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TRETA COSTA LESTE X COSTA OESTE

Bolodoido Musical Vol. 06 – Treta Costa Leste X Costa Oeste um breve apanhado sobre essa tão famosa rivalidade que ceifou dois gênios do rap

Como eu sei que é de sangue que vocês gostam, daquela treta gostosa, vamos falar sobre a tão famosa TRETA COSTA LESTE X COSTA OESTE dos Estados Unidos.

Primeiro vamos situar geral do que de fato seria essa fita Costa Leste x Costa Oeste. A cidade de Nova Iorque, é a mais populosa dos Estados Unidos, também é conhecida por exercer um poder imenso sobre a economia, moda e artes não só no país como em todo mundo. É considerada uma cidade multicultural, por sempre ter agregado pessoas de diferentes nações, Nova Iorque fica situada, na divisão geográfica do país, na Costa Leste.

Já Los Angeles é a cidade dos sonhos, é onde situa-se Hollywood, é considerada a cidade mágica, onde as estrelas do cinema residiam e onde os maiores estúdios de cinema do mundo estavam situados. Dessa forma, Los Angeles também teve, e tem, um papel importante na influência de outros países, sempre demonstrando através de suas películas o estilo de vida californiano.

Los Angeles tem uma grande incidência de imigrantes latinos, sobretudo na região do South LA, muito pelo fato de fazer divisa com o México. É a segunda cidade mais populosa dos Estados Unidos.

Ou seja, antes de qualquer treta no rap, vocês já entenderam que tem muito ego envolvido nessa história, muito bairrismo de ambos os lados e muita treta.

Porém nosso foco é a treta musical, que nesse caso, infelizmente, ultrapassou esse limite das . Porém antes de chegar no ápice dessa contenda, vamos iniciar com o que considero o começo dessa onda Gangsta Rap, que na real nem foi uma treta entre costas, foi uma situação interna mesmo da Costa Leste, mas que tem grande relação com as gangs locais: Crips e Bloods “Pirus”.

A onda do Gagnsta Rap permeou toda a década de 90’, onde parecia que quanto mais tinha treta mais os álbuns jorravam nas lojas e figuravam nos primeiros lugares das paradas musicais. A indústria da música e os magnatas gozavam ao ver o gueto se matando nas letras, nas ruas e vendendo mais discos a cada dia. Contudo, isso iniciou-se no final dos anos 80′, posterior ao lançamento do tão aclamado “Straight Outta Comptom” do grupo N.W.A. – Niggaz Wit Attitudes.

O “Straight Outta Compton” fez tanto sucesso, muito pela polêmica música “Fuck Tha Police” que internamente a situação ficou uma bosta, com uma verdadeira briga de egos, o que aos poucos foi acabando com esse tão promissor grupo. Pouco tempo depois do lançamento do “Straight Outta Compton” Ice Cube saiu do grupo, o que consideram ter sido a primeira grande perda do grupo. E os NWA’s restantes não deixaram barato.

No álbum “Efil4zaggin”, lançado em 91, os caras dedicaram uma faixa em especial para Ice Cube, “NWA – Message To B.A.”, deixando claro que o bagulho tinha virado e o amor havia acabado.

Já que o amor acabou, no mesmo ano Ice Cube respondeu a altura, destilando todo ódio para os NWA’s na faixa “No Vaseline”, que realmente entrou sem vaselina nos caras.

Estava formada a treta! Os caras não poderiam sequer se cruzar nos eventos que era troca de cuspes, de tapas e do que tivesse pra trocar. Para apimentar um pouco mais essa história, e é ai que a onda de gangs entra pesada, Dr. Dre saiu do NWA em 1991, para lançar seu primeiro álbum solo, “The Chronic” e fundar a gravadora Death Row Records, ao lado de Suge Knight, membro assumido da gang Blood. 

A saída do Dr. Dre do N.W.A. não foi nada convencional. Suge espancou Eazy E, que além de ser membro do NWA dirigia o selo Ruthless Records, ao qual Dr. Dre estava vinculado, até que ele desse a liberação contratual do Dr. Dre. Claro que Suge teve prazer em fazer isso, pois como se sabe Eazy E fazia parte da gang Crips, rival histórica dos Bloods.

Diversas situações ocorreram na década de 90′, coisas bem nebulosas e tensas pairaram sobre o rap norte-americano, em especial àqueles que decidiram seguir a onda de gangsta rap. Inclusive, em 2015, o filho do Eazy E acusou Suge Knight da morte de seu pai. Em entrevista à revista Rolling Stone ele declara que Suge teria usado uma seringa contaminada com HIV para aplicar, forçadamente, em seu pai, o vírus. Isso nunca ficou provado.

Ok, mas quando de fato começou a treta entre as costas estadunidense?

Em 1991, aproveitando que estava no hype essa parada de diss, e parece que nunca saí de moda, Tim Dog, que nada tinha a ver com a treta interna dos NWA’s lançou a faixa “Fuck Compton”, uma diss pra toda Costa Oeste, em especial pro NWA.

Houveram resposta de grupos da Costa Oeste, inclusive do próprio NWA.

Mas todas essas tretas eram fichinhas para proporção que a coisa tomou. Claro que a indústria musical, como eu disse anteriormente, percebia que quanto mais ofensas existiam entre os rappers mais dinheiro entrava e foi ai que algumas pessoas resolveram lucrar.

Além dos rappers, que ficavam cada vez mais famosos a cada diss lançada, lucravam as gravadoras, os selos, os promotores de eventos, a mídia televisiva, geral estava enchendo o cu de grana com a guerra dos rappers, que nesse momento já estava tomando as ruas, criando uma real rivalidade entre as Costas.

Outro ponto que destaca-se é que nas paradas e nas ruas só se falava do rap vindo da Costa Oeste, graças ao lançamento de “The Chronic”, do Dr. Dre. Um álbum de grande sucesso e aceitação por toda a maloqueragem norte-americana.

https://www.youtube.com/watch?v=uXo0TrMhPao&t=462s

Mas Nova Iorque é competitiva, tinha que ter um som que dominasse tudo e que fosse de igual modo a cara do gueto da Costa Leste.

Por isso, em Nova Iorque, Costa Leste, Puffy Daddy criou a promissora Bad Boys Records, que tinha em sua banca o jovem rapper, vindo diretamente das batalhas de MC’s do Brooklyn, The Notorious B.I.G.

Já do lado Oeste, a Death Row Records continuava seu cast de sucesso, agenciando cada vez mais rappers de alto nível, tal como o Snoop Dogg. Já rolava nessa época uma troca de farpas entre os produtores, Daddy e Suger, cada qual querendo levar sua banca ao topo das paradas.

Mas foi em 1994 que a dissgraça, de fato, foi instaurada.

Pra quem não sabe Notorious sempre teve uma boa relação com Tupac, inclusive sempre o teve como referência de rapper. Tupac era foda, o cara sabia fazer a parada, além de se dedicar pra caralho na produção dos seus álbuns, era bom ator e sabia separar o lance das baladas, das drogas do seu trabalho. B.I.G. por vezes foi a Costa Oeste e viu tudo isso de perto, dando rolés com Tupac, seu conterrâneo. Sim, Tupac é orginal Costa Leste, mas sempre representou a banca da Costa Oeste, onde obteve sucesso e firmou parcerias.

Nesse fatídico ano de 94, Tupac estava de rolé em sua cidade natal, e ao colar nos estúdios da Bad Boys Records foi roubado e recebeu chuva de bala. Posterior a essa situação, Tupac ainda é preso e condenado por estupro. De lá da cadeia, ouvindo várias histórias de todos os lados, ele teve a convicção de que o assalto e atentado foi armado por B.I.G. e pela Bad Boys Records, como um verdadeiro ataque à Costa Oeste. Tupac declara isso diretamente da cadeia e os ânimos do lado de fora ficam a flor da pele.

B.I.G. em 1995 lança a faixa “Who Shot Ya”, que ante toda a situação ocorrida, e todo o apelo midiático para esquentar mais a treta, ficou como uma tiração de onda com o atentado ocorrido contra Tupac.

https://www.youtube.com/watch?v=vRHxs9Phyug

Tupac, todo atribulado no sistema prisional e cheio de ódio do mundo, começa a escrever seu grande álbum: “All Eyez on Me”. Um álbum cheio de rancor e ataques, tudo que as grandes gravadoras queriam. E não só elas, Suge Knight, com seu espírito empreendedor, oferece pagamento da fiança milionária de Tupac, em troca da assinatura de contrato do rapper com seu selo, Death Row Records.

E ai, pra foder com tudo, saí o single “Hit ‘Em Up”, do Tupac, uma rajada em toda Bad Boys Records, em especial pra B.I.G. e, por tabela, ofendendo toda Costa Leste. Com isso Death Row Records e Bad Boys Records viram inimigos declarados, rolaram várias tretas físicas entre os envolvidos e ficou difícil para artistas de ambas as costas irem excursionar nas quebradas dos seus “rivais”. Os jovens absorveram bem essa treta, nitidamente apimentada pela mídia, e a situação chegou ao ponto máximo com os assassinatos, jamais solucionados, de Tupac e posteriormente de Notourious B.I.G.

Mais uma vez indico a série da Netflix, Unsolved, para entender melhor as mortes de Tupac e Notorious, e todo o mistério em torno delas.

Após perdas simbólicas, houve meio que um acordo de paz entre os rappers de ambas as costas. Muitos artistas saíram da Death Row Records, uma das que mais lucrou com toda essa merda, e as coisas foram voltando aos trilhos. Os artistas focaram-se ainda mais em suas carreiras, sem precisar matar ninguém em suas letras pra poder ter uma prospecção, colocando o rap nesse patamar musical que temos atualmente.

Hoje podemos ver vários artistas, de ambas as costas, fazendo parcerias e fortalecendo cada vez mais a música que vem dos guetos.

O que restou de toda essa treta? Homenagens. Como do rapper nova-iorquino Jay Z, que em seu show resolveu homenagear ambas as costas, nas figuras de Tupac e B.I.G.

Percebam que a fórmula de falar mal de outras localidades pra ganhar prospecção não é nada novo, esse papo de atacar os ídolos pra se fazer ser visto é tão década de 90′, mas parece que ainda dá certo né?

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