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The Alchemist e os beats imersivos em “The Food Villain”

the alchemist

The Food Villain é uma beat tape do Alan The Alchemist. Em 2020 ele lançou 5 discos e essa selecta é um dos destaques. Não durma no ponto.

O Hip-Hop se apropriou do story telling de maneira extremamente criativa, tanto pensando em termos de letra, quanto em sample.

A figura do MC e do produtor é uma ponte tão importante quanto a cozinha é para uma banda de Jazz e, nos anos 2000 – com o Hip-Hop ganhando inegável notoriedade – os fãs podem degustar verdadeiras obras primas, valorizando os referencias de quem rima e quem bate o dedo nos pads.

No quesito produção, talvez o maior destaque no cenário nos últimos anos seja o britânico Alan “The Alchemist”. Workaholic e prolífico compositor, o meliante que já foi DJ do Eminem possui uma ficha de colaborações e projetos autorais absolutamente respeitável.

Action Bronson, Freddie Gibbs, Curren$y, Conway The Machine, Benny The Butcher… Dá pra fazer essa lista até amanhã de manhã. Só em 2020 foram 5 contundentes registros, trabalhando variadas formas de expressão dentro do âmbito do flow. Se liga na lista completa:

 

“The Price Of Tea In China”

“LULU”

“Alfredo”

“A Doctor, Painter & an Alchemist Walk Into A Bar”

“The Food Villain”

 

O Alchemist tem sido um midas das rimas e para valorizar a rara habilidade do inglês, “The Food Villain” – um dos 5 discos liberados pelo meliante em 2020 – mostra como o cidadão possui fino tato na hora de criar beats absolutamente imersivos à partir de samples e chapantes colagens.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esse disco dura menos de meia hora, mas entrega um material que mostra como o nível das produções é altíssimo. Com uma arte que parece um retrato estilizado do Cartola – feito pelo artista E$ – The Alchemist surge com uma espécie de beat tape, pautada nas laricas que seu amigo Action Bronson cozinha em seu programa “Fuck That’s Delicious“.

Além do Action Bronson, o disco conta com apenas duas faixas cantadas. “I Hate Everything” (com o gogó do Action) e “Islamic Excellence”, com participação de Big Body Bes.

São 16 tracks que funcionam como vinhetas muito bem interligadas e que trazem uma unidade grandiosa para o processo de audição, além de ressaltar a arte com abordagem praticamente artesanal do sample/colagem.

A forma como o Alchemist manipula os elementos, criando beats imersivos é fruto de muitos anos de experiência. Vale lembrar que esse disco saiu no dia do aniversário de 43 anos de um dos caras mais requisitadas da cena contemporânea.

Com um approach que remete ao MF Doom em alguns momentos, o disco entrega diversos estímulos diferentes e prima por agrupar estéticas variadas sem perder a forma.

Como resultado, o disco começa, termina e você nem se dá conta.

É a habilidade de contar uma história trazendo foco nos beats, a espinha dorsal da expressão que contém as 6 letras do Hip-Hop.

Esse é digno de ouvir matando uma larica. 5 estrelas para o Chef Alchemist chega até a ser pouco.

E se você acha que em 2021 o groove foi brecado, fique sabendo que o reverendo Alan já gravou 5 novos registros. São eles “Bo Jackson“, a sexta edição dos instrumentais “Rapper’s Best Friend“, “Covert Coup“, “Haram” e “Carry The Fire“. 

Não é brinquedo não, papai. É necessário aplaudir e prestigiar. Chama o Cartola e confie no quitute sonoro.

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