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Sesc Jazz, Joyce Moreno e um rolê com o Cole Porter na Bahia

joyce

Um dos momentos mais bonitos do SESC Jazz 2021, o show da Joyce Moreno valorizou o trabalho de uma das maiores cantoras do Brasil.

Joyce Moreno – SESC Jazz

Depois de tantos anos tempo em casa, sem shows presenciais, enfim assisti alguns espetáculos que compunham a grade do tradicional SESC Jazz. Importante ressaltar que o último show que assisti antes da pandemia foi também num festival do SESC, o Nublu Jazz… Uma tarde icônica ao som do Femi Kuti e da banda baiana Ifá.

Isso foi em março de 2020. Até chegar em outubro teve chão, mas depois de tanto esperar, foi no mínimo triunfal voltar aos assentos do teatro (do SESC Pompéia) para assistir a um show memorável da Joyce Moreno. Acompanhada por músicos de grande importância história para a tradição do groove nacional – num trio que incluiu Tutty Moreno na bateria, Lula Galvão na guitarra e Jorge Hellder no baixo acústico – o show ainda contou com a participação de João Donato. Como diria um amigo meu: foi sublime.

Foto: Rodrigo Zaim

Donatão roubou a cena, ao melhor estilo “cheguei humilde e sem querer fui foda”. O músico natural de Rio Branco (Acre), sem esconder a felicidade de estar dividindo aquele momento com uma das maiores cantoras do país, disse sem pestanejar que a carioca sempre foi sua cantora brasileira favorita.

Ao lado de tanta história, Joyce brilhou. Tocando um violão irretocável e cantando com grande graça, o repertório que contou com temas autorais, releituras de standards de Jazz e também com parcerias com o Bad Donato, foi executado com maestria, apesar da natural ansiedade e nervosismo dos músicos.

Contar com Donato nas participações, foi uma ideia bastante interessante musicalmente, pois o maestro trouxe um molho diferente para a cozinha do Samba-Jazz. Puxando os diálogos para o lado afro-cubano da força, o piano Jamaicano do cidadão fez o Tutty groovar na vassourinha.

Teve Harry Belafonte, uma versão de Cole Porter puxada no dendê, autorais da Joye e a radiofônica “Emoriô”, do serelepe João. Foi bonito. A voz e o violão da Joyce desconcertaram todos os presentes – tanto online, na transmissão do SESC – quanto presencialmente.

Os instrumentos estavam cirurgicamente timbrados. Ouvia-se tudo e muito bem. O som dos pratos do Tutty em particular reverberavam pelo teatros em ondas retumbantes. Os solos do Lula Galvão extremamente pertinentes e precisos, repleto de feeling e domínio de forma e linguagem.

A condução do Jorge ressaltou o agridoce toque do Samba-Jazz. Joyce foi soberana, majestosa e com o perdão do trocadilho, colocou “Mingus, Miles and Coltrane” no bolso.

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