3645, Pojuca Crew na ativa e em evidência.

3645, um split que traz Afago e Motim 13, mostra toda a força do hardcore do interior baiano e a união do hardcore no estado. 

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Capa do split 3645.

Pojuca é uma cidade interiorana que fica a cerca de uma hora da capital baiana, sua economia sempre foi baseada na extração de ferro e petróleo. Pelo fato da cidade ficar próxima a capital seu comércio sempre foi fraco, até pelo fato de ter proximidade com a cidade de Alagoinhas, que tem um centro comercial mais forte. Com um comércio fraco e sua maior fonte de renda em declínio, Pojuca passa por diversos problemas sociais, sendo considerada, inclusive, um dos berços da facção Bonde Do Maluco, não fugindo da lógica de quando o Estado abre lacunas o poder paralelo as preenche.

O punk nasceu em 77, em meio a cena underground de Nova York, mas sua versão mais contestadora veio de uma Londres arrasada economicamente. Já o hardcore, a versão mais agressiva do punk, aparece em meio a violência policial da Polícia de Los Angeles e uma Nova York que mais parecia um campo de batalha, com problemas sociais e altas taxas de violência.

Como pode ser visto, o cenário de crise é perfeito para o hardcore / punk. Onde tiver jovens revoltados, insatisfeitos e vivendo em um contexto social de merda, existirá uma banda punk / hardcore. Em Pojuca não foi diferente.

A Motim 13, que já passou por diversas formações, tem um certo tempo na cena hardcore baiana. Os caras fizeram um trabalho de base legal, um modelo que serve de inspiração para todas as bandas, sejam da capital ou do interior. Eles montaram a banda no interior e começaram a fazer eventos, chamando bandas de outros municípios da região e bandas da capital, criando assim uma verdadeira rede de contatos, que proporcionou o nome da banda está sempre evidenciado, tendo inclusive a banda participado da web série Cena Morta, produzida pelo pessoal da cena hardcore de Salvador.

Nascida dentro dos ensaios da Motim 13, a Afago é uma banda mais recente, que também faz um som hardcore, porém um pouco mais veloz que a Motim 13. Apesar dos integrantes serem praticamente os mesmos a diferença na sonoridade é nítida, ambas muito competentes no que se propuseram a fazer.

Sendo bandas irmãs, ambas alicerçadas na Pojuca Crew, nada mais justo que lançassem um Split, mostrando para o mundo a representação do Hardcore Pojucano, mas além disso sendo também representantes de toda uma cena interiorana, a qual podemos citar aqui diversas bandas que engrossam esse caldo: Biscó (Ilhéus), Jacau (Itabuna), Traquebomba (Alagoinhas), Exclusos (Cruz das Almas), Splattered Genocide (Simões Filho), Depois do Inferno (Simões Filho), entre muitas outras.

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Afago.

O disco foi gravado em Salvador, no Estúdio Rosa e conta com 10 faixa, 05 de cada, do genuíno hardcore, sem firulas, sem muito blablabla. Participaram da gravação das músicas na Motim 13: Léo Gorinho AKA Gorinez (Vocal), Aníbal Esteves (Guitarra), Fabrício “Chuck” (Baixo) e Adriano Pansera (Bateteria) e no lado da Afago: Aníbal Esteves (vocal), Diego Martins (Guitarra), Léo Gorinho (baixo) e Adriano Pansera (bateria). Também participaram do disco Deafy (Traquebomba) na faixa “Cadê a Liberdade” da Afago e Dudu (Antiporcos), no caso eu, da faixa “Nordeste Hardcore” da Motim 13.

O disco é todo bom, vocês vão poder conferir ai no link abaixo e ver que não estou de baratinho. Mas merecem destaque, além das duas faixas citadas acima, as músicas “Não há Futuro” e “Tout le monde deteste la police”, essa última cantada em francês, ambas da Afago. Já a Motim 13 vem pesada nas faixas “Nós somos as armas”, que tem uma linha de baixo foda e “Retrocesso” que tem a cara da banda, o estilo hardcore Motim 13.

Um excelente lançamento para 2021, via Trinca de Selos, que esperamos não seja invisibilizado.

Ambas as bandas participaram do Festival Saco de Vacilo 2021 – Online, o qual pode ser conferido abaixo:

 

Ouçam o Split em:

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