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“Salvador Tá Quente Pra Caralho” A cena do rap BA, em 5 super clipes!

“Salvador Tá Quente Pra Caralho” A cena do rap BA em 5 super clipes: Versu2, Underismo, Fúria Consciente, Aurea Semiséria e Seven Room, leia

As imagens utilizadas na capa e no interior da matéria foram retiradas do facebook do grande LVC. 

O alto nível da cena do Rap BA, no interior ou na capital é algo que faz algum tempo já deveria ter alcançado o devido reconhecimento em todo o país. Uma série de fatores interferem para que isso não aconteça e a grande parte dessa fatia é repartida entre mídia e artistas. Se por um lado, possúimos uma mídia especializada de rap que se faz com muito suor e quase nenhum retorno, por outro em pleno século XXI artistas acreditam que link no inbox divulgará seu trabalho.

Tirando os sites de fofoca do rap, a grande parte da produção de conteúdo nos sites é feito por jornalistas que utilizam suas horas de descanso – dos trabalhos oficiais – para produzir. Há sem sombra de dúvidas, um olhar enviesado por parte da maioria dos portais, centralizando-se em São Paulo e no Rio, a falta de tempo para pesquisar aliada a um olhar viciado, produz invisibilidade. As produções por excelentes que sejam não encontram a visibilidade necessária, salvo raras exceções.

Os artistas por sua vez, não se comunicam devidamente com os portais sérios que estão abertos ao que vem daqui do nordeste. A ausência de assessoria de imprensa, releases, fotos, um email bem mandado, encerra a possibilidade de que fure-se um certo bloqueio ao que é produzido em nossa cidade. Nessa matéria aqui, não é bem o caso, mas de modo geral, há um certo desconhecimento do que mandar e para onde mandar! Algo no qual estamos trabalhando, para estreitar os laços e escurecer quem da mídia do eixo, tem real compromisso com o rap nacional.

Aqui selecionamos uma mostra – mais uma – do altíssimo nível do que o rap baiano faz sempre. Se você não conhece o Rap BA, aqui você poderá ver a força que o hip hop feito na Bahia possui, em pelo menos três gerações dos mais antigos e super atuais, aos mais novos e extremamento contemporâneos. Da quase pra dizer que estamos diante de uma micro história do rap feito na Bahia!

 

Fúria Consciente

Pan Africanismo Hip Hop, o Fúria Consciente é um dos grupos – senão o – mais antigo em atividade atualmente no cenário. E quando falamos em atividade, aqui é de verdade, a rapaziada segue mantendo viva a chama dos 5 elementos, e acirrando cada vez mais a mensagem de luta e união do nosso povo em Diáspora.

Os coroa seguem envelhecendo como bons vinhos,Yogi Nkrumah, Duendy primeiro e Din MC, Dj Ivan ( Dj do Fúria), apresentam o primeiro single para o seu terceiro trabalho, logo menos na pista: o EP ” Saga Panafricanista Prossegue”. A faixa Blackout é uma pedrada a mais na carreira desses combatentes do bairro de Itinga, município de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. A produção da faixa ficou a cargo de Peter DJ Doc B e o excelente video clipe com direção de Gustavo Busson é uma produção da Piensante Produtora.

No audiovisual podemos ver os 5 elementos do hip hop em ação, e uma questão que se coloca hoje mais do que nunca, quando presenciamos o projeto genocida do estado brasileiro multi partidario numa escalada assustadora: “Você vai ter que decidir, se vai ficar para lutar ou se prostituir”

Versu2

Outra das lendas que felizmente permanecem vivas no cenário do RAP BA, a Versu2 além de ter marcado época, segue elevando o nível das produções locais e nacionais, e se encontra atualmente cozinhando um disco com previsão de lançamento para 2020. Como falávamos antes, os caras marcaram época com o excelente Apresento Meus Amigos (2011), dando um passo a frente no rap underground de expressão plenamente soteropolitana. De lá pra cá, passagens em palcos ao longo do Brasil, seguiram-se outros importantes capítulos dessa caminhada, como o excelente documentário dirigido por Fabiano Passos, Início, Meio, Início.

O ano de 2019 tem sido um ano de preparação, estudo e produção para os caras que já tinham soltado o projeto Cápsula Vol. 1 e 2, e alguns singles inclusive em audio visual. Oloboom vem com um videoclipe que está totalmente carregado com os signos que denotam alguns dos episódios do genocidio negro em andamento, e ao mesmo tempo com os signos que podem potencializar a luta contra o estado racista brasileiro.

Uma das produções nacionais mais bem pensadas e executadas nesse ano de 2019 no audiovisual, a direção de Dario Vetere é um show. Mobbiu e Cosca apresetam as costumeiras linhas sujas e combativas, que é a marca do grupo, assim como Raffa Munhoz coloca na produção as referências musicais ancoradas no dialogo com as produções da Roma Negra, a “trama dos tambores”. Assistam essa lindeza!

Aurea Semiseria

Como em todos os cenários, ser mulher é foda, invisibilização e dificuldades mil impedem a permanência e desenvolvimento das minas no Rap nacional. Salvador não se diferencia nesse aspecto, e Aurea Semiseria resisti e persisti muito bem. Uma das vozes de renovação no rap local, ficamos extremamente felizes de acompanhar essa mana desde seu surgimento público com produções, sempre transitando no underground e ao mesmo tempo levantando pautas até então novas no cenário local.

A mana vem numa correria bonita, e produzindo alguns hits locais como a recente TUDUDUDU, prod 2Kike, onde a mana investi muito bem na estética do trap. Antes disso, a artista vinha de participações e cyphers, e tinha soltado o excelente EP Roxo GG

Atualmente, a mc de Cajazeiras faz parte da Balostrada Records, e soltou esse audiovisual captando a atmosfera de uma boa parte da juventude negra de Salvador. Filmado no Rio Vermelho (um dos pontos de encontro da cidade) e no estúdio da Balostrada, Aurea segue lutando por liberdade, reconhecimento e justiça,  e agora absorvendo outras linguagens. A produção da faixa ficou por conta de ÒWE e a direção do clipe por Rei Lacoste & Ifé.

Underismo

Um coletivo que tem balançado a cena de Salvador e que aos poucos começa a receber o reconhecimento fora do estado, o Underismo, como reunião de jovens negros muito talentosos, com um compromisso profisional inconteste e muito foco, é uma aula. Com pouco mais de dois anos de caminhada, os caras soltaram um EP Re$iduos (2018) que sacudiu a cena e colocou e já de saída firmou o nome deles no cenário. Depois soltaram uma Demotape (2018) no Natal, e há relatos de ceias natalinas ao longo do país que viraram verdadeiros Bailes da Under.

O Baile da Under, festa organizada pelos caras, se tornou uma plataforma de alegria, diversão, música e pensamento crítico. Em uma das suas edições, que ocorreu esse ano no Teatro Solar Boa Vista, os caras apresentaram um show conceitual que poucas vezes foi vista na cidade. Essa apresentação foi filmada por seis cameras e aguardamos ansiosos pela sua vinda a público. Esse ano, vieram com a collab pesada Preto Chave (prod. Mimoso), e soltam agora esse single duplo em audiosivual Peças/Drift (prod. Mimoso), simplesmente fantástico.

O grande Bruno Zambelli, responsável pelo roteiro/direção, produziu uma visão perfeita do que são esses manos, estética das ruas, irreverência, lírica suja e muita idéia agravante, tudo com um sabor muito novo. “Tipo nosssos preto na madrugada”

Seven Room 

Façam um favor a vocês mesmos e entrem no canal da RCA Co., esse selo, encubadora artística, central de produção, usina de hits, chame como quiser, tem um ano e meio – mais ou menos – de existência. E nesse período curto de trampo, a produtora cozinhou uma infinidade de hits, são três mixtapes, vários clipes e singles.

O Seven Room é um dos grupos que fazem parte do selo, e lançaram uma boa mixtape recentemente. Seguindo o trampo da mixtape de estreia Singapura Mixtape, chegou nas plataformas digitais o CrackLab Vol. 1 (2019). formado por EDE, Fiae$, Jamal e Gangsta os caras vem desenvolvendo um estilo próprio caminhando nos boombap, no trap, e buscando misturas sonoras, com o Trap Pagodão ou com influências do forró.

É desse último trampo que os caras sacaram o excelente trap Cebandidé (prod. Goblin), que recebeu um clipe muito massa na OnTheLine Studio, com roteiro de roteiro e direção de Erik Lima. Está aqui um galera que pode representar muito bem a renovação constante que existe no rap baiano. Fiquem de olho! 

 

 

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