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Ronei Jorge não anda mais com Ladrões de Bicicletas

Ronei Jorge mandou avisar que tem disco novo vindo por aí. Já tem nome, Irmã, e vai sair no dia D na hora H até abril. 

Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta esteve entre as bandas mais badaladas de Salvador na primeira década dos anos 2000. Frequentemente os caras se apresentavam nas casas de show soteropolitanas e atraiam um público considerável. Essa afirmação vem das lembranças que tenho daquele período. Sempre alguém na faculdade comentava sobre a banda e nos roles noturnos era comum alguém falar de que ia rolar show dos caras e vinha logo a sugestão de colar nos shows.

Ao lado dos Ladrões de Bicicleta lançou dois álbuns. O homônimo lançado em 2005 e Frascos, Comprimidos, Compressas de 2009. Bons álbuns que detém suas particularidades e revelam mudanças tênues em termos de sonoridade entre um e outro, apontando para uma aproximação cada vez maior de Ronei com as sonoridades intimas da música popular brasileira. Ambas as obras garantiram à banda uma projeção nacional em meio à cena independente. 

Esse movimento em direção à música popular levou a um mergulho profundo na mesma, que podemos ver no excelente álbum Entrevista, lançado em 2018. Neste álbum vemos Ronei explorar de forma mais livre e madura o repertório musical adquirido ao longo de décadas imerso na música. Chamou minha atenção e motivou ouvir o álbum até o final o uso dos vocais femininos de apoio. 

Destaque para a presença fundamental das cantoras Aline Falcão, Carla Suzart e Joana Queiroz. Ao trazê-las para o álbum e torná-las parte integrante da sonoridade de Entrevista, Ronei Jorge resgata um recurso estético que marcou a sonoridade da MPB nos anos 70.

Assim, o anúncio do lançamento de outro álbum de inéditas do Ronei Jorge despertou a expectativa de ouvir a próxima etapa da sua caminhada explorando suas possibilidades enquanto compositor em busca de novas concretizações. Irmã é fruto dos tempos sombrios que vivemos.

O processo de composição se deu a partir da experiência compartilhada simultaneamente em todo mundo de conviver com um vírus mortal, exigindo isolamento social, gerando paranoia, ansiedade, medos, delírios coletivos, genocídio institucionalizado pelo governo Bolsonaro, caos social, mortes, sequelas físicas e mentais. O segundo álbum de Ronei Jorge, portanto, deixa-nos curiosos para ter compartilhado conosco em forma de música, a experiência do compositor em meio às limitações e desafios impostos pela pandemia do Covid 19.

Compartilhar com outras pessoas as experiências vividas com as restrições sociais impostas pelos cuidados exigidos para evitar o contágio do vírus, tem sido terapêutico. Irmã ganha essa dimensão, na medida que foi composto e gravado durante a pandemia.  De antemão, sabemos que acompanharam a trajetória do compositor ao longo do processo de criação de Irmã, as compositoras e produtoras baianas Lívia Nery e Andrea Martins. Ambas assinam a produção musical do álbum.

O trecho abaixo do material de divulgação que recebemos em nossa caixa de e-mail revela pra gente um pouco da natureza sonora de Irmã:

Partindo da canção brasileira e de sua riqueza harmônica e melódica – característica marcante da obra de Ronei –, este novo disco incorpora camadas eletrônicas, que, com sutileza, chegam a serviço da música, da letra e da voz, abraçando a instrumentação orgânica de violões, guitarra, baixo e vocais. Assim, “Irmã” traz elementos novos para a sua carreira: “Imagino que vá ser o meu disco mais pop, no sentido clássico da palavra”, adianta Ronei. 

E aí, você ficou na pilha de ouvir o novo álbum do Ronei Jorge? Só tem uma coisa a fazer, ficar ligado nas redes sociais do cara, pois a promessa é que seja lançado até abril. Se ligue aqui no Oganpazan também, pois certamente iremos resenhar Irmã. 

Irmã tem produção executiva da Tropicasa Produções e recebeu apoio financeiro do governo do Estado da Bahia por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) através da Lei Aldir Blanc.

Enquanto esperamos o lançamento de Irmã vamos ouvindo Entrevista (2018), garanto que só vai aumentar sua vontade de ouvir o próximo álbum de Ronei Jorge. 

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