Dead Billies: Don’t Mess With, novo visual, mesma personalidade 

Fazer demonização facial pra simular juventude e uma beleza mambembe tá na moda, mas os The Dead Billies se contentaram em relançar seu álbum de estreia só com alguns retoques. Brigado Jesus!!

The Deadbillies invasion!

Se tem uma jabuticaba na música baiana, esta são os The Dead Billies. Pensar em psychobilly fora de Curitiba e São Paulo na virada dos anos 80 pros 90, só estando muito chapado de ácido, porque somente a imaginação turbinada com muitos aditivos extras seria capaz de ter uma viagem dessas. 

The Dead Billies
The Dead Billies em foto promocional.

Mas se tinha alguém tendo uma viagem de ácido foi quem escreveu a história do The Dead Billies ao longo da década em que a banda botou pra fervilhar os palcos soteropolitanos e festivais Brasil afora. Durante os anos noventa a indústria fonográfica deu seu jeito de consolidar no imaginário nacional que a música baiana se restringia tão somente à axé music.

Mas em Salvador a coisa não era bem assim. Justamente pela axé music ter se tornando um produto bem acabadinho pra consumo na prateleira do mercado cultural, acabou se afastando das classes populares e dos jovens a elas pertencentes. 

Então meu filho, quando surgiu uma banda explodindo em mil megatons s onoros e movimentos corporais alucinantes no palco, fazendo uma música completamente fora da curva pro cenário musical baiano da época, funcionou como um imã atraindo toda aquela geração de jovens sotepopolitanos dos anos 90, sedentos por extravasar sua energia ao som de alguma música toxicológica, naquele sentido que dá onda, claro.

Galera tava querendo adrenalina a mil correndo pelas veias! E os The Dead Billies forneceram isso em doses cavalares! Os shows dos caras viraram acontecimentos marcantes nos rolês noturnos daquela Salvador resistente aos avanços megalomaníacos da indústria axézeira. 

Não se metam com os The Dead Billies

Apesar de toda dificuldade pra se gravar um álbum nos anos noventa, conforme o baterista da banda, Rex, informa em trecho desta entrevista para o Soterópolis, gravar disco naquela época só tendo muita bala na agulha ou fazendo barulho suficiente pra chamar atenção de alguém interessado e em condições de bancar a gravação de um álbum dos responsáveis pelo reboliço. 

Os The Dead Billies já tinham feito a famosa fitinha caseira e antes do primeiro álbum botaram na pista o Ep Coffin Bop, que correu mundo a partir do seu lançamento em 1995. Girando pelas casas e mentes de vários (a) fans da banda, mais comuns em Salvador que banca de acarajé, o som da banda acabou chegando nos ouvidos de Wesley Rangel do estúdio WR.

The Dead Billies
Capa da fita k7 de Coffin Bop dos The Deadbillies.

Aí meu amigo, a coisa foi para outro patamar, como diria aquele alegórico jogador daquele alegórico  time carioca que mandou  o Real Madrid esperar, mas foi quem acabou dando o bolo, mesmo que involuntariamente, no time espanhol lá no Marrocos.  

Os caras foram alçados às graças do maior estúdio da Bahia, quiçá do Norte-Nordeste na época, pela aclamação do povo baiano. O povo baiano  não queria os brioches da axé music, queria é o acarajé cheio de pimenta dos The Dead Billies. 

Aí foi cair pro estúdio, topar com as estrelas da música baiana da época como Luís Caldas, Chiclete com Banana, Ricardo Chaves, entre uma sessão de gravação e outra. Imagina aí velho, você xóvem da Cidade Baixa, saído das entranhas do submundo da música baiana, demarcando seu lugar no espaço só acessível pra quem contava com a grana jorrante da indústria do axé. 

Vai The Dead Billies, vai ser gauché na vida!! gritou aquela voz embaralhada pelo São Jorge lá no fundo da platéia. Aí filhão, o bagulho foi que nem foguete, num tinha marcha ré não, foi só subida. 

The Dead Billies
Capa original de Don’t Mess With … dos The Deabillies lançado em 1996 no formato Compact Disc.

E a contagem regressiva foi o lançamento do primeiro álbum da banda, o Donnt Mess With .. no dia primeiro de julho de 1996! Caralho meu velho, foi MTV, Musichaos,e muito mais coisa, que demandaria eu refrescar a memória pra aumentar a lista. Mas bicho, cair nas graças da MTV nos anos 90 era o comprovante do sucesso! Daí cê já tira o tamanho do estardalhaço causado pelos caras com o Don´t Mess With…

Álbum recheado de hits, que todo mundo cantava, mesmo com a curiosa peculiaridade da banda só fazer músicas em inglês. Amigo, naqueles idos da nossa história, só o Sepultura conseguiu ter esse apelo do público cantando exclusivamente em inglês. Ah The Dead Billies, seus sedutores irresistíveis!! 

Velho não sei se foi proposital, se os caras pararam pra pensar na melhor maneira de montar o setlist do disco, mas puta que pariu bicho, a sequência das músicas não podia ser outra. Funcionou bem demais. 

E a primeira música é pra invadir mesmo seus ouvidos!!  Invasion of The Body Snatchers, já começando com aquele efeitozinho de disco voador usado na sonoplastia dos filmes B de sci-fi dos ano 40/50/60, depois entrando aquela melodia fantasmagórica, solinho de guitarra repetitivo pra dar aquela sensação de hipnose. É nesta hora que sua mente é tomada pelo parasita. E tem o clipe minha gente, porra, não posso deixar de indicar, vou jogar aí embaixo, sente aí a vibe dos homi!!

Algo que eles exploraram pra caralho nesse disco foi o clima dos filmes de terror B, quem acompanha o Instagram de Rex sabe de onde vem essa fissura na estética desse tipo de filme, e taí ao menos uma das fontes dessa influência na sonoridade da banda. 

Duas faixas nessa pegada, Im a Monster, que segue uma dinâmica alucinante, seguida por Vampire, uma valsa aterrorizante pra dançar agarradinho, de preferência com presas cravadas no pescoço. 

 Depois de dançar a valsa vampiresca os caras te jogam novamente no clima agitando, pero no mucho, com Psychogrubs. Quero destacar uma última faixa, por fazer parte desse combo que sintetiza bem o espírito do álbum. 

Lick My Lollipop, título sugestivo, cheio de malícia, busca referência no rockabilly e vem nos jogando naquele swing dançante dos anos 50. Bate logo a vontade de ter um topete e lambrecar o cabelo de gel. Vem ne mim Elvis!!

 Don’´t Mess With .. foi gravado entre os meses de abril e maio de 1996, nos estúdios WR, como dissemos acima e contou com a produção da WR Discos/ Rosângela Glat e ainda teve direção de ninguém menos que Nestor Madrid. 

Don’t Mess With … novo visual, mesma personalidade 

Naquela década de noventa os vinis estavam cada vez mais saindo de cena e dando lugar à nova mídia fisgando a galera pelo desejo de novidades tecnológicas: o compact disc, o famoso CD. Então, seguindo as tendências ditadas pela indústria fonográfica da época, o álbum só foi lançado neste formato. 

The Dead Billies
The Dead Billies em ação!!

Mas graças aos hipsters, necessitados em preencher o vazio existencial de suas vidas com algum hobby disfarçado de hábito intelectual, os vinis voltaram com tudo! Nos últimos quinze anos o interesse pelo vinil só aumentou e felizmente muitos selos passaram a se interessar em lançar álbuns importantes no formato vinil. Afinal, os hipsters criaram uma demanda pra eles!! Obrigado jovens de classe média metidos a besta!!

E agora amigues, chegou a hora dos The Dead Billies!! E temos que agradecer a galera da Neves Records! São eles que tão botando na fita de maneira inédita, o Don’´t Mess With .., esse pé na porta dos The Dead Billies, agora no formatão maravilhoso do LP.

Maaaassssss, não dorme no ponto, se você é hipster e preenche essa vida tediosa ostentando uma coleção de vinil, corre no site da Neves Records, ao link aqui procês ó, e garanta o seu porque são apenas 300 cópias dessa maravilha viu!!

Eu sei que a demonização facial tá na moda aqui no Brasil, os casos de Marrone e Stênio Garcia tão aí pra provar o sucesso do procedimento estético. Felizmente, os The Deadbillies não embarcaram nessa moda da indústria da buniteza e só deram mesmo uma repaginada no visual, sem alterações radicais. 

E querides hipsters, tá bonito o negócio!! O bagulho é roxo, roxo, seguindo a cor da capa, que é dupla, tá? Cê abre ele que nem um livro e lá dentro tem as letras e fotos inéditas da banda. E se tem uma coisa difícil de achar dando um google, são fotos dos The Dead Billies com uma qualidade boa viu! 

Capa com nova arte do Vinil de Don't Mess With ... dos The Dead Billies.
Capa com nova arte do Vinil de Don't Mess With ... dos The Dead Billies.
Meiuca do vinil.
Meiuca do vinil.
Contracapa.
Contracapa.

E aqui você vai ver toda a formosura e sexy appel de Morotó Slim, Joe Tromondo, Rex Crotus e Moska Billi em high definition. Você não vai se deliciar apenas sonoramente, mas visualmente também. É prazer garantido para todos os sentidos. E se você lamber o álbum ainda sente um gostinho de uva, o bagulho é na pegada 4D. 

Tem mais, não acabou não. A capa ainda ganhou uma novidade, uma releitura da foto original. Paulo Rocker meteu uma arte foda referenciada na foto original usada na capa do CD, que tá simplesmente maravilhosa!! Saca aí as fotos só pra você sentir um pouco da pressão!!!

Bom, você não precisa ser um hipster arrombado pra adquirir o seu, basta ter um vinil em casa, curtir música e ter 160 realis pra adquirir essa preciosidade!! Mas, se você assim como eu, só atende ao critério gostar de música, bota o Don’t Mess With … pra rolar em alguma plataforma de streming sem vergonha dessas e fica olhando pras imagens do vinil. Não vai satisfazer seu desejo fetichista, mas pelo menos vai te deixar sonoramente satisfeito!!

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