É impressionante como a música prega peças até nos ouvintes mais experientes. Você já deve ter ouvido falar na banda de Trash Metal, Suicidal Tendencies, certo? Em tempos recentes, o cidadão que comanda o baixo nessa instituição (depois da saída do Robert Trujillo), é o Black Power de Stephen Bruner.
Só que a pergunta que não quer calar é: quem é Stephen Bruner? Seria ele apenas mais um baixista de Trash?! Meu caro, prepara-se para ficar impressionado. Sei que não é muito comum ver um músico de um estilo tão extremo quanto o Trash chamar atenção, mas Stephen não só chama sua atenção, como se transforma em outra pessoa quando pega o baixo e faz um som como o ”Thundercat”.
Não, ele não pega o baixo e se transformar no Lion, dos Thundercats, essa é apenas sua alcunha para assumir um papel completamente diferente dentro do groove. Esqueça o peso transgressor que promove a surdez dos Headbangers, Stephen largou essa vida e tomou o planeta de assalto quando resolver reproduzir os sons que ecoavam em sua mente.
Seis cordas num baixo, duas mãos e um talento absurdo. Essa é a receita do californiano de 31 anos de idade. Um verdadeiro sopro de ar fresco dentro de um cenário que só alimenta a mesmice, basta ir numa loja e comprar um pedal para ter o som de seus maiores ídolos.
Só que essa é a diferença de Bruner se comparado à outros músicos: ele não quer ter o som do Bootsy Collins, sua originalíssima mistura de Soul, música eletrônica, Funk e R&B cria algo que nunca foi feito até então e nos revela um músico ainda jovem, mas que já possui 3 trabalhos solos nesta alcunha, gravações com seu parceiro Kamasi Washington, sessions com o Flying Lotus, Taylor McFerrin, Erykah Badu, Kendrick Lamar e Keziah Jones.
É um senhor curriculum e o mais contundente é que em todas as participações que fez, Thundercat conseguiu imprimir seus genes, mesmo nas participações. Fazia tempo que um baixista não revirava meu cérebro dessa forma, o feeling do cidadão é assombroso, a criatividade impressionante e o resultado, simplesmente brilhante e futurista.
Track List:
”Hard Time”
”Song For The Dead”
”Them Changes”
”Lone Wolf And Club”
”That Moment”
”Where The Giants Roam/Field Of The Nephilim”
Depois de ficar 2 anos sem renovar os laços criativos do ótimo ”The Golden Age Of Apocalypse” (2013), o baixista resolveu voltar com um trabalho um pouco diferente. ”The Beyond/Where The Giants Roam”, seu terceiro registro (lançado no dia 22 de junho de 2015), surge na forma de um mini album/EP e mantém aquele ar intergalático que o baixista sempre endossou, mas dessa vez surge de uma maneira mais experimental quando falamos sobre texturas.
O caráter psicodélico se mantém claro, o swing do Funk também, mas é perceptível que apesar de curto (são apenas 20 minutos de jam), esse trabalho mostra que o baixista ainda está por aí. Circulando pelos backstages com ideias de sobra e tempo pra seguir brincando no estúdio e mostrar que além da virtuosidade do baixo e seu fantástico feeling, o camarada ainda manja de falsete. Saque a vinheta de abertura, ”Hard Time” é uma passagem curta, mas que deixa sua marca.
É um desafio ouvir o som que esse cara produz. O timbre do baixo, a alquimia de instrumentos tocados e o flerte com a música eletrônica… Composições como ”Song For The Dead” carregam uma urgência nas partituras que é invejável! É desafiador meu amigo, tão desafiador que você passa a não enxergar limites para o Jazz-Funk quando se liga nos slaps do hit ”Them Changes” e o sax de Kamasi Washigton ao fundo.
Rola de tudo, temos até Herbie Hancock fazendo os teclados da faixa mais bela de toda essa sessão laboratorial. ”Lone Wolf And Club” tenta harmonizar os vocais de Bruner em primeiro plano com os que caminham em segundo, interrompendo as vozes de maneira abrupta e atingindo a transição (”That Moment”) para o fim da viagem que nomeia essa chapação.
Mais do que um cara que tenta ser único dentro de um mar de iguais que se auto copiam de maneira automática, Stephen busca tirar esse ar analítico da música e comprava que a experimentação é a alma da originalidade. Ele achou seu som e agora a missão é seguir levando seu nome para os públicos mais diversos em suas contribuições com outro músicos e manter os grandes trabalhos solos pela
Brainfeeder, para que assim, a jam seja feita nos picos certos.