The Verve em Urban Hyms: Melancolia Agridoce

Num ano de discos emblemáticos para o Britpop The Verve lança o definitivo Urban Hyms carregado de sons e lamentos poeticamente melancólicos

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Olhando em retrospectiva o ano de 1997 foi emblemático no cenário do rock inglês. Três super-bandas lançaram seus respectivos álbuns nesse ano. O Oasis e seu Be Here Now, o Radiohead e seu Ok Computer e finalmente o The Verve com seu Urban Hymns. Alguns críticos consideram que a “morte” do britpop ocorreu nesse ano. Mas como o objetivo desse texto não é esse deixemos esse assunto de lado.

Quase ia me esquecendo de dar um salve para meus queridos leitores do Oganpazan e desejar um 2016 com muita música boa. Então voltando a falar de música, qual seria dentre essas três bandas o objeto desse texto? Não, meus amigos e amigas não é sobre o Oasis. Não sei se vocês já perceberam minha predileção pelos meninos de Manchester, que deixei claro aqui e aqui.  Mas hoje falaremos da banda natural da cidade de Wigan, o fenomenal The Verve e seu espetacular Urban Hymms.

Um álbum que começa com a já clássica Bitter Sweet Symphony também já poderia ser considerado um clássico. Aliás, tal música foi escrita sobre um sample de uma música dos Stones, “The Last Time”, e por isso o The Verve não detém os direitos autorais dessa música. A musicalidade do The Verve carregava certo tom de melancolia que destoava essa banda das demais do britpop e muito disso pela guitarra “chorosa” e melancólica de Nick McCabe. “Porque é uma sinfonia agridoce, esta vida” nos diz o gênio Richard Ashcroft sobre um violino que o acompanha em toda a música. A peculiaridade das músicas do The Verve residem justamente nessa melancolia de Ashcroft e McCabe.

O The Verve parece ser o lado soturno do Britpop. A segunda faixa, é a primeira das belíssimas baladas que compõem o disco. É uma música sobre o amor, mas um amor que não se realiza, e toda a música é pontuada pela melancólica guitarra de McCabe, “Sim, haverá amor se você quiser, mas não parece com nenhum soneto, meu Senhor[…] Sonhando com um dia em que poderei vê-la lá, ao meu lado.” É muito interessante notar na musicalidade do The Verve e que traz a marca de sua identidade, além da voz de Ashcroft, é justamente o guitarrista McCabe, pois, grande parte da melancolia que encontramos nas músicas do The Verve é consequência da inventividade desse grande músico.

A terceira faixa do álbum se chama The Rolling People, mesmo sendo a mais enérgica e visceral música do álbum a letra dela continua a carregar as marcas das personalidades atormentadas de Ashcroft e McCabe “Eu tenho mais uma vida, você pode vê-la sumindo?[…] As luzes estão ligadas e eu estou sentido-me triste, eu espero que você saiba qual caminho eu vou voar”.

Dentro da história do rock britânico nos anos 90 talvez não seja nenhum absurdo apontar o The Verve, ou o Radiohead, como aquelas bandas que encarnariam em si algo como o princípio de morte, que Freud chamou de Tânatos. E no outro polo, a banda de Manchester, o Oasis, encarnaria uma musicalidade mais para cima, com um otimismo maior, o Eros (Principio de prazer) que nos daria o equilíbrio dentro desse movimento, sua dualidade intrinseca. Mas saindo dessa ladainha freudiana, falemos da linda The Drugs Don’t Work.

Dizem que essa canção foi escrita por Ashcroft em homenagem a seu pai que sofria com um câncer e estava em estado terminal, por isso, o título, pois, naquele momento as drogas para aplacar as dores não estavam mais surtindo efeito. Trata-se de uma poderosa matéria-prima para mais uma balada que emana tristeza a cada acorde e versos proferidos. Mas a arte não teria a capacidade de transformar a tristeza em algo Belo? Pois é, Ashcroft transformou um momento tão triste de sua  vida pessoal em uma das canções mais belas da década de 90… “E eu espero que você pense em mim, quando você deita no seu lado da cama[…] Se o céu chamar, eu vou também”.

E, para finalizar, falemos da clássica History. Canção linda, foda, sem adjetivos para descrever tal canção… ops só um momento… History não está em Urbam Hymns e sim em A Northern Soul… foi só uma desculpe para citar essa outra grande música do The Verve, presente no seu disco anterior.

Querido leitores do Oganpazan foi uma prazer revê-los e espero que gostem desse singelo texto.

 Por Hidemi Myamoto

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