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CD's, The Rolling Stones

The Rolling Stones – Sticky Fingers Live

Quando a Zip Code tour dos Stones começou, muitos se perguntaram se a remasterização do clássico ”Sticky Fingers”, seria uma boa justificativa para a banda mandar o clássico lançado em 1971 na íntegra.

Depois que o burburinho começou, Keith Richards se manifestou e disse que seria bacana reviver o disco em sua totalidade, já seu desafeto, o vocalista Mick ”Sir” Jagger, ficou mais temeroso com a reação do público, pois como o disco possui muitas baladas, talvez o show pudesse ficar parado demais e essa é a última coisa que um show dos Stones poderia ser: morno.

Depois que os shows marcados começaram a formar a grade da turnê, foi interessante ver como os velhacos sentiram vontade de sacudir o setlist dos show’s. ”Hang On Sloopy” (cover dos The McCoys), por exemplo, faixa que a banda não tocava fazia mais de 50 anos, voltou a figurar nos show’s e celebrar o fato de que é o tema oficial da cidade de Ohio desde 1985.
A energia parece estar bastante positiva. Keith anunciou um novo trabalho solo depois de 23 anos, liberou um single e, aparentemente, toda essa onda de otimismo deu ainda mais confiança para a maior banda de Rock do mundo, afinal de contas só isso justifica o lançamento de ”Sticky Fingers Live”, belo registro gravado na primeira noite da Zip Code Tour e lançado no dia 29 de junho de 2015.

Line Up:
Charlie Watts (bateria)
Ronnie Wood (guitarra)
Keith Richards (guitarra)
Mick Jagger (vocal)
Darryl Jones (baixo)
Lisa Fischer (vocal)
Bernard Fowler (vocal)
Chuck Leavell (teclado)

Track List:
”Sway”
”Dead Flowers”
”Wild Horses”
”Sister Morphine”
”You Gotta Move”
”Bitch”
”Can’t You Hear Me Knocking”
”I Got The Blues”
”Moonlight Mile”
”Brown Sugar”

Gravado no Fonda Theatre em Los Angeles e produzido pelo renomado Bob Clearmountain, ”Sticky Fingers Live” é um ao vivo competente, não vai mudar sua vida, mas vale o play justamente por esse novo respiro de ar fresco que o catálogo da banda fez render com muita propriedade. 
Surpreendendo a malha de fãs com o lançamento, esse trabalho também afasta a banda dos estádios e eterniza um show intimista, sendo que nesta gravação, apenas 1200 pessoas estavam lotando as dependêcias para um show que vai contra todas as superproduções que a indústria (e os Stones) tanto pregam.
Como manda o figurino, ”Sticky Fingers” veio na íntegra. São 10 temas e 50 minutos de uma bela apresentação e respectivo instrumental. Houve bastante atenção aos arranjos e a execução é bastante limpa, cativante e em nenhum momento fica morna, tal qual Jagger pensou que poderia acontecer. É claro que um show em estádio muda tudo, mas acredito que esse registro foi uma prova da força que esse disco ainda possui.
A única falha é não contar com Mick Taylor, exímio guitarrista que além de figurar neste clássico, ainda endossou a jam em outros grandes momentos da história do Stones, como ”Exile On Main St.” e ”Goats Head Soup”, por exemplo.
É indiscutível que Mick Taylor foi o melhor guitarrista que já passou pelos Stones. É fato também que sua participação nos melhores trabalhos da banda não é reconhecida da forma que deveria, só que não chamar o dono das principais linhas do disco para tocar foi uma mancada que, se não tivesse acontecido, rechearia este trabalho com solos e passagens que apenas o comparsa do John Mayall poderia criar.

O riff de ”Away” poderia soar mais chavoso, ”Can’t You Hear Me Knocking” ganharia em requinte e ”Moonlight Mile” em sentimento. Mas não podemos ficar chorando pelo leite que Taylor nem derramou! É válido ressaltar a exatidão das performances nas clássicas baladas ”Wild Horses” e ”Sister Morphine”, bem como o trabalho coeso no groove de Darryl Jones, as vozes de Lisa Fischer, Bernard Fowler e o marfim tenaz de Chuck Leavell.

Todo o pack de oito membros da banda foi cirúrgico e o resultado disso é um trabalho que quebra um grande tabu, pois essa foi a primeira exibição deste disco assim, na íntegra… Os caras estão na casa dos 70 e nem por isso perderam a picardia. Vale o play, Ronnie Wood segue roubando a cena, enquanto Keef sintoniza os riffs que serviram de trilha para várias gerações.

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