estão perto de encontrar, discasso!