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O Tom Misch é cria do J Dilla

tom misch

Primeiro disco solo do Tom Misch, “Geography” é um CD de fácil audição, produção azeitada e musicalidade soberba. O britânico tem o toque.

A cena de beatmakers dos anos 90 deixou uma marca indelével no cenário do Groove. Os beats do J Dilla romperam barreiras e saíram da East Coast pra se transformar no Lo-Fi Hip-Hop dos anos 2000. Slum Village, Erykah Badu, The Roots, Madlib, Common

A lista é gigante, mas todos esses grupos são e serão ainda mais importantes para explicar a cena moderna que está guiando o futuro da produção musical, desde o underground até o mainstream.

Só que essa vanguarda da música negra – Pós Motown e o auge da Black Music – ficou pequena para os impactos que essa cultura teve na música. O Jazz tem muito a agradecer essa galera toda. Se não fosse por esses caras, provavelmente o Tom Misch não tocaria guitarra. 

Nesse texto, o músico será  o fio condutor para mostrar como essa linhagem sonora se perpetuará no futuro. Talvez o mais interessante seja perceber o impacto dessa linguagem e como ela ainda perdura na aura de discos como “Geography”, a estreia solo do prodigioso guitarrista inglês, lançada – via Beyond The Groove – no dia 6 de abril de 2018. 

 

Line Up:
Tom Misch (vocal/guitarra)
GoldLink (vocal)
De La Soul (vocal)
Poppy Ajudha (vocal)
Loyle Carner (vocal)
Polly Misch (vocal)
Abbey Smith (vocal)
Jessica Carmody Nathan (vocal)
Jaz Kariz (vocal)
Roy Hargrove (vocal sample)
Jamie Houghton (bateria)
Tobie Tripp (violino)
Johnny Woodham (trompete)
Reuben James (piano)
Paul Castelluzo (guitarra)
Rob Araujo (teclados)

 

 

Track List:
“Before Paris”
“Lost In Paris”
“South Of The River”
“Movie”
“Tick Tock”
“It Runs Through Me” – feat. De La Soul
“Isn’t She Lovely” – Stevie Wonder
“Disco Yes” – feat. Poppy Ajudha
“Man Like You”
“Water Baby” – feat. Loyle Carner
“You’re On My Mind”
“Cos I Love You”
“We’ve Come So Far”

 

Amigo do Alfa Mist, FKJ – vulgo French Kiwi JuiceTom Misch está envolvido apenas com a nata da cena. Natural de Londres, o guitarrista e produtor está no corre desde 2012 e chama atenção devido ao seu versátil talento e abordagem multidisciplinar.

Depois do play, Misch promove uma sinuosa mistura entre Jazz, Funk e os climas do A Tribe Called Quest, tudo batido no seu liquidificador com cérebro de beatmaker e charmosos sons de sinth na guitarra.

Quanto ao seu trabalho como beatmaker, vale ressaltar que Tom tem 2 trabalhos nesse front. Todos no formato Mixtape, “Beat Tape 1” e “Beat Tape 2” – lançados em 2014 e 2015 respectivamente – mostram de onde vêm suas referências e servem como um belo plano de fundo para entender sua lírica.

Em disco o clima é o mesmo. Detalhe para o sample do Roy Hargrove na intro de “Before Paris”, inaugurando o disco com muita classe. A naturalidade para tirar ácidos licks e riffs de sua Strato chega a impressionar. A melodia de “Lost In Paris” ficará na sua mente por semanas.

Seu talento vocal é outro grande destaque do disco – principalmente em baladas como “Movie” – e a forma como ele entrega todas essas referências com um novo formato é bastante interessante. O violino do Tobie Tripp também é um detalhe que engrandece os arranjos e “South Of The River” é um exemplo disso.

Não adianta, podem se passar 50 anos, mas as cordas sempre vão entregar um acabamento majestoso em qualquer gravação. A participação do violinista é muito interessante e vale ressaltar que ele também está presente nos shows.

A bateria com approach dos beats também funciona muito bem para ambientar as batidas e isso fica nítido, principalmente em temas como “Tick Tock”, onde Tom trabalha com camadas de sinth. Em alguns momentos parece até Disco em função de certas timbragens.

Disco de audição leve e fácil, o guitarrista ainda convocou uma seleta roda de mestres para participar desse encontro. Tem De La Soul em “It Runs Through Me” – com uma levada ao melhor estilo brasilis – Poppy Ajudha em “Disco Yes” e Loyle Carner em “Water Baby”.

É um som de sensibilidade grandiosa e que mostra como essa galera da cena atual pensa, não só como músico, mas com uma mentalidade de produtor/beatmaker. É um trabalho muito completo e que circula em diversos estilos  livremente. Passei pelo Funk, Jazz, R&B, Hip-Hop e fala com a galera do underground ao mainstream.

Tem hora que ele chega a irritar pela aparente facilidade que desliza os braços da guitarra. Pode confiar, o inglês vai ganhar seus ouvidos com a majestosa versão de “Isn’t She Lovely”. O Stevie Wonder deve ter ficado orgulhoso.

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