Um ícone se estabelece pela grandeza dos fatos. Pela força de seus atos em conjunto ou pela eloquência de grandes momentos isolados. Não existe fórmula para ser eterno, mas independentemente de Robert Plant ser um dos hiperlink’s para o Led Zeppelin, seus (hoje) brancos cachos, ainda ostentam as grandezas de outrora e o fazem com o requinte de sua carreira solo.
Plant é um dos grandes exemplos para se entender como é possível se desapegar de um mito. É óbvio que ele sempre vai dar uma canja de Led nos show’s, mas ele definitivamente deve se orgulhar pelo fato de ter conseguido viver por sua própria conta em risco após o fim de uma era. Ele teve vida pós Zeppelin, conseguiu sobreviver mesmo após a colisão mortal com o dirigível visionário.
Mas como foi a vida do deus dourado antes dele se consagrar? Como foi seu caminho até planar com a mesma grandeza de Ícaro frente aos raios solares? Tudo, absolutamente tudo de relevante que aconteceu em sua vida é citado em ”Robert Plant: uma vida”. Relato de Paul Rees sobre o poeta Hippie e sua saga antes do estrelato, durante e após o mesmo.
Com um belo tato para narrar os fatos, Paul Rees consegue fugir de óbvio com uma bela dose de literatura. A maneira como o escriba nos mostra a história sendo feita é belíssima, a fluência de suas palavras é sublime e a leitura do livro é bastante leve, direta e informativa.
Eis mais um bom trabalho da Leya para a malha de livros sonoros. São 320 páginas de uma senhora cronologia. Começando nas Midlands, evoluindo para os bailes, discos do Elvis e os longos cabelos que, assim como sua voz, influenciaram, influenciam e influenciarão dezenas de milhares de pessoas.
O crescimento foi rápido, com menos de 25 anos o vocalista estava no topo, mas é interessante sacar os detalhes do início. A pressão no colégio, dos pais do letrista e sua própria vontade voraz de explodir para o mundo da música, poder sair de sua cidade natal e ganhar o mundo.
É como Morrison eternizou em When The Musiv’s Over:
”Nós queremos o mundo e queremos agora”
Jim Morrison
Foi com a mesma fibra desta letra que Robert buscou todo este colosso que conquistou. Foi inspirado em nomes como o de Steve Winwood (multi instrumentista habilidoso que conquistou fama aos 16 anos no Spencer Davis Group), que a voz de uma geração foi atrás de seu sonho.
Daí pra frente temos um bom panorama sobre o Led, desde o começo de tudo, passando pelo auge e atingindo sua respectiva queda. Uma vertiginosa queda, diga-se de passagem.
No fim da vida do grupo parecia que todos estavam envolvidos por um magnetismo amaldiçoado. A banda era enorme, sair dela era um desafio, mas depois de tantos acidentes, a perda de um filho e de um grande companheiro de banda, o encouraçado sofreu com o dilúvio. E é neste ponto que entra o gene artistico de um cidadão diferenciado. Foi jutando os cacos que Plant recomeçou e hoje está aí, negando reuniões com a banda que lhe deu tudo.
Quem lê essa última frase pode até pensar que o cara é um mal-agradecido, mas acredite, Robert Anthony Plant teve motivos para fazer o que fez e os mesmos estão aqui, claros e lúcidos como a letra de ”All My Love”.