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Vieira lança o ensolarado Parahyba Vive (2018)

Vieira lança o ensolarado Parahyba Vive, o segundo disco desse grupo paraibano que venceu outros 100 grupos no Red Bull Breaktime Sessions!!

 

O quarteto paraibano Vieira, lançou no último dia 20 seu segundo disco de estúdio, o divertido, agridoce e inventivo Parahyba Vive(2018), fruto do sucesso na participação no Red Bull Breaktime Sessions do ano passado. A banda que concorreu com outros 100 grupos de 56 universidades brasileiras ganhou o pleito com mais de 15.000 votos. O que lhes garantiu passagens para desembarcar em São Paulo e gravar nos estúdios da Red Bull seu segundo registro.

Três anos após a boa estreia com o EP Comercial Sul (2015), os caras conseguiram enfrentar bem o famoso desafio do segundo disco, e afirmam neste, um método próprio de criação de melodias pegajosas, harmonias inventivas e letras que fogem ao senso comum. Uma poética singular daquelas capazes de serem identificadas rapidamente após a primeira audição.

Composta pelos cabras: Pedro Chico (Guitarra e Voz), Marcus Menezes (Bateria), Jonathan Beltrão (Baixo) e Arthur Vieira (Voz, guitarra e sintetizador), a banda encontra em Arthur um vocal inconfundível, além de ser o responsável principal pelas composições. O disco ainda conta com a participação do grande Totonho

A composição que abre o disquinho composto de 5 faixas, “O Sol e o Cachecol” parceira do Arthur com o Pedro Chico, de letra suavemente psicodélica e falando de amor, é uma excelente mostra do que esperar. Melodia redonda, com um excelente trabalho das guitarras da dupla de compositores, remetendo em sua poesia aos mestres Mutantes. Na sequência “Superwlad” aborda de modo sensível nossa relação com as alteridades e com o espaço que nos circunda, encontros onde é preciso estar atento ao “tato”. Nessa faixa a cozinha se destaca, na excelente linha de baixo do Jonathan Beltrão e na segurança rítmica do Marcus Menezes sempre certeiro nas viradas.

“Morinho” é outra romântica e doce canção depois das duas mais agitadas, colocada estrategicamente no meio do disco. Um reggaezinho que consegue a façanha de não cair no piores clichês do gênero, optando pela mudança de andamentos e pela crescente progressão da melodia. Dotada de alguma melancolia, no fundo a voz de Arthur também acalma e conduz as composições com uma naturalidade digna de quem coloca o coração na ponta da garganta.

Há de certo um apelo pop que atravessa todo o disco e encontra sua mais deliciosa expressão na faixa “Português Ambíguo”, que conta com a participação de Totonho. A letra é uma bonita e intrincada composição que nos fala de modo agudo através da voz de Arthur do quanto os sonhos mais verdadeiramente conflitantes com o status quo, são vistos como uma mercadoria barata. “Só dá preço baixo nos sonhos mais lúcidos.”

Fechando a bolachinha, em altíssimo nível e sem deixar a peteca cair: “Capim”, mas uma das composições de Arthur Vieira. A música começa mansinha com uma imagem poética muito bonita: “Num dia santo sim, subi no capim pra ver”, criando um espaço de afirmação de valores hoje escassos. Numa sociedade cada vez mais superficial, hipócrita e violenta, a canção nos impulsiona a pensar na necessidade do compartilhamento: de ideias, valores, boas energias e suavidade nos nossos encontros. E é nessa toada que o disco se encerra com as guitarras altas, como que em festa para reforçar a mensagem do disco. 

Uma mensagem poético musical que alcança um sentido de urbanidade distante da mediocridade que a vida nas cidades tenta nos empurrar constantemente. Seja nas ruas de João Pessoa ou de Porto Alegre, o disco comunica bem, com uma forte suavidade, a necessidade de nos apercebermos dos valores capazes de reafirmar uma vida mais rica. Sem cair nos clichês goodvibes rasos, existe aqui uma urgência em fazer o ouvinte repensar sua condição existencial.

As melodias que grudam em nossa mente após a primeira audição, são reforçadas pelas sucessivas audições seguintes, por um letrista de muita qualidade e por uma banda que é tanto econômica quanto certeira e inventiva na execução dos arranjos. Um bom segundo disco desse grupo paraibano, que merece ser ouvido com atenção. Ficamos agora na expectativa dos próximos trabalhos e sem dúvidas se esses caras passarem por Salvador estaremos na fila do gargarejo cantando junto com a plateia!

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