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Scatter the Rats (2019) mais uma porrada do L7

Scatter the Rats, novo álbum da L7, pode não trazer novidade em termos sonoros, mas é uma porrada du caralho!

Após 20 anos, as L7 lançam um novo álbum, gravado no estúdio Blackheart Records, pertencente a uma amiga de longa data da banda, Joan Jet. Scatter the Rats (2019) é o nono álbum de estúdio da banda que marcou o rock dos anos 90, tornando-se uma referência para quem busca ouvir e entender a sonoridade que caracteriza o rock noventista.

Pioneiras do que alguns rotularam como grunge punk, a banda havia encerrado sua era sem um anúncio oficial acerca do término da banda. Scatter The Rats não traz novidades em termos de transformação no som da banda, na verdade é um mergulho no auge sonoro da L7 em meados da década de noventa.

Entretanto, não se trata de um álbum caça níquéis, cansativo e repetitivo. Longe de ser  constituído de músicas tediosas, trata-se de um “update” da aura da banda, necessário, visto que foram longos anos fora dos palcos e estúdios.  Apesar disso, a banda conseguiu restabelecer bem a linha temporal de sua carreira, criando uma transição natural entre o último trabalho de duas décadas atrás e o recém lançado. Podemos facilmente conceber que este álbum teria essas mesmas características caso tivesse sido lançado apenas alguns anos após Slap-Happy de 1999, tamanha a afinidade entre o que fizeram no final dos noventa e agora no final da segunda década dos 2000.

Nesse sentido, Scatter the Rats pode ser considerado um retorno nostálgico aos anos 90. Um reencontro com guitarras selvagens, emissoras de ruídos secos e estridentes, paletadas sobre ritmos bem cadenciados numa concepção resultante de elementos de estilos tocados de forma despretensiosa, quase uma atualização beirando o “degradável”. Podemos dizer sem medo se tratar de rock and roll feito sem frescuras.

Vejam, não esperem a mesma ferocidade e caos dos tempos vorazes da banda, sob efeito das experiencias radicais e hedonistas da juventude. Essa energia caótica foi suavizada, o que é natural, devido o amadurecimento das integrantes da banda. Donita Sparks, por exemplo, brinda-nos com vocais mais limpos, nos colocando em contato com uma voz polida, porém de intensidade em alto grau.

Isso não significa falta de punch no som da banda. As minas ainda rosnam e fazem um som visceral, o que nos mostra que a essência da banda permanece intacta. Além de Donita Sparks, a formação clássica com Suzi Gardner, Jennifer Finch e Dee Plakas preenchem todo o álbum, faixa por faixa, sempre nos dando a sensação familiar da atitude agressiva que sempre caracterizou a identidade da L7 .

Por falar nas músicas vamos comentar algumas delas. Comecemos por Burn Baby, que nos remete ao hit de maior sucesso da banda Pretend We’re Dead. Já a faixa Fighting the Crave gera uma atmosfera sensual e bem delimitada. Proto Prototype e Stadium West são explosivas e divertidas, nos remetendo aos movimentos bem sincronizados de cabeças subindo e descendo, num balanço ritualístico fomentado pelas músicas. Mesmo nas faixas menos vibrantes, a banda mantém o groove e a energia intensa, fazendo uma parada rápida na atmosfera densa de um boteco copo sujo de onde certamente poderia estar saindo a música Murky Water Cafe, Ouija Board Lies ou mesmo Uppin ‘the Ice.

Considerando o hiato temporal entre Slap-Happy e , estamos diante de um trabalho que honra o legado da banda e agrada sua legião de fãs. Não que este último seja de extrema importância, porém, não deixa de ser um ponto positivo do retorno desse quarteto que incendiou o cenário musical dos anos noventa, causando espanto às bandas masculinas daquele período.

Scatter the Rats, ouso afirmar, talvez com alguma apreensão, pode ser considerado o álbum melhor acabado, inspirador e cativante da L7 desde o clássico Bricks Are Heavy de 1992. Claro, devem ser guardadas as devidas proporções de uma e outra obra, pois, mesmo que esteja longe de ser tão feroz quanto fora a banda em seu auge, Scatter the Rats deve ser considerado uma volta épica, recheada de estranhas sensações e lembranças familiares.

Passaram-se vinte anos e as L7 amadureceram brilhantemente, sem perder a pegada estridente, barulhenta, seguem fazendo uma sonoridade sem concessões, que nos leva a encarar com admiração seu retorno às atividades. Mesmo que este retorno seja apenas temporário.

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