Them Crooked Vultures – Them Crooked Vultures

O Josh Homme é um dos caras que mais fez pela música e que menos leva crédito por isso. É claro que essa afirmação é direcionada para os centenas de pentelhos que possuem nomes estampados nas revistas como se fossem novos gênios. O único problema é que eles não chegam nem perto disso e o que é pior: possuem uma história bem menos significativa do que a do já citado guitarrista e vocalista.
Pra começar que Josh fez parte do pioneiro Kyuss, grupo que ajudou a criar, definir e distribuir os padrões do que hoje é conhecido como Stoner Rock. Depois disso o americano ainda começou uma banda do zero e reiniciou o taxímetro com a bandeira um do Queens Of The Stone Age.

E o resultado está aí pra todo mundo ver. O grupo está na ativa faz mais de 20 anos e a discografia dos caras já colocou seis petardos de estúdio na praça, isso fora os projetos paralelos, algo que em temos recentes, virou febre dentro da malha de workaholics.

Só que entre as várias afiliações deste senhor, o Them Crooked Vultures é a maior estrela dessa constelação de grandes discos. É bem verdade que o supergrupo só registrou um trabalho até agora, mas a banda ainda pulsa, o groove está apenas num período de hiato em virtude da falta de tempo de todos os envolvidos… Eles precisam apenas de uma brecha para prosseguir com esta bela química sonora.

Aliás, pode crer que daqui uns vinte anos esse disco será lembrado. Eis aqui um som fresco diretamente de 2009 com síntese de power trio rumo à modernidade. Josh, você está contratado, pode chamar seu amigo Dave Grohl e seu comparsa John Paul Jones.

Line Up:
Josh Homme (guitarra/vocal)

John Paul Jones (baixo/bandolim/teclado/piano/violino/vocal/clavinet)

Dave Grohl (bateria)

Track List:
”No One Loves Me & Neither Do I”
”Mind Eraser, No Chaser”
”New Fang”
”Dead End Friends”
”Elephants”
”Scumbag Blues”
”Bandoliers”
”Reptiles”
”Interlude With Ludes”
”Warsaw Or The First Breath You Take After You Give Up”
”Caligulove”
”Gunman”
”Spinning In Daffodils”

Formado por três nomes que à primeira vista não se misturam, o Them Crooked Vultures é uma das cozinhas mais originais que o senhor escutará nesse contexto contemporâneo que habitamos. Josh surge com um de seus trabalhos mais criativos na guitarra, Jonesy frita e não frita pouco em seu baixo, solando e servindo um banquete de belas passagens, enquanto Dave Grohl registrou um de seus melhores momentos na bateria.
Teoricamente a receita é essa, na prática, o buraco é bem mais embaixo, é quase um poço artesiano. O conceito musical é bastante abrangente, vai desde a psicodelia que emula Blueseiras, até devaneios progressivos que sucumbiram às mais ácidas pirações em nome do peso que, sem exagerar, pondera todas as considerações que vemos acima, ordenadas na track list.

A banda começou oficialmente em 2009, mas desde 2005 a semente estava germinando. Numa entrevista para a Mojo (em 2005), Grohl comentou sobre uma colaboração envolvendo John Paul Jones e Josh Homme, mas nada aconteceu realmente, até a esposa de Josh (Brody Dalle) dar com a lingua nos dentes (em julho de 2009) e declarar que essa união originara um som nunca feito até o momento.
Mas ainda faltava um nome, adjetivo que surgiu ao acaso e que na prática não possui nenhum significado. A solução foi apenas um substituto para ”Caligula”, alcunha que fora escolhida anteriormente, mas precisou ser trocada, pois algum espertinho já estava utilizando.
Depois foi só começar a lombra. Com as gravações agendadas para o meio de 2009, o trio foi para Los Angeles, gravou a bolacha e depois que o disco saiu (no dia 16 de novembro do mesmo ano), foi só embarcar numa tour européia (junto de Alain Johannes para somar no groove ao vivo). Aliás, a jam chegou até a Oceania, atravessando o globo e se encerrando em 2010 para que os 3 pudessem retomar outras ideias.
Mas o fato é um só, até agora não saiu nada novo e o trio segue trabalhando em novas composições com foco em cada uma de suas respectivas bandas (ou carreira solo no caso de Joseny). Só que esse disco é tão competente e profundo, que o burburinho está no eco dos falantas até agora.
E o motivo é plenamente justificável, afinal de contas acredito que seja bem improvável que o senhor consiga ignorar o apelo de hits em potencial como a àcida ”No One Loves Me, Neither Do I”, sua sequência radiofônica (”Mind Eraser, No Chaser”) e a viciante ”New Fang”.
Além de ser o disco responsável por tirar John Paul Jones do sofá (após 8 anos de ”The Thunderthief”, lançado em 2001), a estréia desse supergrupo marca o retorno do bass man do Led Zeppelin para o Rock ‘N’ Roll. Evidencia também seu fôlego de menino para compor grandes temas, abrilhantar passagem chapantes e tocar dezenas de instrumentos. Tudo como nos velhos tempos.
Apostando numa química mais densa para ”Dead End Friends”, melodias bipolares em ”Elephants” e num Funky Clavinet para as texturas de John Paul na session ”Scumbag Blues”. De fato, a riqueza é impressionante e muitos detalhes de toda essa fauna-e-flora sonora saíram da mente de Jones.
Brilhante mestre que no intervalo dos tempos quebrados de ”Bandoliers”, ainda gravou um piano classudo para engrossar a brisa de ”Spinning In Daffodils”, e registrou a guitarra slide que inunda seus ouvidos em ”Reptiles”.
Assuma meu caro, você duvidou de Dave Grohl quando viu o nome do senhor Foo Fighters nos créditos, mas seria muita palhaçada de sua parte não reconhecer os inventivos e vigorosos arranjos da calhorda e Zeppeliana ”Warsaw Or The First Breath You Take After You Gave Up”, a maior jam desse disco.
Um glorioso registro, que entre trocadilhos com o antigo nome deste grêmio sonoro (”Caligulove”), cola vossos ouvidos no play e, mesmo depois de 6 anos, ainda inspira trilhas para um baurete e alguma esperança de sequência para essa promissora piração.

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