Jazz Sabbath e Kind of Black, amostras distintas de que o som do Black Sabbath pode ganhar ainda mais sabor.
Os envolvidos neste projeto lançaram um mini documentário fake pra dar algum ar de legitimidade a essa brincadeira, que nada mais é que uma forma de promover o álbum. O documentário fake recebeu o nome de Jazz Sabbath – Dcumentary e foi disponibilizado no canal do projeto no youtube. Prestaram-se ao papel de participar dessa armação nomes como Marky Ramone, Neil Murray (Whitesnake), Mike Bordin (Faith No More), Jordam Rudess (Dream Theater) e Ben Thatcher (Royal Blood) .
Na cara dura Adam Wakeman criou a história que reproduzimos abaixo, trata-se do depoimento de seu alter ego falastrão chamado Milton Keanes. Tiramos o relato do TMDQA.
“Formado em 1968, o Jazz Sabbath era considerado por muitos a vanguarda do novo movimento jazz que saía da Inglaterra naquela época. O aguardado álbum de estreia, previsto para ser lançado na sexta-feira dia 13 de Fevereiro de 1970, estava destinado a nunca ser lançado. Até agora.
O álbum foi cancelado quando surgiu a notícia de que o membro fundador e pianista Milton Keanes foi hospitalizado com um ataque cardíaco massivo que o deixou lutando por sua vida. A gravadora decidiu engavetar o álbum e cancelar o lançamento programado por compaixão e devido à incerteza financeira de lançar um álbum de estreia de uma banda sem seu líder musical.
Quando Milton foi finalmente liberado do hospital em Setembro de 1970, ele descobriu que uma banda de Birmingham, convenientemente chamada ‘Black Sabbath’, havia então lançado dois álbuns com versões metal do que ele afirma serem as suas músicas.
Milton tentou contactar sua gravadora, Rusty Bedsprings Records, apenas para descobrir que ela não existia mais e o dono da gravadora estava na cadeia. Todos os álbuns do Jazz Sabbath haviam sido destruídos quando o estoque pegou fogo em Junho de 1970; o que foi provado ser um caso de fraude de seguro pelo dono da gravadora, deixando apenas algumas gravações amadoras das performances ao vivo do Jazz Sabbath entre 1968 e 1969 como prova de existência.
As gravações originais do álbum teriam sido perdidas no incêndio, mas na verdade foram colocadas no lugar errado e acumulavam poeira nos cofres do porão do estúdio de gravação por muitos anos, destinadas a nunca ver a luz do dia.
Ao final de 2019, quase 50 anos depois, o homem que comprou o prédio onde o estúdio de gravação estava localizado (para transformá-lo em um pet shop vegano) encontrou as fitas das gravações originais, que continham as gravações originais da sessões de 1969 e as lâminas que continham a capa original do álbum.
Essas fitas foram agora remixadas e serão finalmente ouvidas. O álbum irá provar que a banda de heavy metal adorada por milhões ao redor do mundo não é nada mais do que um bando de charlatões musicais, roubando a música de um gênio hospitalizado e de cama”.
Uma coisa é certa, temos nesse relato um argumento pra ser desenvolvido e se tornar uma ficção sobre o Black Sabbath. Agora, cientes da trama, deem uma conferida nessa pérola da enganação.
Porém, havia algo de legítimo ali, a intenção de alguém em lançar um álbum com versões jazzísticas de clássicos do Black Sabbath. Adam Wakeman, filho da lenda Rick Wakeman, um dos maiores tecladistas do rock, está a frente deste projeto e assume as teclas e arranjos das músicas. Adam escolheu o formato clássico de trio, usando a sessão rítmica e vez por outra chamando a guitarra como nas músicas Fairies Wear Boots, Hand of Doom e um sax soprano como acontece na faixa que encerra o álbum, Children Of The Grave.
Nesse sentido a ideia foi dar uma sonoridade clara e brilhante a estas músicas cujo DNA é sombrio. O trio desenvolve as músicas por arranjos dinâmicos, andamentos mais rápidos, imprimindo às músicas uma mobilidade, principalmente articulada pelas linhas de baixo em constante desenvolvimento. Adam mostra habilidade nos improvisos, sempre criativos, distintos uns dos outros, explorando de forma bastante contundente os arranjos usados para as melodias principais de cada música, que são transformadas em verdadeiros standards de jazz.
The Casualties of Jazz, os verdadeiros precursores do Black Sabbath no mundo do jazz?
Vejam bem, a intenção não é diminuir a importância de Adam Wakeman como músico, sua carreira é bem estabelecida, o cara é um puta músico, em muitos sentidos, contudo não podemos negar que o sobrenome e os contatos que um músico da estirpe dele possui, faz com que tenha a vida facilitada em termos de divulgação quando lança algum trampo novo.
Kind of Black, nome que faz referência ao clássico álbum de Miles Davis, Kind of Blue, traz 9 faixas, duas a mais que Jazz Sabbath. Há duas músicas que estão em ambos os registros, Fairies Wear Boots e Iron Man, ambas do clássico álbum do Sabbath, Paranoid de 1970.
São duas propostas sonoras distintas. Enquanto Jazz Sabbath enfatiza a sonoridade mais clássica do jazz, Kind of Black segue por caminhos mais funkeados, mais próximos a uma sonoridade que ganhou força ao longo dos anos 70. Isso fica ainda mais evidente devido ao uso do órgão Hamond B3, instrumento que marcou o jazz de vertente funk, soul, r&b, que teve grandes nomes como Lonnie Smith, Jimmy McGriff e Jack McDuff.
Jazz Sabbath tem mais expressividade, mais recursos, o que torna sua audição uma experiência mais completa. Porém Kind of Black cativa pela acentuação grooveira, portanto tem seu lugar e segue por contornos mais swingados. Ouçam ambos os álbuns e tirem suas conclusões sobre essa ideia de transformar músicas de clássicos do metal em standards do jazz. Sem dúvida fomos brindados com duas pérolas jazzisticas cheia de boas surpresas e sentimentos extravagantes.
The Casualities of Jazz são:
Jimmy Paxson– Bateria
Matt Rohde – Órgão
Chris Golden – Baixo
Facebook da banda: The Casualties of Jazz