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Soundfood Gang em 2021, confira os lançamentos e o que vem por aí!

A Soundfood Gang começou o ano com lançamentos fortes e já anuncia vários outros singles, mixtapes e EP’s para breve, fique por dentro

Soundfood Gang

Descobrir um artista é uma experiência enriquecedora, adentrar a galáxia de afetos e percepções comunicadas através de ideias estéticas que no campo do rap operam através de rimas e batidas, é uma viagem fantástica. A Soundfood Gang é uma nave intergaláctica que uma vez adentrada te conduz com a habilidade do nosso querido Hans Solo brazuca, o mineiro negão Adalberto.O Boss, das figuras mais admiradas e citadas em faixas do rap nacional contemporâneo é o produtor executivo da banca. 

A sensação objetiva que qualquer pessoa que acompanha de perto o trampo dessa galera, é que a custa de muito trampo e originalidade, os artistas que compõem a Soundfood Gang tem a cada ano expandido seus universos. Seja através do reconhecimento das inovações trazidas para o cenário nacional por nILL & Yung Buda, os dois artistas mais famosos da gang. Mas também, obviamente pelo excelente trabalho feito pelo “maloqueiro sombrio” Mano Will e pelas mixtapes do Chinv e do DJ Buck. Mas não ficamos por aqui, a grande Ashira foi recentemente incorporada à banca e vem soltando clipes de muito bom gosto, assim como o Kadow, nova “galáxia” a que fomos apresentados.

Mesmo com pandemia, a rapaziada não parou de trampar, pelo contrário esão intensificando a quantidade de lançamentos com uma agenda muito bem estruturada e lançamentos de peso desde o começo do ano. Recentemente, fomos surpreendidos pelo anúncio do Yung Buda do lançamento de Músicas para Drift III (2021) que já teve capa, contra capa e feats divulgados nas redes. Sucessor de True Religion (2020), esse novo trampo vem pesado como é característica do 7k e ainda não teve sua data anunciada, mas pelo que pudemos apurar, vai às ruas agora ainda em março.    

DJ Buck 

Muito se fala de família na cultura hip hop, a Soundfood Gang apesar de ser uma empresa séria e profissional, é possível perceber a boa relação de fortalecimento mútuo que apenas os familiares que as ruas nos presenteiam são capazes.Neste momento de apreensão e morte em que estamos vivendo é fundamental o auto cuidado, a consciência plena de si capaz de se cuidar e necessariamente cuidar do outro. DJ Buck começou o ano com o photoclipe da faixa “Resultado”, com a participação do Mano Will. Dj Buck soltou uma mixtape muito bacana e cheia de groove em 2019, Funky que nos tivemos o prazer de resenhar. 

Dando prosseguimento às suas pesquisas e produções Dj Buck traz aqui um beat preenchido por um sample já clássico do Azymuth, conseguindo nos transmitir muita serenidade para que sejamos capazes de boas escolhas. Mano Will versa com riqueza de flow e construção poética, exatamente sobre resistir e sobre a escolha de aliados capazes de nos apoiar.

Chinv

Uma figura que sempre apresenta trabalhos muito bem concebidos, já possui quatro mixtapes Okane(2018) Chozy Baby (2019), RapArtOnline (2020) e BurleMarx (2020), o Chinv convidou os “rancheiros” Msor e Sergio Estranho para colarem em Jardim (2021). Um single que nos parece muito uma espécie de expansão do que foi abordado em sua última mixtape. Nessa faixa que conta com a produção do Babidi, o trio de MC’s apresentam variações contemporâneas do Cândido de Voltaire, em chave hip hop. Capturados no estúdio por 345reim e com a edição do MoneyCheezy, esse single dialoga muito com o que estamos todos vivendo, se não formos bolsonaristas dementes e fascistas. 

Diante de um destino que se fecha em diversas dimensões para toda a população até a morte iminente, o desespero pode parecer a única saída possível. Mas, como o Cândido personagem da novela do Voltaire aprendeu, diante de visões otimistas e ou pessimistas que tendem a simplificar tudo que vivemos: “precisamos cultivar o nosso jardim”. É dessa forma que consigo entender esse Jardim atmosférico no beat do Babidi, e semeado com rigor e conceito por Msor, Sergio Estranho e Chinv. “Jardim” é o primeiro single do novo EP do Chinv, “The Fumado” (2021) com previsão de lançamento para 2021, então já sabe né? Pega a visão aí que em breve tem mais trampo do mano na rua!

nILL 

Um artista negro que sem dúvida alguma é uma das figuras mais relevantes estéticamente na produção de música nacional, nILL tem acumulado temporadas e galaxias de criação ao longo dos últimos anos. Sempre apresentando algo novo, sempre propondo estéticas sonoras, visuais e conceituais que aqui sim, podemos ver a história sendo construída através da originalidade. Em seus últimos trampos nILL embarcou numa vibe house, recuperando uma estética originariamente negra e que a apropriação cultural racista tornou branca. Notadamente em Good Small Vol. 2, o house foi a tônica sonora principal, ele abre 2021 explorando um pouco mais esse gênero de produção. 

O single “Control”, traz uma combinação do house com sinthywave, em um feat internacional do nILL com a cantora canadense DIJAHSB, com produção do O adotado (o alter ego do nILL). Só pra pista, som pra meter uns passo loko de Vogue, mas também com linhas certeiras do MC. Agora é ficar esperto porque o mano já anunciou que vai ter mixtape daqui uns meses, estamos de olho!

Kadow 

Uma das características mais cativantes da Soundfood Gang é a pluralidade de expressões e ao mesmo tempo o afinco em preservar a essência hip-hop dentro de suas produções. A firma faz o movimento de dar um zoom no futuro porém, com os pés muito bem fincados nas raízes da cultura. O beatmaker Kadow trouxe em 2021 um boombap sujo, ele o bom e velho e sempre contestado estilo que os cueca freada do internet gostam de contestar. A faixa traz ainda os riscos do DJ Buck nervoso nas pickups e as rimas do MC AKA AFK cuspindo da melhor forma rimas agravantes. O produtor Kadow retoma sua caminhada, e inicia em grande estilo essa sua nova fase dentro da gang da pizza. 

Produzindo uma reflexão sobre sua própria trajetória e momento, “O Bom Filho a Casa Torna”, apresenta imagens da cidade na confluência com as rimas ligeiras e sujas do AFK. Nos trazendo pensamentos sobre resistência cultural, luta contra o racismo, a importância da cultura hip hop na vida de muitos e muitas que possuem nela o alicerce capaz de impulsionar desenvolvimento e resgate social. O clipe contém imagens de Anderson Mendes e a edição de Luiz Brombal, e abre os trabalhos do Kadow, que pelo que pudemos apurar vai soltar uma mixtape com vários MC’s em breve!

Mano Will 

No passinho do Maloqueiro Sombrio, o clipe de “Velhos Modos” rompe com os novos modelos de representar as vivências periféricas através de uma espetacularização do crime. Mano Will é desses, no miudinho um artista super versátil e com um estofo muito firme de suas vivências em sua quebrada. E nesse processo o MC consegue transcender a sua área conferindo universalidade para sua arte, apresentando a riqueza da quebra através de si mesmo. Contendo em si todas as potencialidades presentes na vida da classe trabalhadora e negra desse país, Mano Will pode bater massa, tomar um goró com os tiozinho da quebra ou ainda rimar num G-Funk dos mais classudos. Gente da gente. 

Para muitos, principalmente para quem entende arte como um espaço onde o glamour e a popularidade, a fama é um espaço de semideuses, essa veracidade que Mano Will traz pode ser desconfortável. Uma velha postura que permanece atual e necessária, Mano Will não é um ególatra como muitos artistas do rap nacional, Saudosa Maloka Sombria (2018), Aprendizados (2016) e Nuvem Negra (2020)https://oganpazan.com.br/manowill-cevada-nuvem-negra/ são trabalhos a que sempre voltamos e que são excelentes. Velhos Modos é seu primeiro single solo esse ano e traz a produção do Kadow, o videoclipe é da MWEProduções, confira!

Ashira 

Só quem é de quebrada sabe que os closes são sempre fruto de muitas correria , de muito sacrifício e muito suor Em “De Lá”, Ashira aborda seus sonhos, sua luta para alcança-los e quais os objetivos ela almeja com sua arte. Uma produtora de mão cheia, DJ, MC, Cantora e daquelas artistas que metem a mão na massa para fazer acontecer, Ashira vem galgando uma caminhada fabulosa e traz um toque de feminilidade que faltava a Soundfodd Gang. Trazendo com sua bagagem e suas novas produções outras cores novas para um empreendimento artístico e cultural tão rico. 

Em seu novo single a produção ficou por conta de Xuvisco na Batida, que também traz o baixo groovento de JazzKey, onde Ashira insere sua voz com muita qualidade e apresenta rimas suaves carregadas com o peso de uma vivência dura, mas que resiste. Nessa conjuntura, manter a fé naquilo que se faz diante de tantas impossibilidades e obstáculos agravados pela pandemia que estamos vivendo é difícil, porém Ashira está firme e forte. A artista utiliza sua voz e suas rimas para transcender e encontrar meios próprios de superação desse contexto, algo que ela exemplifica com muita expertise em sua música.

O audiovisual dirigido pela Beatriz Shibuya é muito bonito, pois mais uma vez como colocamos acima, não representa um glamour inexistente, pelo contrário firma os pés, o corpo e a exuberância de um fruto da quebrada, em seu local mais próprio. Não se trata de elogio da pobreza, mas antes de ser capaz de comunicar a riqueza que já se possui. Assista!.

-Soundfood Gang em 2021, confira os lançamentos e o que vem por aí!

Por Danilo Cruz

 

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