O Verme Vencedor e o seu EP Além de Si Mesmo (2020), o primeiro lançamento da banda paulista nos deixa com um gostinho de quero mais .
O Verme Vencedor é uma banda de Carapicuíba, interior de São Paulo, formada em 2015. No final de 2020 eles lançaram seu primeiro material, o EP Além de Si Mesmo.
A banda faz um som na linha do hardcore melódico e são bem competentes naquilo que se propuseram a fazer. Conheci a banda recentemente, através do podcast Madpizza e já na primeira audição meus olhos brilharam, fui atrás do disco dos caras e não me arrependi.
O EP é aberto com a faixa “Escafandro”, que já demonstra muito desse hardcore melódico que é feito pelos caras, que é mesclado com vozes mais agressivas e não tão melódicas. Particularmente adoro quando o vocal tem essas variações, consigo sentir a emoção da banda, é como se o vocal estivesse gritando para ser ouvido por quem ouve. Efetivamente “Gritos em silêncio não vai ajudar”, e por isso O Verme Vencedor grita aos sete ventos.
“Autocentrismo” é a faixa mais curtinha desse EP de seis músicas. Ela fala um pouco sobre nostalgia e o sentimento de todos nós que ainda estamos inseridos dentro da cena hardcore, “o bloco foi e eu fiquei”. E é isso mesmo, os anos se passam e sempre lembramos daquelas pessoas que se foram, por diversos motivos e analisamos porque ainda estamos aqui.
Em uma excelente linha cronológica, “Devotado em me esquecer” parece complementar a faixa anterior. Isso porque, muitas vezes a pessoa que aparece nas velhas fotografias parece que está devotada em esquecer todos os momentos bons de convivência, passa uma borracha em tudo aquilo que viveu dentro da cena hardcore, é triste mas nesse momento percebemos que ”Não existem laços, não há amor”, que aquilo para aquela pessoa foi uma fase irrelevante, uma pena para ela.
A faixa 04, “Xadrez na Garagem”, foi a música que me apresentou ao Verme Vencedor. É uma música que lhe pega de um jeito maravilindo, seguindo a mesma temática das músicas anteriores e tem uma variação que rola uma quebra na música, uma caída para uma linha mais pesada. Confesso que preferia se a música fosse toda na linha do hardcore melódico, tal qual começa. Voltando para o tema da música, creio que para pessoas de meia idade, como eu, esse tipo de música faça mais sentido, pois ouvir que “O tempo não perdoa, a vida nos arrasta, Objetivos não são iguais” cria de pronto uma identificação.
“Além de si mesmo” é a faixa que dá nome ao EP, nela é tecida uma crítica para pessoas intransigentes, mimadas e que tem uma verdade absoluta, aquele tipo de pessoa que não abre espaço para o diálogo e para observar os mais variados pontos de vista. É também uma das faixas mais pesadas do disco.
O disco é finalizado com “Explosão de Ego”, que também parece ser uma sequência da faixa anterior. Assim como boa parte das músicas do disco, mescla agressividade e melodia, com aqueles riffs característicos do hardcore melódico. Eu costumo dizer que se ficou com gosto de quero mais é porque o bagulho é bom, e ao terminar esse EP do Verme Vencedor pensei, mas já? Então o bagulho é de qualidade mesmo!
É possível identificar através desse disco do Verme Vencedor algumas boas influências, então se você curte bandas como Againe, Dag Nasty e Fullheart você vai adorar isso aqui.
Além do mais, somos todos uns vermes vencedores! Chupa sociedade!
Ouçam o EP “Além de si mesmo”:
-Review: O Verme Vencedor – EP “Além de si mesmo”
Por Dudu