Todo dia, toda hora, com base em todos os fusos horários e padrões latitudinais, bem como os longitudinais… Rapaz, só o Jorge Ben pra eternizar uma viola serena numa base sambista-esotérica e ainda conseguir explanar todos os males e inseguranças de um cidadão que está em transe perante uma menina mulher da pele preta.
Você fica a olhar. As dúvidas estão todos na frente de seus olhos a bailar, mas os sentidos se perdem nas sinestesias e aí você fica sem dormir sossegado. Pensando e consumindo seu tempo como se os ponteiros fossem as respostas e, os segundos, um alarme prestes a explodir em olhos azuis.
Uma dança de sensações que enlouquece. É lindo, talvez quase perfeito. Simplesmente platônico até o momento da descoberta e caótico depois que paramos para ver se ela pensa um pouco em nós. Vai ou não vai? Desarmados perante tudo o que queríamos, o paradoxo se desenvolve e quem resolver o enigma da Tábua de Esmeralda chega ao paraíso.
Quem não consegue esquecer a pele morena e se perde em todos os encantos fica preso. Alheio como um Narciso a encarar seu próprio reflexo frente a lagoa de Eco, o amor parece ser a salvação de homens que se transformam em ilhas.
A dor e as gotas escarlates desse arquipélago são os pontos que mapeiam essa sinuosa história. Em suma, esse é o enredo de todos os casos daqueles que já se perderam por sorrisos brancos. Jorge Ben escreveu, dentre tantos hinos, talvez uma das maiores crônicas sobre o desespero que o batimento que sai do seu peito pode aliciar.
Mas faz tão bem. Vale a pena perder a defesa e jogar o time todo para o ataque. A linha de zagueiros já está desprotegida mesmo, o que você tem à perder? Jorge perdeu o sono, o escritor não conseguiu descrever exatamente o que queria, mas e você? Qual é o plano pra fazer o telefone tocar novamente? Corra, por que depois do quarto toque, talvez não dê mais tempo pra falar com a sua Terezinha!