Visões do Underground Nacional de Norte a Sul!

Visões do Underground Nacional de Norte a Sul, seleção de algumas produções do audiovisual daquela turminha que resiste sempre, naquele naipe

“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito.” Aldous Huxley

A produção do rap nacional é ampla e diversa, gostamos de repetir isso para que cada leitor que entre em contato com o nosso trabalho, saiba que ele não é suficiente para dar conta da imensa quantidade de bons trabalhos lançados em nosso país. Em uma nação de proporções continentais é comum perdermos de vista a diversidade e os grandes nomes que habitam o underground.

Essa matéria é uma reunião de alguns desses nomes, visando como sempre fazer ligações entre admiradores e mesmo entre artistas que não se conhecem, ligando a chave de possibilidades, com trabalhos que de algum modo dialogam entre si. E sobre tudo dialogam com o restante da produção nacional, apesar do constante apagamento que sofrem, por diversos fatores. Abaixo, algumas das visões que o underground não para de produzir, restando ao público uma escuta mais atenta com esses trabalhos e suas alianças. Se ligue: 

Pivete Nobre

Um ano auspicioso para o mano Pivete Nobre ( Saca Só e Estilo Solto), que lançou uma mixtape pesada e já soltou dois audiovisuais desse trabalho. De longa caminhada no rap baiano, diretamente de Cajazeiras, rua real, rei dos riscos pela city também, o rapper soteropolitano vem agora numa carreira solo em paralelo aos trabalhos da banca, conquistando cada vez mais ouvintes pelo país. Clique nos hiperlinks aqui e conheça mais desse trabalho fantástico.

O interior da Bahia é celeiro, aliás nem é preciso fazer muito essa distinção, capital interior, porque não há nenhuma diferença aos materiais produzidos lá e cá, é sempre a qualidade que fala mais alto. Leo Isabella dirigiu esse video clipe dos manos do Quinta Esquina, que temos a felicidade de acompanhar há um tempo. Os caras vem de Santo Antônio de Jesus (BA) e já tem muito trabalho solto na pista, da uma busca aí que você não vai se arrepender.

Sergio Estranho

Eloy Polêmico figurando no clipe e lendo o Nascimento da Tragédia do filósofo bigodudo, é um signo interressante. A oposição Dionisio x Apolo, presente na obra é uma chave para entedermos esse simulacro de Aristófanes: Sergio Estranho. Não se trata tanto de uma crítica ao Trap, mas sobretudo de uma critica ao esvaziamento que certa estética infantilóide e fake, encontra aí terreno fértil. Sergio Estranho soltou “Banheira de Glock” (prod. Okendo) dispondo de toda sua potência, humorística para como diria o bigodudo: “Destruir pelo riso”. Não há nenhum traço de ressentimento aqui, é apenas a ridicularização que irá nos salvar. O clipe tem a direção W.SA e com produção da Drika Moraes.

Luiz Caqui

Em um clipe belíssimo, nos transmitindo imagens da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Ocarina (prod. Ethos) é um trampo solo de um dos magos do norte: Luiz Caqui. Se você não conhece o Qua$imorto que soltou esse ano um dos discos mais sinceros do br, você precisa ir em peregrinação para Manaus. Nesse trampo solo do Caqui, temos um fragmento – muito bom – de boa parte das ideias que atravessam o trampo dos manauras. A busca por visões mais reais da realidade, fugindo dos processos que nos alienam constantemente, o rap aqui é iluminação!

Yunnin

Fruto do seu segundo álbum, “4º Templo – Eternos” é o segundo single retirado do disco Luzes Frias (2019), do rapper de Alvorada, interior do Rio Grande do Sul: Yunnin. Como você poderá constatar com tranquilidade, estamos diante de um mano que cultiva uma sintaxe própria, trabalhando suas ideías e questionamentos de modo filosófico e literário. Para quem pesquisa o rap nacional, o interior do RS reserva toda uma estética própria, e Yunnin não foge a essa única regra. O clipe muito bem feito com a edição da Kathead e captação da Bacon Prod. tem direção do próprio Mc, que conta com as participações de Acólito e LP29.

Matheus Coringa 

Matheus Coringa tem uma caminhada e trabalhos que fogem totalmente da curva do que você pode encontrar em outros rappers, aqui em Pane você perceberá o quanto esse mano busca na iconoclastia – mas não apenas – uma das forças das suas linhas. A direção do clipe por Eduardo da Matta e Mateus Cony, é uma lufada de ar fresco nas concepções que comumente vemos quando se trata de audiovisual no rap nacional. Anti-fascista, anarquista, o Coringa nacional não quer pregar o caos puro e absolutamente, antes, retira do nosso trágico cenário, os elementos de combate de sua arte. Em breve vem uma porrada de trampos desse mano, então é bom ficar ligado!

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