Quando Adrew Stockdale liberou ”Keep Moving” como um disco solo, tive plena certeza que o Wolfmother ia acabar. Escutei o disco, gostei, mas vi que além de não ser tão bom quanto a estréia de sua band, (no auto intitualdo de 2005), muito menos pesado, igual ao segundo trabalho (com a quebradeira de ”Cosmic Egg” lançado em 2009), percebi também que a energia era outra.
Depois que ”Cosmic Egg” saiu, a crítica se rendeu mais uma vez, e depois da extensa tour mundial era hora da próxima cartada, mas o problema foi exatamente esse, a tour e a cartada do futura. O baterista Dave Atkins largou o barco e foi trocado por Will Rockwell-Scott para a finalização dos shows marcado e depois disso os boatos para o próximo bolachudo de inéditas começaram a brotar.
2011 seria o ano do CD que fecharia a primeira trinca da banda. Primeiro fora imaginado que sairia em novembro, meses depois a data mudou e foi transferida para o começo de 2012, mas ai o circo começou a bater em retirada. Em fevereiro foi anunciado que Aidan Nemeth (guitarra) e Will Rockwell Scott (bateria) estavam de saída e como o show não pode parar, Stockdale recrutou outros nomes, junto com Ian Peres (o único remanescente) e fechou outra encarnação do Wolfmother, desta vez com:
Andrew Stockdale (guitarra/vocal)
Ian Peres (baixo/vocal)
Vin Steele (guitarra)
Elliott Hammond (teclado/percussão)
Hamish Rosser (Bateria)
E ai tudo mudou, o disco foi regravado, a banda saiu numa pequena turnê-teste, tocou algum material do novo trabalho disco e, só em 2013, que o CD saiu. Só que não parecia o Wolfmother do começo, a sensação que me deu foi que eles regravaram tudo que existia em estúdio e lançaram como se fosse um fardo, o fim de uma era.
Era o fim… Porra nenhuma, quando viramos o calendário de 2013 para a transição 2014, Andrew resolveu eletrificar a viagem mais uma vez chegou e Wolfmother veio com mais um ótimo disco. Surpreendente é pouco para definir o estrago que ”New Crown” fez nos meus falante, os caras arrebentam com louvor, de forma independente, em forma de Power Trio e fazendo muito barulho.
Line Up:
Andrew Stockdale (guitarra/vocal)
Ian Peres (baixo/teclado)
Vin Steele (bateria)
Track List:
”How Many Times”
”Enemy Is In Your Mind”
”Heavy Weight”
”New Crown”
”Tall Ships”
”Feelings”
””I Ain’t Got No””
”She Got It”
”My Tangerine Dream”
”Radio”
”I Don’t Know Why” – primeira versão do Bandcamp
Em comparação com ”Cosmic Egg” a banda deu uma mudada na cozinha, aliás quando acabei de escutar o disco pensei que tinha sido algo bem estratégico. A Jam soou Stoner ”demais” para o meu gosto. E já que atualmente parece que é moda dizer que tal banda toca Stoner só para ganhar notoriedade (em virtude de toda a atenção que o gênero vem recebendo), é normal ficar com o pé atrás.
Mas depois de muito pensar a respeito, vejo que foi outra aresta da musicalidade do grupo, que agora reformulado, procura por campos ainda inexplorados. Campos que tem em ”New Crown”, um excelente e novo começo, fulminante desde o primeiro segundo com ”How Many Times”.
A banda toda soa muito bem e como é de praxe em power trios, os três instrumentos travam embates épicos. A bateria monta um front de batalha na base, o baixo tenta preencher os espaços e abafa a cozinha, enquanto os riffs vem como a cereja do bolo.
Não necessariamente nessa ordem claro, senão perde a graça, tudo muda e nada tem lugar fixo, temos hits em potencial como ”Enemy Is In Your Mind”, amostras de pura criatividade com a letargia de ”Heavy Weight” (aliás essa música é uma das melhores do disco), a bateria entra um milésimo de segundo atrasada, você ficará levemente dopado, um tesão de som!
Mas dura pouco, por que a faixa título levanta a casa toda, aliás o baixo é fantástico nesse take e Stockdale mostra muito talento nos solos e na voz. Mas mesmo com um inspiradíssimo frontman, meu destaque vai para Ian Peres, que arrebentando no baixo, ainda se desdobra para cobrir um turno na tecladeira e adicionar ótimas doses de psicose à cozinha, que além de tirar o som de uma aparente mesmice, revigora cada quebra-quebra que vem surgindo.
”Tall Ships”, ”Feelings”, ””I Ain’t Got No””… Um tiro atrás do outro, só muqueta sonora. ”Tangerine Dream” vicia mais que crack, são 45 minutos de um disco voraz e absolutamente certeiro.
Andrew Stockdale, a chefia da boca de fumo desta jam, é uma das grandes mentes criativas que surgiram nos últimos tempos e uma banda que apareceu com uma estréia tão épica tal qual a destes caras não poderia morrer sem mais registros com o mesmo nível de qualidade. Finalize a sessão com ”Radio” e recomece, comece, repita, esse ai vai grudar o cordão umbilical na agulha do vinil, até a faixa bônus esbanja riffs!