Oganpazan
Destaque, Música

Rataria Popular Brasileira Manifesto Indicação

Rataria Popular Brasileira Manifesto Indicação, é uma matéria sobre o que nós sempre queremos: ouvir o máximo possível, todo lugar do Braza!

Primeiro a questão que se coloca é que existe um cistema que não é o hip hop, que absorve o rap, seleciona alguns nomes e os consagra. Não se trata de negar a qualidade dos selecionados, mas a máquina e os seus operadores, apesar da ignorância de alguns desses sobre o todo da produção ser explicitamente evidente. Por outro lado aposta-se na preguiça, na ignorância e ou na conivência de quem participa de algum modo da cultura, público e produtores. Sabemos que são brancos os que dominam o cistema, e que do alto do seu racismo, misogia, LGBTQI+fobia, com algumas pinceladas de compaixão, eles deixam alguns acessarem, não sem antes promover aquela falsa concorrência para dar alguma aparência de legitimidade às suas escolhas. 

O problema nunca serão as listas de preferências, aí de saída já sabemos se tratar do gosto de quem as elabora, e de mais a mais, elas servem muitas vezes para levar o público sem tempo de pesquisar a conhecer novos artistas. A questão que nos toca, são as listas de melhores do ano, aí a coisa muda de figura. O cinismo, muitas vezes quer jogar areia nos olhos de quem não sabe que essas funcionam como peneira para shows e festivais, como seleção para os próximos festivais, e temos nesse processo escroto, a construção de um gosto médio geralmente sem critérios estéticos claros, e que de modo subreptício trabalham um cânone.   

No Oganpazan não possuímos a síndrome de  Willard Stiles, não escolheremos um, ou alguns poucos em detrimento do coletivo, sobretudo não buscaremos envenenar os outros ratos em favor do (s) escolhido(s). Antes preferiremos fazer proliferar o conjunto, pois estamos sempre na missão de pensar o todo, não a parte, sem perder de vista as singularidades e as particularidades dos artistas. A individualização/seleção é entre outras coisas uma forma de estacionar o movimento, qualquer que seja o movimento, estamos a favor da rataria sempre, da ninhada, do bando e não de líderes carismáticos.

Desse modo, que fique bem escuro que no nosso sítio o que nos interessa é o devir, é a real pluralidade de ideias e sons, de concepções e de manifestações que atravessam gêneros para chegar na música. Essa é a explicação primordial de não sermos um site hip hop, punk, samba ou jazz, somos tudo isso, porque queremos pensar tudo isso, porque talvez vamos devir tudo isso, devir música um dia – quem sabe? O afeto é o nosso guia e nada nos faltará. Caminhamos pela cidade de fones sempre a espreita dos bons encontros e do fortalecimento de nossa potência de agir, e buscamos encontrar aliados. O que nos interessa é a música, repetimos mais uma vez. Temos nos debruçado bastante, assim como a indústria cultural de modo geral, no rap, porém visualizamos este como parte da cultura hip-hop, e por esse motivo aqui nos manifestamos sobre esse segmento musical. 

No entanto, possuímos como muitos outros veículos de mídia independentes, dificuldade de produzir, e muitas vezes escutamos mas não temos tempo de escrever sobre uma imensa quantidade de trabalhos exemplares. Sendo assim, selecionamos aqui alguns álbuns, EP’s e mixtapes do rap nacional lançados em 2019 que nos parecem realmente dar asas a quem escuta. Perceba, aqui não tem ranking, não acreditamos em rankings. Topo e margem, para nós são produtos do capitalismo. Acreditamos no plano, no acesso: AH GENTE AINDAH EHSZ DESSEH TEMPOH IRMÃOH, IRMÃH. O melhor é você não precisar votar, nem criar falsas diferenças entre classes de artistas. Você precisa é escutar, ir aos chows, ler, compartilhar, pensar, sentir, pois quando estamos alegres e felizes não nos preocupamos com a mensuração. 

Entre o mainstream e a margem nos colocamos como meio, a passagem pelas fronteiras, para embaralhar tudo e desfazer esse jogo de cartas marcadas que o mercado e a indústria cultural adoram. Quem está no eixo sudestino muitas vezes lucra com essa divisão, apoia ela, justifica ela com o pseudo argumento de que: “sempre vão haver discordância com as listas, sempre foi assim”. Ora, por esse pseudo argumento, vamos todos sentar e ficar vendo o desfile das mesmas caras, com uma cota disfarçada aqui e outra ali. Quem é do norte, do nordeste e do sul no rap, sabe que somos tratados como lixo, não existe porta aberta alguma. As mulhers e os LGBTSQI+ sabem que isso é verdade também, mesmo estando no estando no eixo.

Não vamos reificar nada, buscamos interlocutores, aliados e conexões, não estamos interessados em nos transformarmos em curadores de festival que possuem um poderzinho significante e acreditam piamente nas mentiras e critérios que utilizam. O que nos parece o papel do Oganpazan é o devir mídia como meio, não como legitimadores de outros tantos podres poderes.

Outrora, na Bahia marginal cantava a Cebola Elétrica :

“A mídia é uma comédia, ou você faz a média, ou ela te comedia!” 

Somos a favor do compartilhamento de tudo, mas nesse caso de mais mp3 e menos spotify, mais divulgação e menos eleição, com todo respeito aos envolvidos. Fodam-se as listas e esses joguinhos infantis de fã clube, de operadores da bolsa de valores cultural disfarçados de juri (pouco racional, diga-se de passagem). Isso é uma pálida sombra do que pode ser a democracia. Não defendemos aqui síndrome de underground, mas sim uma busca pelo horizontal que é sempre mais gostoso, é uma decisão de não formar uma imagem do pensamento, mas um pensamento sem imagem.

O capitalismo está aí em colapso, como diz o mano Matéria Prima, o apocalipse se aproxima. Enquanto os brancos de esquerda, os tilelês apostam na gratidão e reafirmam a competição, tem preto e preta apostando o dinheiro do pão, realizando trabalhos execelentes e cada vez mais excluídos. 

O Oganpazan quer ser mais um espaço onde o lema seja: “TAH SAUDAVELH, MUROH BAIXOH E ACESSOH FÁCILH”. É sempre isso né, criar espaço e liberar o acesso. Pois bem, aqui é produção de platores intensos e espaços lisos, por onde a ninhada possa correr e brincar de kéké. A corrida de ratos (Rat Race) só acontece quando os ratos não se juntam para devorar o gato, ou devorar os Willard da mídia, das produção, dos festivais.

Ps: Aqui uma pequena amostra do grosso que recebemos ou pesquisamos, com produções muito bem feitas em diversos estilos! Antes de você compor sua lista, vocês ouviram esses trabalhos? Vai reafirmar seu gosto? Então, se gostou e quiser conhecer mais dos artistas, pesquise!

 

Puro Suco

Nikito

Iza Sabino

Alra Alves

Vilão General 

Alinega

Xarope Mc

Alchemistas

Nochica

Teoria do Caos

 

Lheo Zhotto

Morenna 

Eldo Boss

Helen Nzinga 

Pedro Wester

Matérias Relacionadas

Fúria Consciente O Flow Panafricanista

admin
8 anos ago

Tsunami, uma aula de experimentalismo nessa terra desgraçada.

Dudu
3 anos ago

Amar é Para os Fortes – Marcelo D2

Danilo
6 anos ago
Sair da versão mobile